Firme como Daniel

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Porque o Senhor Jeová me ajuda, pelo que me não confundo; por isso, pus o rosto como um seixo e sei que não serei confundido. Isaías 50:7.

Os jovens têm um exemplo em Daniel, e se forem fiéis ao princípio e ao dever, serão instruídos como foi Daniel. Segundo a sabedoria do mundo considerava a questão, ele e seus três companheiros tiveram a seu favor todas as vantagens. Mas aqui devia apresentar-se sua primeira prova. Seus princípios colidiam com os regulamentos e disposições do rei. Deviam comer o alimento que se punha na mesa do rei, e beber do seu vinho. … Depois de cuidadosa consideração de causa e efeito, “Daniel assentou no seu coração não se contaminar com a porção do manjar do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto, pediu ao chefe dos eunucos que lhe concedesse não se contaminar”. Daniel 1:8.

Esse pedido, não o fez Daniel num espírito de desafio, mas solicitou-o como grande favor. … Daniel e seus companheiros eram corteses, bondosos, respeitosos, possuindo a graça da mansidão e modéstia. E agora que foram levados a prova, colocaram-se completamente do lado da justiça e da verdade. Não agiram caprichosamente, mas com inteligência. Resolveram que, como os alimentos cárneos não haviam feito parte de seu regime antes, tampouco deveriam introduzir-se no futuro. E como o uso de vinho fora proibido a todos os que devessem empenhar-se no serviço de Deus, resolveram não participar dele.

Daniel e seus companheiros não sabiam quais seriam os resultados de sua decisão. Não sabiam se esta não lhes custaria a vida, mas resolveram manter-se no reto caminho da estrita temperança, mesmo na corte da licenciosa Babilônia. … O bom comportamento desses jovens alcançou-lhes o favor. Depuseram seu caso nas mãos de Deus, seguindo uma disciplina de abnegação e temperança em todas as coisas. E o Senhor cooperou com Daniel e seus companheiros.

Esses pormenores foram registrados na história dos filhos de Israel como advertência a todos os jovens, para que evitassem toda a aproximação aos costumes e práticas e condescendências que de qualquer modo desonrassem a Deus.

Ellen G. White, Nos Lugares Celestiais, pág. 267.

(fonte:Setimo Dia)

O mês das tragédias

 

 

O mês de maio nem acabou e já podemos chamá-lo de o mês das tragédias. Na semana passada, o mundo ficou estarrecido com a informação de que a passagem do ciclone tropical Nargis por Mianmar levou a à morte mais de 22 mil pessoas (outras 41 estão desaparecidas). Com notícias sobre as dificuldades de atender aos desabrigados ainda chegando, outra catástrofe explode nos meios de comunicação, desta vez na China. Um terremoto de 7,8 graus na escala Richter abalou o país nesta segunda-feira, matando 8.533 pessoas. As autoridades estimam que 10 mil pessoas estejam feridas.

O epicentro do tremor foi localizado a 93 km ao noroeste de Chengdu, capital da província de Sichuan, na região central da China. Mas há relatos de que o tremor também foi sentido nas províncias de Gansu (noroeste), Yunnan (sul) e em Chongqing (sudoeste). O primeiro-ministro chinês, Wen Jibao, descreveu o potente terremoto que sacudiu o sudoeste do país como um “desastre”.

Na região autônoma de Beichuan Qiang, 80% dos prédios caíram ou racharam, informou a agência Xinhua. O tremor foi sentido até em Bangcoc, capital da Tailândia, que fica a cerca 3.300 quilômetros de distância. Lá, os prédios balançaram por vários minutos.

Um empregado de um jornal local de Mianyang disse que houve vários terremotos. A USGS, agência sismológica norte-americana, disse que houve um impacto posterior de magnitude 6 às 3h43 quase no mesmo local e outro às 4h34, de magnitude 5,4.

O aumento da freqüência dos desastres naturais se soma aos sinais apontados pela Bíblia como indicativos da volta de Jesus.

2300 tardes e manhãs ou 1150 sacrifícios?

 

O objetivo deste estudo é mostrar a correta interpretação para os 2300 dias e não 1150. “A frase traduzida por ‘dias’ significa um período de 24 horas. A frase em hebraico é ereb boqer, que significa literalmente: ‘tarde-manhã’. Esse mesmo conjunto de palavras é usado 22 vezes no Antigo Testamento hebraico. Quando a intenção é indicar um período de 24 horas, sempre aparece ‘tarde-manhã’ e nunca ‘manhã-tarde’… A relação entre Daniel 8 e 9 revela que os 2300 dias são anos e indica o ponto de início do período. A visão de Daniel 9 foi dada em 538 a.C., 13 anos depois da visão de Daniel 8 (551 a.C.). Gabriel disse a Daniel que ‘setenta semanas’ (‘setenta setes’, em hebraico), seriam cortadas dos 2.300 dias. Esses ‘setenta setes’ devem se referir a 490 anos, porque eles devem chegar até o tempo do Messias. Como 490 anos não podem ser tirados de 2.300 dias literais, esses dias devem ser símbolos proféticos de 2.300 anos.” Lição nº 4 Esc. Sab., 3º trim/96 p. 5, 24/7/96 “A teoria de Antíoco não teve origem cristã. Foi um pagão e inimigo do cristianismo chamado Porfírio, conhecido pela alcunha de ‘Sofista’ (que morreu no ano 304 d.C.) o inventor da teoria. Ele a forjou com o intuito de desacreditar o livro de Daniel, e tentar provar que aquele livro foi escrito depois de terem ocorrido os fatos apontados pela profecia.” Lourenço Gonzales A grande profecia de Daniel 8:14, a maior da Bíblia, tem sido especulada da maneira mais psicodélica possível. Vamos conhecer a verdade bíblica. TARDE E MANHÃ 7 dias não são 14 tardes manhãs, como dizem uns de outra linha interpretativa, quando afirmam ser 1150 dias, levando o leitor, não atento, à aceitar a teoria epifanista. Bem, que a criação de todas as coisas se deu em seis dias, nenhum de nós, cristãos, duvidamos. Que Deus descansou no Sábado e que o dia é composto de uma tarde e uma manhã, também é irrecusável, mas… entender que sete tardes e sete manhãs, são quatorze tardes e manhãs é descuido matemático. Se uma tarde e uma manhã perfazem um dia de 24 horas, como ensina a Bíblia, sete tardes e sete manhãs são claríssimamente 7 dias. Como quatorze tardes e quatorze manhãs são 14 dias. Da mesma forma vinte e oito tardes e vinte e oito manhãs são 28 dias. E assim sucessivamente. Um exemplo simples pode ser encontrado no dilúvio, “Quarenta Dias e Quarenta noites” (Gn 7:4, 12; Ex 24:18; 1Rs 19:8; Mt 4:2). Levando em consideração que falamos em mesmos termos ou equivalências, quanto tempo refere-se 40 dias e noites? Acaso foram 20 os dias do dilúvio? Foram 40 dias ou 80 tardes e manhãs? Ora, é evidente que são 40 dias completos (ciclos de 24 horas), compostos de 40 tardes e 40 manhãs. Uma tarde e uma manhã não podem ser duas tardes e duas manhãs. Será sempre um dia. Assim sendo, 2300 tardes e manhãs são 2300 dias literais, completos ciclos de 24 horas. Como se tratam de tempo profético, são então 2300 anos, porque no estudo da profecia um dia equivale a um ano. A Bíblia estabelece o dia-ano como “padrão para tempo profético”. Ex: “Cada dia representa um ano… Quarenta dias te dei, cada dia por um ano.” Nm 14: 34. Ez 4: 6. Diante da contundência do argumento bíblico, buscam-se uma saída dizendo que “tarde e manhã” siginifica holocaustos. O Pastor Adventista Arnaldo Christianini, de grata memória, nos dá, a respeito a seguinte luz: “Nas ocorrências de ‘tarde e manhã’ no 1º capítulo de Gênesis ainda não havia sequer a idéia de holocaustos, os quais só aparecem posteriormente no código levítico, e nenhuma relação se pode estabelecer entre tarde e manhã e holocausto, e muito menos tentar designar ‘tarde e manhã’ como unidade separada de um todo. É contra a verdade, a exegese, a lógica, o bom senso e a razão. “Sempre que a Bíblia se refere a holocaustos de um dia, ela os indica em ordem inversa, isto é, em vez de ‘tarde e manhã’, diz ‘holocausto da manhã e da tarde’, sempre incluindo nescessariamente a palavra ‘holocausto’. Vem sempre em primeiro lugar o holocausto da manhã, que era o mais importante, contínuo, e em segundo lugar o holocausto da tarde. Ex 29:39; Lv 6:20; Nm 28:4; 2Cr 2:4; 31:3. Ed 3:3; 2Cr 13:11. “O holocausto da manhã, como se disse, era o principal, contínuo e sua regularidade era absoluta (Nm 28:23; Lv 9:17; Am 4:4). Portanto é precaríssimo o argumento de que ‘tardes e manhãs’ signifiquem holocaustos. Não tem a menor base, mesmo porque os holocaustos também se realizavam em horas intermediárias.” – Revista Adventista, 4/73, pág. 7. Tais argumentos por si só bastariam para os que sinceramente buscam a perfeição em Cristo, porém daremos a palavra ao poderoso Jeová: Dn 8:26 – “A visão da tarde e da manhã… se refere a dias ainda muito distantes.” Se o criador diz “dias”, quem terá a coragem de dizer “holocaustos”? Quem contestará o Senhor? Que não sejamos nós, amados. A última etapa deste estudo é o cumprimento desta profecia. Graças a Deus já sabemos que se trata de dias, e não holocaustos. Que são 2300 dias e não 1150. Agora, quando isto se cumprirá? Daniel 8:17 – “…porque a visão se realizará no Fim do Tempo.” Daniel 8: 19 – “…porque ela (a visão) se exercerá no determinado Tempo do Fim.” O livro de Daniel, como é sabido, estava “selado” desde o sexto século a.C. (Dn 12:9). E se está selado, está mesmo. Somente seria aberto no Tempo do Fim (Dn 12:4,9), e não pode haver dois tempos do fim, o dos selêucidas (Antíoco Epifânio) e o nosso (século XX). Na época de Antíoco, o livro de Daniel estava no pergaminho, e “selado”, pois que, nesta ocasião não lhe deram especial atenção nem a ciência havia sido multiplicada, como são as características exigidas em Dn 12:4 e que ocorreriam matematicamente no Tempo do Fim. Querido irmão, se a Bíblia afirma que o período profético dos 2300 anos teria cumprimento no Tempo do Fim, como pois se pode ensinar tenha-se cumprido no tempo dos selêucidas (168/165 a.C.), não é? (Deste período seriam tirados 490 anos, lembra-se? Como se pode tirar 490 anos de 2.300 dias?). Pior será tirar de 1150 dias! Se se tomar o ano judaico de 360 dias, sem admitir que tivesse havido a inserção do 13º mês (o Ve-Adar) que destinava a acertar o tempo das estações e aproximar-se do ano solar, então teremos, de fato, apenas 1105 dias. Mas nunca 1150 que ‘seriam’ exigidos pela profecia dos epifanistas. Por outro lado, se se admite a inserção do 13º mês (como se fazia, de quando em quando, obrigatoriamente, nos calendários lunares, e o judaico o era), então teremos, quem sabe, 1120 ou 1130 dias. Se se tomam os meses lunares que somam o ano de 354 dias, então dará menos ainda… nunca dará 1150 dias. Sempre ficarão faltando dias. Sempre. – Revista Adventista 3/73, A.B. Christianini.

Estas, pois, são apenas algumas razões bíblicas, claras e evidentes. Com sinceridade não duvido que o “Tempo do Fim”, ou o “Determinado Tempo do Fim”, começou no século passado, quando se deram o cumprimento dos grandes sinais precursores da volta de Jesus (Jl 2:30, 31; Is 13:10; Am 8:9; Mt 24:6-8, 11, 24, 29; Lc 21:9-11, 25, 26), corroborado com o grande avanço tecnológico e científico. Dn 12:4. Não é por conseguinte, mais razoável, lógico e correto, aceitar que o cumprimento dos 2300 anos tenha sido em 1844, quando de fato, tal data está dentro do contexto do final de todas as coisas? A ciência, os meios de comunicação e os próprios povos, indicam-nos que estamos vivendo os “Tempos do Fim”.

Desvendando Daniel: na cova dos leões!

O capítulo anterior termina com a morte do rei Belsazar e a queda de Babilônia. O ouro dá lugar a um metal de menor valor. Levanta-se um poder que é representado na imagem de Daniel 2 pelo peito e braços de prata. Esse reino que suplanta o império da Babilônia é a Medo Pérsia. Ciro é citado na profecia como a vara na mão do Senhor para a punição de Babilônia. Ele tinha apenas 25 anos de idade quando conquistou o império. Seu tio, Dario, que tinha 62 anos, se tornou o primeiro governante.

Daniel 6:1: “Pareceu bem a Dario constituir sobre o reino a cento e vinte sátrapas, que estivessem por todo o reino;”

Daniel 6:2: “e sobre eles, três presidentes, dos quais Daniel era um, aos quais estes sátrapas dessem conta, para que o rei não sofresse dano.”

Daniel 6:3: “Então, o mesmo Daniel se distinguiu destes presidentes e sátrapas, porque nele havia um espírito excelente; e o rei pensava em estabelecê-lo sobre todo o reino.”

Dario reorganizou o governo na forma de república, fazendo dele o mais democrático de todos os reinos da Antiguidade. Cento e vinte sátrapas (governadores) eram subordinados a três presidentes, ou primeiros-ministros. Cada um desses presidentes, um dos quais era Daniel, tinha 40 príncipes a ele subordinados. O problema começou quando Dario fez de Daniel o chefe dos presidentes, o que suscitou a inimizade dos outros dois.

Altos cargos no governo não eram novidade para Daniel. Ele foi posto na corte de Nabucodonosor quando ainda era bastante jovem, tendo alcançado elevadas posições, as quais ele manteve durante a maior parte das dinastias babilônicas e persas.

É interessante notar que Dario aproveitou um homem de influência política do governo anterior. Por trás de tudo, naturalmente, estava Deus.

Daniel 6:4: “Então, os presidentes e os sátrapas procuravam ocasião para acusar a Daniel a respeito do reino; mas não puderam achá-la, nem culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum erro nem culpa.”

Vemos aqui outra manifestação do primeiro pecado de Lúcifer no Céu, quando desejou uma posição que não era sua. Satanás não pode ver a prosperidade de um filho de Deus, sem procurar destruí-lo.

A inveja ardia no coração dos colegas babilônios de Daniel. Estavam decididos a derrubá-lo, e passaram a observar cada movimento dele, na esperança de encontrar algo que desacreditasse sua autoridade. No entanto, não conseguiam encontrar “falta alguma em Daniel”.

Daniel 6:5: “Disseram, pois, estes homens: Nunca acharemos ocasião alguma para acusar a este Daniel, se não a procurarmos contra ele na lei do seu Deus.”

Quando não conseguiram encontrar nada no caráter nem nas atividades profissionais de Daniel, que pudessem usar para desacreditá-lo diante do rei, os governadores se voltaram para a religião dele. Sendo que não havia conflito aparente entre a sua vida religiosa e o cumprimento dos deveres, eles tiveram que inventar um. Os hábitos religiosos de Daniel eram bem conhecidos: ele era um homem de oração. Esse foi então o ponto em que decidiram atacá-lo.

Daniel 6:6: “Então, estes presidentes e sátrapas foram juntos ao rei e lhe disseram: Ó rei Dario, vive eternamente!”

Daniel 6:7: “Todos os presidentes do reino, os prefeitos e sátrapas, conselheiros e governadores concordaram em que o rei estabeleça um decreto e faça firme o interdito que todo homem que, por espaço de trinta dias, fizer petição a qualquer deus ou a qualquer homem e não a ti, ó rei, seja lançado na cova dos leões.”

Daniel 6:8: “Agora, pois, ó rei, sanciona o interdito e assina a escritura, para que não seja mudada, segundo a lei dos medos e dos persas, que se não pode revogar.”

Daniel 6:9: “Por esta causa, o rei Dario assinou a escritura e o interdito.”

Os presidentes e os governadores pediram uma audiência urgente com o rei e disseram: “Todos os presidentes do reino se reuniram e resolveram que não adoraremos outro deus, ou a qualquer homem, a não ser a ti, ó rei!” Porém, Daniel não havia sido consultado, pois se tratava de um complô contra ele.

No império medo-persa, quando uma lei era aprovada, nem mesmo o rei tinha poderes para revogá-la. A lei era o mestre, e uma vez assinada, todos deviam segui-la. Por essa razão, os inimigos de Daniel foram ao rei e propuseram que ele editasse uma lei proibindo a adoração de qualquer outro que não fosse ele mesmo, o rei.

Podia parecer estranho que um rei pudesse emitir um decreto mediante o qual todas as pessoas devessem orar tão-somente a ele durante 30 dias, mas em tempos antigos os reis eram freqüentemente tratados como deuses. Esse decreto particular pode até mesmo ter parecido razoável a muitas pessoas, pois foi interpretado como uma espécie de teste de lealdade, designado como forma de unir a todos sob o novo líder.

Daniel 6:10: “Daniel, pois, quando soube que a escritura estava assinada, entrou em sua casa e, em cima, no seu quarto, onde havia janelas abertas do lado de Jerusalém, três vezes por dia, se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como costumava fazer.”

Ao tomar conhecimento do decreto, logo Daniel viu que não era a honra do rei que estava sendo defendida ou exaltada; percebeu as más intenções dos seus companheiros ao querer destruí-lo; mas nem por isso se atemorizou.

Daniel jamais permitiria que a fidelidade a Dario interrompesse seu relacionamento com Deus. Daniel sabia que Deus tinha estado com ele durante 70 anos no Império Babilônico. Tinha plena consciência e certeza de que Deus lhe tinha dado capacidades para servi-lo, quando ainda adolescente. Sabia também que havia sido Deus que o ajudara a passar nos testes diante do rei Nabucodonosor, e que lhe dera inteligência, conhecimento e capacidade.

Ele sabia que fora Deus quem lhe dera a interpretação do sonho do rei. Tomara conhecimento do livramento de seus amigos Sadraque, Mesaque e Abedenego da fornalha ardente. Daniel sabia que fora Deus que o ajudara a manter o reino unido por sete anos, enquanto Nabucodonosor estava sob a ação da terrível insanidade licantrópica, comendo grama como um bovino. Ele sabia que tinha sido Deus quem o fizera interpretar o sonho do juízo e aquela grande árvore no capítulo 4 de Daniel. Estava plenamente convicto de que havia sido Deus que lhe permitira interpretar a escrita na parede e quem o tinha posto como primeiro presidente no reino medo-persa. Tinha certeza de que Deus estaria com ele nos momentos cruciais que enfrentaria. Sua fé não vacilaria agora, pois ele fazia de Deus a fonte de sua força e energia.

As janelas do seu quarto eram abertas na direção de Jerusalém e, ao ajoelhar-se, Daniel virava o rosto naquela direção. Os conspiradores conheciam bem os hábitos de Daniel e não tiveram dificuldade em vê-lo orando, em atitude de direta violação à ordem do rei.

Se quisesse, Daniel poderia ter deixado de orar pelo curto período do decreto. Afinal, 30 dias passam rápido. Ele poderia até orar secretamente. Ele poderia fechar as janelas. Não necessitaria ajoelhar-se para orar. Ele poderia orar na cama, em silêncio, sem que ninguém soubesse. Mas não! Daniel estava em uma terra pagã, onde a religião vigente era a idolatria. Sentiu que era sua incumbência demonstrar mais uma vez o poder do seu Deus. Sentiu que precisava mais uma vez testemunhar. Não seriam as conspirações de seus inimigos que mudariam seu relacionamento com Deus. É preciso compreender como a nossa fidelidade a Deus pode afetar e influenciar a vida dos outros.

O fato de que Daniel se dispusesse a orar sob aquelas circunstâncias já é digno de nota. O que mais impressiona, porém, é que ele “dava graças”. Mesmo tendo diante de si a perspectiva da cova dos leões, Daniel dava graças. Pense no que isso significa. Daniel conhecia as promessas de Deus. “Deus é nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações” (Salmo 46:1). “O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que O temem, e os livra” (Salmo 34:7).

Aos 85 anos de idade, aproximadamente, Daniel ora para que Deus o ajude a enfrentar a cova dos leões, tal como o ajudou nas outras ocasiões de sua vida, e ora para que, por intermédio da sua fidelidade em momento de risco de vida, o rei Dario fosse levado a aceitar o Senhor.

Quando iniciamos a oração dando graças a Deus, nossa fé é reforçada e os problemas que serão apresentados nos parecerão passíveis de solução. Desse modo, estaremos em condições de orar com fé, e não em dúvida. Deus ouve a oração de fé.

Daniel 6:11: “Então, aqueles homens foram juntos, e, tendo achado a Daniel a orar e a suplicar, diante do seu Deus,”

Daniel 6:12: “se apresentaram ao rei, e, a respeito do interdito real, lhe disseram: Não assinaste um interdito que, por espaço de trinta dias, todo homem que fizesse petição a qualquer deus ou a qualquer homem e não a ti, ó rei, fosse lançado na cova dos leões? Respondeu o rei e disse: Esta palavra é certa, segundo a lei dos medos e dos persas, que se não pode revogar.”

Daniel 6:13: “Então, responderam e disseram ao rei: Esse Daniel, que é dos exilados de Judá, não faz caso de ti, ó rei, nem do interdito que assinaste; antes, três vezes por dia, faz a sua oração.”

Os acusadores fingiram desapontamento. Aparentavam-se chocados pelo fato de o “mal-agradecido, exilado e judeu” mostrar tanta deslealdade para com o rei. A verdade é que Daniel era mais leal ao rei do que qualquer um deles. Tinha mais respeito pelo rei do que todos eles.

Daniel 6:14: “Tendo o rei ouvido estas coisas, ficou muito penalizado e determinou consigo mesmo livrar a Daniel; e, até ao pôr-do-sol, se empenhou por salvá-lo.”

Somente agora Dario compreendeu a razão do decreto. Mas nada podia fazer após tê-lo assinado. A lei dizia que nem mesmo o rei podia modificá-la, e se ele o fizesse, seria deposto. Mesmo assim o rei trabalhou até o sol se pôr, tentando encontrar uma maneira de salvar a vida de Daniel. Mas havia um obstáculo jurídico irremovível. Por causa da pressa em assinar o decreto, Dario havia caído na cova que ele mesmo cavara. Seus bajuladores o fizeram de tolo. Em vez de ser deus por um mês, estava sendo marionete por um dia.

Daniel 6:15: “Então, aqueles homens foram juntos ao rei e lhe disseram: Sabe, ó rei, que é lei dos medos e dos persas que nenhum interdito ou decreto que o rei sancione se pode mudar.”

Aqueles homens sabiam que o rei pretendia livrar Daniel daquela situação. Mas, pelo fato do rei estar legalmente impedido de voltar atrás em seu decreto, havia apenas uma única chance de Daniel escapar da morte: somente se voltasse atrás e obedecesse ao decreto. Entretanto, todos sabiam que não havia a menor possibilidade disso acontecer. Não porque fosse arrogante, mas porque havia um princípio em jogo. E Daniel não era homem de ceder quando se tratava de um princípio.

Daniel 6:16: “Então, o rei ordenou que trouxessem a Daniel e o lançassem na cova dos leões. Disse o rei a Daniel: O teu Deus, a quem tu continuamente serves, que Ele te livre.”

Daniel 6:17: “Foi trazida uma pedra e posta sobre a boca da cova; selou-a o rei com o seu próprio anel e com o dos seus grandes, para que nada se mudasse a respeito de Daniel.”

Daniel 6:18: “Então, o rei se dirigiu para o seu palácio, passou a noite em jejum e não deixou trazer à sua presença instrumentos de música; e fugiu dele o sono.”

Por todos os relatos, Daniel é um dos poucos personagens sobre quem a Bíblia não registra nada de negativo. Mas isso não o livrou da cova dos leões. Deus permitiu que homens ímpios chegassem a realizar o seu propósito; mas isso foi para que pudesse tornar o livramento do Seu servo mais marcante e tornar ainda mais visível a derrota dos inimigos da justiça.

Após determinar que Daniel fosse jogado vivo na cova dos leões, o rei Dario foi para casa naquela noite com a consciência pesada, porque sabia que não houvera sido justo com o seu fiel servidor. A Bíblia diz que ele não conseguiu se alimentar, não quis ouvir música, como de costume, e perdeu o sono. Estava em seu magnífico palácio e não conseguia dormir.

Naquele momento, Daniel estava numa cova escura e imunda. Com a cabeça recostada sobre uma pedra, ele adormece tranqüilo. O rei, por sua vez, não conseguia dormir nem um minuto. Isso nos ensina que não é a casa em que vivemos que nos permite dormir sossegados. É a paz concedida por Deus que nos faz dormir. A paz é algo interior.

Alguns imaginam que obtendo bens materiais, alcançarão segurança e paz. Mas a verdadeira paz é concedida por Deus. Não surpreende que Daniel, apesar de lançado cruelmente numa cova de leões, tenha sentido a paz de Deus no coração e nada temeu, porque sabia que havia agido honestamente. O rei, contudo, apesar de habitar num belíssimo palácio, gozando de toda segurança, conforto e luxo, não podia dormir.

Quando se conhece a Deus, Ele proporciona paz ao coração. Ele nos capacita a enfrentar as situações difíceis da vida com confiança. Se a nossa paz não depende do que está acontecendo ao redor, mas do que sucede em nosso coração; se o reino de Deus está bem arraigado no íntimo e Jesus vive dentro de nós, então, somente então, sentiremos a verdadeira paz.

Daniel 6:19: “Pela manhã, ao romper do dia, levantou-se o rei e foi com pressa à cova dos leões.”

Daniel 6:20: “Chegando-se ele à cova, chamou por Daniel com voz triste; disse o rei a Daniel: Daniel, servo do Deus vivo! Dar-se-ia o caso que o teu Deus, a quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te dos leões?”

Daniel 6:21: “Então, Daniel falou ao rei: Ó rei, vive eternamente!”

Daniel 6:22: “O meu Deus enviou o Seu anjo e fechou a boca aos leões, para que não me fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante dEle; também contra ti, ó rei, não cometi delito algum.”

Daniel 6:23: “Então, o rei se alegrou sobremaneira e mandou tirar a Daniel da cova; assim, foi tirado Daniel da cova, e nenhum dano se achou nele, porque crera no seu Deus.”

Os inimigos de Daniel ficaram alegres quando o viram ser lançado na cova dos leões. E o rei se entristeceu muito por isso. Porém, no dia seguinte pela manhã, ao sair da cova vivo sem um arranhão sequer, Daniel e o rei se alegraram, enquanto a alegria dos inimigos se transformou em terror.

A parte realmente importante na história de Daniel não é o livramento. Mesmo se os leões houvessem retalhado o seu corpo, ainda assim ele teria triunfado. Deus não livrou João Batista, Estevão e tantos outros. Milhares de cristãos morreram como mártires. Nem sempre a vitória é completa nesta vida, mas a promessa de Deus é de vitória para a vida eterna.

Daniel 6:24: “Ordenou o rei, e foram trazidos aqueles homens que tinham acusado a Daniel, e foram lançados na cova dos leões, eles, seus filhos e suas mulheres; e ainda não tinham chegado ao fundo da cova, e já os leões se apoderaram deles, e lhes esmigalharam todos os ossos.”

A morte dos familiares dos conspiradores pode parecer um ato bárbaro da parte do rei. Mas é preciso compreender que, com freqüência, ataques injustos aos fiéis seguidores de Deus têm trazido ruína e destruição aos seus autores. Esses acabam recebendo o destino cruel que haviam planejado (Gl 6:7).

Vimos no capítulo anterior que Belsazar foi condenado com justiça, pelo fato de que ele decidira pecar mesmo sabendo tudo a respeito da experiência de Nabucodonosor. Os homens que tentaram liquidar Daniel assim procederam mesmo sabendo de sua inocência. À semelhança de Belsazar – e de tantas outras pessoas que vivem nos dias de hoje – esses homens “não acolheram o amor da verdade” (2Ts 2:10).

Daniel 6:25: “Então, o rei Dario escreveu aos povos, nações e homens de todas as línguas que habitam em toda a terra: Paz vos seja multiplicada!”

Daniel 6:26: “Faço um decreto pelo qual, em todo o domínio do meu reino, os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel, porque ele é o Deus vivo e que permanece para sempre; o Seu reino não será destruído, e o Seu domínio não terá fim.”

Daniel 6:27: “Ele livra, e salva, e faz sinais e maravilhas no céu e na terra; foi Ele quem livrou a Daniel do poder dos leões.”

Daniel 6:28: “Daniel, pois, prosperou no reinado de Dario e no reinado de Ciro, o persa.”

Como Nabucodonosor, Dario ficou tão impressionado com o triunfo de Daniel, que fez um testemunho público para todo o mundo. A vida de Daniel é uma lição de que Deus pode nos livrar, qualquer que seja a circunstância. Nosso Deus é o Deus dos impossíveis e a vitória ao lado dEle é certa. A vida eterna está ao alcance de todo aquele que crer em Cristo como Salvador e Senhor de sua vida.

Quando os leões da vida, ou os leões da tentação, da depressão, do ressentimento, o(a) estiverem amedrontando, não tema, confie, sinta paz em seu coração. Deus é o maior domador de leões. Talvez você esteja se sentindo no fundo da cova, cercado por feras famintas. Erga os olhos para o alto e confie em Deus.

(Texto da jornalista Graciela Érika Rodrigues, baseado na palestra do advogado Mauro Braga. O textos anteriores podem ser obtidos no marcador “Daniel”)

Desvendando Daniel: conhecimento ignorado!

Este capítulo retrata uma experiência que o rei Belsazar viveu (segundo estudiosos, Belsazar era filho de Nabonido e neto de Nabucodonosor). Assim como muitos de nós, ele ignorou o conhecimento da Palavra e pecou contra Deus. Ele tinha acesso e conhecimento do testemunho que seu avô dera no passado, pois esse documento fazia parte dos arquivos do império, para que todos tivessem acesso e evitassem que o mesmo erro fosse cometido; mas Belsazar preferiu ignorar.

Daniel 5:1: “O rei Belsazar deu um grande banquete a mil dos seus grandes e bebeu vinho na presença dos mil.”

Este capítulo começa com um grande salão de festas e um jantar para mil convidados. Os reis no mundo antigo eram conhecidos por seus banquetes exagerados. Nessas festas, normalmente aconteciam grandes orgias e bebedeiras. Mas o momento era totalmente inadequado. Enquanto Belsazar bebia com seus convidados, do lado de fora, o exército de Ciro mantinha a cidade cercada.

Os muros de Babilônia eram invulneráveis e invencíveis. Tinham quase 120 metros de altura e 30 metros de largura – tão largos que seis bigas podiam correr lado a lado, no topo dos muros.

Num momento em que eram requeridos planejamento e preparação, Belsazar pensava unicamente em festas e bebedeiras.

Daniel 5:2: “Enquanto Belsazar bebia e apreciava o vinho, mandou trazer os utensílios de ouro e de prata que Nabucodonosor, seu pai, tirara do templo, que estava em Jerusalém, para que neles bebessem o rei e os seus grandes, as suas mulheres e concubinas.”

Daniel 5:3: “Então, trouxeram os utensílios de ouro, que foram tirados do templo da Casa de Deus que estava em Jerusalém, e beberam neles o rei, os seus grandes e as suas mulheres e concubinas.”

Daniel 5:4: “Beberam o vinho e deram louvores aos deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra.”

Belsazar era neto de Nabucodonosor, mas o chamava de pai por ser seu sucessor no reinado. Daniel se refere a Nabucodonosor como pai de Belsazar e algumas pessoas pensam mesmo que o jovem rei seja filho do grande imperador da Babilônia. Jesus, por exemplo, é chamado de filho de Davi (Mt 9:27). Sucede que Davi viveu cerca de mil anos antes de Cristo. É que a palavra “pai”, nos idiomas semitas, pode se referir também a qualquer antepassado, não só ao pai imediato.

Belsazar misturou o sagrado com o profano ao ordenar que fossem trazidos os “candelabros e os utensílios de ouro”. Setenta anos antes, o rei Nabucodonosor foi a Jerusalém e confiscou os candelabros e todos os utensílios de ouro do templo, inclusive os vasos e taças usados no serviço do Senhor. Esses objetos sagrados foram confeccionados durante a construção do tabernáculo. Nesse templo os israelitas louvavam e adoravam a Deus. No templo construído por Salomão, o serviço prosseguiu por séculos, com os objetos de ouro tratados com a mais alta reverência.

Agora, os idólatras babilônios usam as mesmas taças em uma festa pagã. Esse foi o último desafio do imoral Belsazar, porque há uma linha que Deus traçou na areia. Existe um limite onde Deus diz: “Você pode ir até aqui em seu desafio e não mais além.”

O ato audacioso de Belsazar – mandar buscar vasos sagrados do templo judeu para serem usados como utensílios de farra e bebedeira – seria considerado sacrilégio mesmo aos olhos de um pagão. Com absoluto escárnio e desdém para com os judeus e seu Deus, o rei embriagado ordenou que os vasos do templo deles fossem usados, de maneira que pudesse fazer deboche do nome do Deus dos judeus.

Daniel 5:5: “No mesmo instante apareceram uns dedos de mão de homem e escreviam, defronte do candeeiro, na caiadura da parede do palácio real; e o rei via os dedos que estavam escrevendo.”

Daniel 5:6: “Então, se mudou o semblante do rei, e os seus pensamentos o turbaram; as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos batiam um no outro.”

Em meio àquela festa pagã, a mão de Deus começou a escrever na parede palavras estranhas, com letras de fogo. O rei ficou branco como cera. Seus joelhos tremeram ao ver uma mão sem corpo rabiscar palavras misteriosas na parede do palácio.

Daniel 5:7: “O rei ordenou, em voz alta, que se introduzissem os encantadores, os caldeus e os feiticeiros; falou o rei e disse aos sábios da Babilônia: Qualquer que ler esta escritura e me declarar a sua interpretação será vestido de púrpura, trará uma cadeia de ouro ao pescoço e será o terceiro no meu reino.”

Daniel 5:8: “Então, entraram todos os sábios do rei; mas não puderam ler a escritura, nem fazer saber ao rei a sua interpretação.”

Belsazar não aprendeu a lição com a experiência de seu avô, Nabucodonosor. Repetiu o mesmo erro. O rei escolheu novamente os astrólogos e sábios do reino para decifrar a escrita. Mas, mesmo lendo o que estava escrito na parede, eles não conseguiram traduzir a mensagem.

Daniel 5:9: “Com isto se perturbou muito o rei Belsazar, e mudou-se-lhe o semblante; e os seus grandes estavam sobressaltados.”

Daniel 5:10: “A rainha-mãe, por causa do que havia acontecido ao rei e aos seus grandes, entrou na casa do banquete e disse: Ó rei, vive eternamente! Não te turbem os teus pensamentos, nem se mude o teu semblante.”

Alguns registros históricos dizem que Nabucodonosor tinha uma filha casada que deu à luz Belsazar. Os estudiosos, contudo, estão divididos sobre se a rainha era a mãe de Belsazar ou sua avó, a esposa de Nabucodonosor.

As notícias da confusão na sala de banquetes e da perplexidade dos sábios chegaram aos aposentos da rainha-mãe. Com pressa, ela foi até lá para ver o que podia fazer. Era o último recurso, depois do fracasso dos sábios da corte. Ela não esteve presente na farra dos bêbados, estando sóbria e apta para dar um bom conselho. A rainha lembrou-se de outras ocasiões em que os sábios foram desacreditados publicamente. Lembrou-se de um homem que tivera sucesso quando os demais falharam.

Daniel 5:11: “Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses santos; nos dias de teu pai, se achou nele luz, e inteligência, e sabedoria como a sabedoria dos deuses; teu pai, o rei Nabucodonosor, sim, teu pai, ó rei, o constituiu chefe dos magos, dos encantadores, dos caldeus e dos feiticeiros,”

Daniel 5:12: “porquanto espírito excelente, conhecimento e inteligência, interpretação de sonhos, declaração de enigmas e solução de casos difíceis se acharam neste Daniel, a quem o rei pusera o nome de Beltesazar; chame-se, pois, a Daniel, e ele dará a interpretação.”

A essa altura, Daniel deveria estar com cerca de 85 anos de idade. Por 70 anos viveu ele nesse reino e conheceu os tempos épicos de Babilônia.

Daniel 5:13: “Então, Daniel foi introduzido à presença do rei. Falou o rei e disse a Daniel: És tu aquele Daniel, dos cativos de Judá, que o rei, meu pai, trouxe de Judá?”

Daniel 5:14: “Tenho ouvido dizer a teu respeito que o espírito dos deuses está em ti, e que em ti se acham luz, inteligência e excelente sabedoria.”

Daniel foi introduzido na presença do rei. Ele não fora convidado para a festa. Ele não se sentiria confortável ali, e faria com que todos se sentissem incomodados. Ele entrou no salão com dignidade. Estava apto a dar ao rei a mensagem direta do Deus de Israel, cujos vasos sagrados o soberano havia tão atrevidamente profanado.

Daniel 5:15: “Acabam de ser introduzidos à minha presença os sábios e os encantadores, para lerem esta escritura e me fazerem saber a sua interpretação; mas não puderam dar a interpretação destas palavras.”

Daniel 5:16: “Eu, porém, tenho ouvido dizer de ti que podes dar interpretações e solucionar casos difíceis; agora, se puderes ler esta escritura e fazer-me saber a sua interpretação, serás vestido de púrpura, terás cadeia de ouro ao pescoço e serás o terceiro no meu reino.”

Belsazar demonstrou não estar totalmente convencido do talento de Daniel, ao dizer: “Se puderes ler esta escritura.” Oficialmente, o pai de Belsazar, Nabonido, ainda era o rei de Babilônia. Belsazar, como co-regente, era o segundo no comando. Portanto, ele só podia oferecer o terceiro lugar a quem pudesse interpretar a escrita na parede.

Daniel 5:17: “Então, respondeu Daniel e disse na presença do rei: Os teus presentes fiquem contigo, e dá os teus prêmios a outrem; todavia, lerei ao rei a escritura e lhe farei saber a interpretação.”

Se o caráter do rei não estivesse tão impregnado do materialismo, ele não teria falado de recompensas num momento como aquele. Daniel recusou sua proposta com desdém, mostrando sua total falta de interesse nas coisas deste mundo.

Daniel 5:18: “Ó rei! Deus, o Altíssimo, deu a Nabucodonosor, teu pai, o reino e grandeza, glória e majestade.”

Daniel 5:19: “Por causa da grandeza que lhe deu, povos, nações e homens de todas as línguas tremiam e temiam diante dele; matava a quem queria e a quem queria deixava com vida; a quem queria exaltava e a quem queria abatia.”

Daniel 5:20: “Quando, porém, o seu coração se elevou, e o seu espírito se tornou soberbo e arrogante, foi derribado do seu trono real, e passou dele a sua glória.”

Daniel 5:21: “Foi expulso dentre os filhos dos homens, o seu coração foi feito semelhante ao dos animais, e a sua morada foi com os jumentos monteses; deram-lhe a comer erva como aos bois, e do orvalho do céu foi molhado o seu corpo, até que conheceu que Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre o reino dos homens e a quem quer constitui sobre ele.”

O que Daniel disse podia custar-lhe a vida, mas, mesmo assim, ele o fez. Ele era profeta de Deus e tinha uma mensagem de verdade para dar. Recapitulando a história de Nabucodonosor, Daniel lembrou ao rei Belsazar quem era o Deus Altíssimo que havia concedido a Nabucodonosor – e também a Belsazar – a autoridade para governar Babilônia. Ele assinalou que ao fim da loucura de Nabucodonosor, o rei reconheceu que “o Altíssimo, tem domínio sobre o reino dos homens, e a quem quer constitui sobre ele”.

Daniel 5:22: “Tu, Belsazar, que és seu filho, não humilhaste o teu coração, ainda que soubesse de tudo isto.”

Daniel 5:23: “E te levantaste contra o Senhor do céu, pois foram trazidos os utensílios da casa dEle perante ti, e tu, e os teus grandes, e as tuas mulheres, e as tuas concubinas bebestes vinho neles; além disso, destes louvores aos deuses de prata, de ouro, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra, que não vêem, não ouvem, nem sabem; mas a Deus, em cuja mão está a tua vida e todos os teus caminhos, a Ele não glorificaste.”

Embora conhecesse em detalhes o que acontecera ao seu avô, Belsazar deixou de aprender pela experiência de Nabucodonosor. Seu avô tinha sido orgulhoso, mas se arrependeu a tempo e se tornou filho de Deus. Belsazar, por outro lado, escolheu deliberadamente desafiar a lei e a autoridade de Deus e recusou humilhar-se. Seu pecado, então, era grande, e o juízo, iminente.

Por que Belsazar aceitou tão mansamente as palavras de Daniel, as quais poderiam ser consideradas traição pelos que o rodeavam? A resposta é simples: o “terror de Deus” (Gn 35:5) estava sobre todos. Quando um profeta de Deus toma conta da situação, como fez Daniel naquela ocasião, não há poder capaz de causar dano, ou de fazer oposição a sua mensagem.

Daniel 5:24: “Então, da parte dele foi enviada aquela mão que traçou esta escritura.”

Daniel 5:25: “Esta, pois, é a escritura que se traçou: MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM.”

Daniel 5:26: “Esta é a interpretação daquilo: MENE: Contou Deus o teu reino e deu cabo dele.”

Daniel 5:27: “TEQUEL: Pesado foste na balança e achado em falta.”

Daniel 5:28: “PERES: Dividido foi o teu reino e dado aos medos e aos persas.”

Em aramaico, a inscrição consistia em uma série de quatro palavras. O aramaico, assim como o hebraico, era escrito só com consoantes. As palavras a serem lidas dependiam das vogais que fossem acrescentadas.

Para os sábios, as letras M N M N T Q L P R S N não faziam sentido. Daniel leu em voz alta “mene, mene, tequel, parsim” e então deu a interpretação: “contado, contado, pesado e dividido” (“parsim” é o plural de “peres” e pode ser entendido: no singular como “dividido” e no plural como equivalente à pronúncia de “persas”).

A repetição da primeira palavra é uma ênfase solene, como as palavras de Jesus “em verdade, em verdade” no Novo Testamento (Jo 3:11; 5:24).

Pesado e achado em falta – Estas terríveis palavras de destruição condenam todos os que, como Belsazar, negligenciam as oportunidades dadas por Deus. Se a nossa vida, como a de Belsazar, fosse colocada em uma balança (nossa vida em um prato e a lei de Deus no outro), teríamos um resultado melhor?

E mesmo que o resultado fosse melhor, seria suficiente? Afinal, a vida de quem – mesmo do cristão mais santo – poderia resistir diante da lei de Deus? (Rm 3:23). Nesse sentido, não somos tão diferentes de Belsazar. Mas existe uma diferença crucial: nossa fé em Deus.

Há um tempo para tudo (Ec 3:1, 2). Devemos tomar as decisões importantes enquanto há tempo.

Essa foi a última noite de Babilônia e do rei Belsazar. Eles encheram a taça da sua iniqüidade. As demonstrações acumuladas de pecado dessa nação atingiram um ponto onde Deus disse: “Basta!” Os babilônios cruzaram a linha-limite que Deus traçara. Daniel disse: “Pesado foste na balança e foste achado em falta.” A misericórdia de Deus havia se esgotado.

Ninguém será julgado por deixar de fazer aquilo que não sabia; mas por não ter feito o que já tinha conhecimento.

Daniel 5:29: “Então, mandou Belsazar que vestissem Daniel de púrpura, e lhe pusessem cadeia de ouro ao pescoço, e proclamassem que passaria a ser o terceiro no governo do seu reino.”

Daniel 5:30: “Naquela mesma noite foi morto Belsazar, rei dos caldeus.”

A história confirma que os babilônios estavam participando de uma grande festa quando os exércitos de Ciro atacaram a cidade. Pegos totalmente de surpresa, foram incapazes de defender a cidade. Ciro pôde entrar em Babilônia sem qualquer batalha. A gloriosa cabeça de ouro da profecia de Daniel 2 teve um fim sem glória e desprezível.

Deus tratou Belsazar como um indivíduo responsável. Permitiu que o rei tomasse suas próprias decisões e sofresse os resultados de sua livre escolha, ao retirar dele a proteção especial que lhe outorgara. Belsazar não queria saber de Deus em sua vida, de modo que o Senhor respeitou sua decisão, simplesmente Se afastando. Relutantemente Deus o “entregou” ao poder de seus inimigos.

Daniel 5:31: “E Dario, o medo, com cerca de sessenta e dois anos, se apoderou do reino.”

Normalmente, o rio Eufrates apresentava baixo fluxo em outubro. Historiadores informam que naquela noite do banquete fatídico, Ciro reduziu ainda mais o volume do rio, desviando temporariamente o seu curso. Soldados penetraram por debaixo do muro em águas que não lhes atingiam mais que os joelhos. Descobriram que os portões do rio ainda se achavam abertos, ganharam acesso às ruas e mataram os guardas que de nada suspeitavam. Exatamente como predissera a profecia, a cabeça de ouro cedera lugar ao peito e braços de prata.

Como Babilônia, este mundo está chegando ao fim. Os juízos de Deus logo se abaterão sobre este planeta impenitente, e o mundo viverá sua última noite. Alguns pedirão um pouco mais de tempo, mas não poderão ser atendidos. A Babilônia moderna terá a mesma sorte que teve a antiga cidade, e todos que recusarem sair dela serão destruídos também.

Apesar das experiências de seu avô, com as quais Belsazar estava familiarizado, o rei decidiu desafiar o Deus do Céu e sofreu as conseqüências. A sabedoria dos pais ou dos avós nem sempre pode ser transmitida às gerações seguintes. O destino eterno de cada pessoa depende de suas próprias escolhas.

Algumas pessoas entendem que ignorância significa recusar obter o conhecimento disponível sem assumir qualquer responsabilidade. Ignorar é desconhecer a verdade por absoluta falta dos recursos disponíveis para conhecê-la. Somos responsáveis por buscar a verdade. Recusar-se a fazê-lo equivale a negar o conhecimento. Não saber é muito diferente de não querer saber (At 17:30; Os 4:6).

A pessoa verdadeiramente ignorante deseja trocar a ignorância pelo conhecimento. A teimosamente ignorante tenta não ser atingida pela verdade, mas fracassa. Então, siga o conselho de Isaías: “Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-O enquanto está perto.”

(Texto da jornalista Graciela Érika Rodrigues, baseado na palestra do advogado Mauro Braga.

Desvendando Daniel: o testemunho do rei!

Este capítulo do livro de Daniel – o quarto – é um testemunho de Nabucodonosor. O desejo do rei era que o mundo todo soubesse o que lhe aconteceu e foi ele próprio quem contou a história de sua conversão.

Daniel 4:1: “O rei Nabucodonosor a todos os povos, nações e homens de todas as línguas, que habitam em toda a terra: Paz vos seja multiplicada!”

O rei inicia como se estivesse escrevendo uma carta formal, então se apresenta e endereça a carta para “todos os povos… que habitam em toda a Terra”.

Daniel 4:2: “Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo.”

Daniel 4:3: “Quão grandes são os Seus sinais, e quão poderosas, as Suas maravilhas! O Seu reino é reino sempiterno, e o Seu domínio, de geração em geração.”

Nabucodonosor sentiu que precisava contar a história de como Deus transformou sua vida. Todo ser humano tem uma história única e distinta. Deus pode transformar a vida daquele cujo cérebro está intoxicado pelo álcool; daquele que caiu no fundo do poço no mundo das drogas; de alguém que vive uma vida imoral, que tem problemas sérios de caráter e conduta, e também daquele que vai à igreja, mas vive apenas uma religião formal. Cada história é diferente e Deus pode transformar qualquer situação.

O rei não conseguia se conter e na falta de palavras para descrever a atuação de Deus em sua vida, disse: “Quão grandes são os Seus sinais e quão poderosas as Suas maravilhas!” Ele fala dos milagres que havia acabado de experimentar.

Daniel 4:4: “Eu, Nabucodonosor, estava tranqüilo em minha casa e feliz no meu palácio.”

A vida tem curvas bem fechadas, montanhas, subidas íngremes, descidas escorregadias, cruzamentos perigosos e trilhas de dificuldades. A vida pode sofrer uma mudança radical num piscar de olhos. Um telefonema no meio da noite, uma consulta médica, uma carta, uma curva traiçoeira numa noite chuvosa, uma demissão inesperada na pior hora… e tudo muda.

Nabucodonosor estava muito bem em seu palácio, sem qualquer interesse em Deus e nas coisas eternas. Mas uma noite Deus resolveu Se manifestar na vida dele.

Daniel 4:5: “Tive um sonho, que me espantou; e, quando estava no meu leito, os pensamentos e as visões da minha cabeça me turbaram.”

Deus já falou com muitas pessoas por meio de sonhos. No Antigo Testamento, há vários exemplos. No Novo, a esposa de Pilatos também ouviu a voz do Senhor por meio de um sonho (Mt 27:19). Em todas as épocas Deus usa diferentes meios para Se comunicar com o Seu povo. Nos tempos de Daniel, eram os sonhos. Nos tempos de Jesus, eram as parábolas.

Daniel 4:6: “Por isso, expedi um decreto, pelo qual fossem introduzidos à minha presença todos os sábios da Babilônia, para que me fizessem saber a interpretação do sonho.”

Daniel 4:7: “Então, entraram os magos, os encantadores, os caldeus e os feiticeiros, e lhes contei o sonho; mas não me fizeram saber a sua interpretação.”

Mais uma vez, o rei convoca os magos para decifrar seu sonho. Mas, assim como não conseguiram revelar o significado do sonho relatado em Daniel 2, neste também não obtiveram sucesso.

Daniel 4:8: “Por fim, se me apresentou Daniel, cujo nome é Beltessazar, segundo o nome do meu deus, e no qual há o espírito dos deuses santos; e eu lhe contei o sonho, dizendo:”

Daniel 4:9: “Beltessazar, chefe dos magos, eu sei que há em ti o espírito dos deuses santos, e nenhum mistério te é difícil; eis as visões do sonho que eu tive; dize-me a sua interpretação.”

Daniel não precisou ser intimado. Como primeiro-ministro, ele tinha acesso contínuo à presença do rei. Logo que os sábios da corte falharam, Daniel entrou em cena para testemunhar em favor da superioridade de Deus sobre os deuses pagãos.

Daniel 4:10: “Eram assim as visões da minha cabeça quando eu estava no meu leito: eu estava olhando e vi uma árvore no meio da terra, cuja altura era grande;”

Daniel 4:11: “crescia a árvore e se tornava forte, de maneira que a sua altura chegava até ao céu; e era vista até aos confins da terra.”

Daniel 4:12: “A sua folhagem era formosa, e o seu fruto, abundante, e havia nela sustento para todos; debaixo dela os animais do campo achavam sombra, e as aves do céu faziam morada nos seus ramos, e todos os seres viventes se mantinham dela.”

Desta vez, Deus usou uma árvore imensa para simbolizar o rei. Uma árvore que esparramava seus galhos por toda a Terra e parecia alcançar o céu. Essa árvore era tão alta que podia ser vista de qualquer parte do globo. Seu imenso tamanho e seus ramos mostravam uma influência poderosa.

Daniel 4:13: “No meu sonho, quando eu estava no meu leito, vi um vigilante, um santo, que descia do céu,”

Daniel 4:14: “clamando fortemente e dizendo: Derribai a árvore, cortai-lhe os ramos, derriçai-lhe as folhas, espalhai o seu fruto; afugentem-se os animais de debaixo dela e as aves, dos seus ramos.”

Daniel 4:15: “Mas a cepa [o tronco], com as raízes, deixai na terra, atada com cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo. Seja ela molhada do orvalho do céu, e a sua porção seja, com os animais, a erva da terra.”

Nada havia de assustador no sonho, até esse ponto. Mas agora vem a parte aterrorizante. O rei ficou impressionado com a aparência de “um santo que descia do céu” e dava ordens em voz alta para derrubar a árvore e cortar os seus galhos. Apenas o tronco devia permanecer no solo amarrado “com cadeias de ferro e bronze”.

Daniel 4:16: “Mude-se-lhe o coração, para que não seja mais coração de homem, e lhe seja dado coração de animal; e passem sobre ela sete tempos.”

Daniel 4:17: “Esta sentença é por decreto dos vigilantes, e esta ordem, por mandado dos santos; a fim de que conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens; e o dá a quem quer e até ao mais humilde dos homens constitui sobre eles.”

Daniel 4:18: “Isto vi eu, rei Nabucodonosor, em sonhos. Tu, pois, ó Beltessazar, dize a interpretação, porquanto todos os sábios do meu reino não me puderam fazer saber a interpretação, mas tu podes; pois há em ti o espírito dos deuses santos.”

Daniel 4:19: “Então, Daniel, cujo nome era Beltessazar, esteve atônito por algum tempo, e os seus pensamentos o turbavam. Então, lhe falou o rei e disse: Beltessazar, não te perturbe o sonho, nem a sua interpretação. Respondeu Beltessazar e disse: Senhor meu, o sonho seja contra os que te têm ódio, e a sua interpretação, para os teus inimigos.”

“Atônito” é uma palavra que significa “sem palavras ou sem reação”. Daniel esteve nessa condição por uma hora, não porque tivesse algum problema para interpretar o sonho, mas porque era difícil para ele ser o portador de terríveis notícias para o rei. Ficou ponderando como poderia dar a mensagem da melhor maneira possível. Daniel ficou perturbado pela seriedade da situação.

O rei percebeu que Daniel estava relutante e que seu aspecto tinha mudado ao sentar-se, estupefato, diante dele. Então, encorajou Daniel a não hesitar em tornar conhecido o significado do sonho, não importando as conseqüências. Daniel então decide revelar o significado.

Daniel 4:20: “A árvore que viste, que cresceu e se tornou forte, cuja altura chegou até ao céu, e que foi vista por toda a terra,”

Daniel 4:21: “cuja folhagem era formosa, e o seu fruto, abundante, e em que para todos havia sustento, debaixo da qual os animais do campo achavam sombra, e em cujos ramos as aves do céu faziam morada,”

Daniel 4:22: “és tu, ó rei, que cresceste e vieste a ser forte; a tua grandeza cresceu e chega até ao céu, e o teu domínio, até à extremidade da terra.”

Daniel 4:23: “Quanto ao que viu o rei, um vigilante, um santo, que descia do céu e que dizia: Cortai a árvore e destruí-a, mas a cepa com as raízes deixai na terra, atada com cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo; seja ela molhada do orvalho do céu, e a sua porção seja com os animais do campo, até que passem sobre ela sete tempos,”

Daniel contou ao rei o que Deus lhe estava revelando, ou seja, que se Nabucodonosor não modificasse os seus caminhos, sua mente sofreria de uma enfermidade por sete anos. Ele começaria a se comportar como se fosse um animal, até o ponto de ser enxotado para o campo, onde passaria a comer capim. Mas, como o tronco da árvore preservado na terra, o seu direito de exercer o governo seria mantido; e tão logo retornasse o seu perfeito juízo e desde que reconhecesse a liderança divina, o reino lhe seria devolvido.

Daniel 4:24: “esta é a interpretação, ó rei, e este é o decreto do Altíssimo, que virá contra o rei, meu senhor:”

Daniel 4:25: “serás expulso de entre os homens, e a tua morada será com os animais do campo, e dar-te-ão a comer ervas como aos bois, e serás molhado do orvalho do céu; e passar-se-ão sete tempos por cima de ti, até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer.”

A condição descrita por Daniel é conhecida entre os psiquiatras como licantropia (ou síndrome do homem-lobo). Essa síndrome era bastante comum nos séculos passados, quando até mesmo pessoas instruídas viviam em contato bastante íntimo com seus animais. Trata-se de um estado mental em que a pessoa chega a pensar que é um animal, e começa agir como tal.

O Dr. David Yellowlees, que foi presidente da Associação Médico-Psicológica da Inglaterra, escreveu que o quadro clínico de Nabucodonosor era psicose maníaco-depressiva aguda. Ele disse: “A psicose maníaco-depressiva aguda, em suas formas extremas, exibe todas as espécies de hábitos degradantes, tais como se despir totalmente ou rasgar as roupas, comer imundícies e lixo de todas as espécies, fazer gestos selvagens e violentos, ataques, ruídos com grunhidos, e a mais completa desconsideração para com a decência pessoal. Esses sintomas meramente demonstram a aberração como um todo, e de maneira nenhuma, indicam uma condição sem esperança. Pelo contrário, são vistas com mais freqüência nos casos em que há recuperação” (The Pulpit Comentary, v. 13, p.147.

Foi dado ao rei um período de um ano para que se arrependesse de seus pecados e voltasse os olhos a Deus. Em todos os tempos, Deus, sempre, antes de executar uma sentença, nos avisa. Aponta o erro, roga e implora. Nínive teve um período de experiência de 40 dias. Por meio de Noé, o mundo recebeu 120 anos de aviso antes de vir o dilúvio. O mundo tem tido anos de aviso sobre a segunda vinda de Cristo. O rei foi advertido, mas não forçado, porque Deus respeita nosso livre-arbítrio.

Daniel 4:26: “Quanto ao que foi dito, que se deixasse a cepa da árvore com as suas raízes, o teu reino tornará a ser teu, depois que tiveres conhecido que o céu domina.”

Daniel 4:27: “Portanto, ó rei, aceita o meu conselho e põe termo, pela justiça, em teus pecados e em tuas iniqüidades, usando de misericórdia para com os pobres; e talvez se prolongue a tua tranqüilidade.

Cerca de trinta anos antes, Daniel havia dito ao rei: “O Deus do céu [te] conferiu o reino” (Dn 2:37, 38), mas Nabucodonosor havia erguido uma imagem toda de ouro para declarar sua independência do Altíssimo. Em outras palavras, ele havia recusado aceitar a soberania de Deus. Agora, Deus o aconselhava a refletir. O rei teria uma nova oportunidade para aprender essa lição.

Nabucodonosor tinha nas mãos o império mais poderoso do seu tempo, no qual podia experimentar a idéia de se sentir como um deus. Mas os resultados de tomar o lugar de Deus são sempre os mesmos: caos e ruína.

Desde os tempos mais antigos do grande conflito, quando Satanás tentou pela primeira vez ser Deus (Is 14:12-14), até o surgimento do homem do pecado (2Ts 2:3, 4), a humanidade, de uma forma ou de outra, sempre quis ser Deus. A primeira tentação estava arraigada na mentira de que poderíamos ser “como Deus”. A serpente sugere que o homem pode ser “como Deus” – não no caráter, mas no poder de determinar as regras morais.

O ser humano nunca gostou de ouvir alguém dizer o que ele deve fazer. Queremos decidir as coisas por nós mesmos. Achamos que isso é o pleno exercício do livre-arbítrio. Contudo, o livre-arbítrio está em escolher o que fazer; não em estabelecer o que é certo ou errado. Prescrever as regras morais é atributo exclusivo de Deus.

No relato da criação, Deus estabelece as regras do que o primeiro homem e a primeira mulher podem ou não podem fazer no jardim. A humanidade não é soberana. Essa era a lição que Nabucodonosor precisava aprender. O sonho veio como advertência para aquele que ainda negava a soberania de Deus.

Daniel 4:28: “Todas estas coisas sobrevieram ao rei Nabucodonosor.”

Daniel 4:29: “Ao cabo de doze meses, passeando sobre o palácio real da cidade de Babilônia,”

Daniel 4:30: “falou o rei e disse: Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder e para glória da minha majestade?”

Daniel 4:31: “Falava ainda o rei quando desceu uma voz do céu: A ti se diz, ó rei Nabucodonosor: Já passou de ti o reino.”

Daniel 4:32: “Serás expulso de entre os homens, e a tua morada será com os animais do campo; e far-te-ão comer ervas como os bois, e passar-se-ão sete tempos por cima de ti, até que aprendas que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer.”

Daniel 4:33: “No mesmo instante se cumpriu a palavra sobre Nabucodonosor; e foi expulso de entre os homens e passou a comer erva como os bois, o seu corpo foi molhado do orvalho do céu, até que lhe cresceram os cabelos como as penas da águia, e as suas unhas, como as das aves.”

Passados os doze meses que o Senhor havia concedido a Nabucodonosor, o rei continuava vivendo da mesma forma. Então, as palavras orgulhosas do rei o reduziram à miséria.

Nabucodonosor olha para o seu reino e diz: “Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei?” Vivia no auge da arrogância. O orgulho vem antes da destruição; o espírito altivo, antes da queda. A maldição caiu sobre o rei enquanto ainda se vangloriava desdenhosamente. A visita de Deus para ele foi terrível. Perdeu tudo de que se orgulhava. Perdeu o trono, o reino, o palácio, o poder, a majestade, a glória e até mesmo o respeito próprio.

Ele foi retirado do convívio social, pois estava agindo como animal. Seu cabelo cresceu como penas, as unhas ficaram parecidas com garras de pássaro. Ficou nu, andando como animal irracional sobre quatro patas. Comia capim como boi. Sete anos se passaram com Nabucodonosor nessas condições animalescas.

A história deste homem poderoso nos deixa uma grande verdade para meditar: o resultado de seu esforço em tornar-se alvo de adoração foi rebaixar-se ao nível dos animais.

Daniel 4:34: “Mas ao fim daqueles dias, eu, Nabucodonosor, levantei os olhos ao céu, tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei, e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é sempiterno, e cujo reino é de geração em geração.”

Passados os sete anos de insanidade, o Rei teve o coração transformado. “Eu, Nabucodonosor, levantei os olhos ao céu.” Deus o tocou. Fez o que ele nunca conseguiria fazer por si mesmo. Deus o transformou. Ao levantar os olhos ao céu, Nabucodonosor foi milagrosamente transformado. O impossível aconteceu. Aquilo que não se pode explicar, a não ser pela fé. O rei conheceu de perto a misericórdia de Deus e Sua disposição para perdoar e restaurar. Reconheceu também que o único reino eterno é o de Deus.

Daniel 4:35: “Todos os moradores da terra são por Ele reputados em nada; e, segundo a Sua vontade, Ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem Lhe possa deter a mão, nem Lhe dizer: Que fazes?”

Daniel 4:36: “Tão logo me tornou a vir o entendimento, também, para a dignidade do meu reino, tornou-me a vir a minha majestade e o meu resplendor; buscaram-me os meus conselheiros e os meus grandes; fui restabelecido no meu reino, e a mim se me ajuntou extraordinária grandeza.”

Daniel 4:37: “Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, exalto e glorifico ao Rei do céu, porque todas as Suas obras são verdadeiras, e os Seus caminhos, justos, e pode humilhar aos que andam na soberba.”

Quando alguém se afasta da misericórdia de Deus, aproxima-se da insanidade. Quando se aproxima de Deus, começa a progredir como criatura pensante e inteligente. Através do seu testemunho público, Nabucodonosor reconheceu afinal a autoridade de Deus. Seu desejo de render glória a Deus demonstra que o outrora orgulhoso rei não pensava mais que era maior do que o Rei dos reis.

Muitos sofrem de insanidade espiritual e não sabem. O pecado desequilibra a mente e faz com que homens e mulheres ajam mais como animais do que como seres humanos. Existe algo fundamentalmente errado dentro de cada um de nós chamado pecado. A única solução para o homem desesperado sair dessa condição (animalesca) é levantar os olhos para o céu. Não há outra saída. A salvação vem do alto.

A exemplo do rei, podemos olhar para o céu e sentir agora mesmo que Deus pode nos transformar. Unicamente Ele pode nos transformar. Só temos que olhar para o céu e buscá-Lo com fé.

O último registro do rei Nabucodonosor foram suas palavras de louvor a Deus. Ele pede que o mundo todo ouça o seu testemunho. “Estive cego, mas agora vejo.”

(Texto da jornalista Graciela Érika Rodrigues, baseado na palestra do advogado Mauro Braga. O textos anteriores podem ser obtidos no marcador “Daniel”)

Desvendando Daniel: prova de fogo!

O capítulo 3 de Daniel ensina uma lição de grande importância para nós, cristãos que vivemos no início do terceiro milênio. A profecia bíblica revela que se aproxima uma inaceitável prova de fogo!

Daniel 3:1: “O rei Nabucodonosor fez uma imagem de ouro que tinha sessenta côvados de altura e seis de largura; levantou-a no campo de Dura, na província da Babilônia.”

Por algum tempo, depois da visão de Daniel 2, Nabucodonosor foi influenciado pelo temor de Deus. Mas a prosperidade que alcançou o seu reino o encheu de orgulho, e ele retornou à adoração dos seus antigos ídolos.

Depois da revelação de que Nabucodonosor era “a cabeça de ouro”, o rei começou a refletir sobre o assunto. De certa maneira ele gostou do que ouviu, mas o restante da interpretação do sonho passou a incomodá-lo. Ficou ressentido com as palavras: “e, depois de ti, se levantará outro reino…” e decidiu reescrever a profecia.

Como muitos hoje, ele decidiu fazer a Palavra de Deus se ajustar aos seus interesses. Então mandou construir uma imagem semelhante àquela do sonho, só que inteiramente de ouro. Na verdade, ele estava dizendo a Deus: “Meu reino permanecerá para sempre. Não haverá outro império de prata ou bronze.” Nabucodonosor não queria aceitar a determinação de Deus.

A imagem foi erguida por homens, feita de puro ouro maciço, com sessenta côvados de altura, por seis de largura [o côvado real babilônico tinha cerca de 60 cm]. A Bíblia relata que o número seis representa imperfeição, rebeldia, desobediência. O número sete, por sua vez, é símbolo de perfeição.

Daniel 3:2: “Então, o rei Nabucodonosor mandou ajuntar os sátrapas, os prefeitos, os governadores, os juízes, os tesoureiros, os magistrados, os conselheiros e todos os oficiais das províncias, para que viessem à consagração da imagem que o rei Nabucodonosor tinha levantado.”

Daniel 3:3: “Então, se ajuntaram os sátrapas, os prefeitos, os governadores, os juízes, os tesoureiros, os magistrados, os conselheiros e todos os oficiais das províncias, para a consagração da imagem que o rei Nabucodonosor tinha levantado; e estavam em pé diante da imagem que Nabucodonosor tinha levantado.”

Autoridades compareceram no dia da inauguração. A imagem podia ser vista a quilômetros de distância.

Daniel 3:4: “Nisto, o arauto apregoava em alta voz: Ordena-se a vós outros, ó povos, nações e homens de todas as línguas:”

Daniel 3:5: “no momento em que ouvirdes o som da trombeta, do pífaro, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles e de toda sorte de música, vos prostrareis e adorareis a imagem de ouro que o rei Nabucodonosor levantou.”

Daniel 3:6: “Qualquer que se não prostrar e não a adorar será, no mesmo instante, lançado na fornalha de fogo ardente.”

A pena de morte por não se curvar diante da imagem que simbolizava Babilônia como um reino eterno, indestrutível, todo-poderoso, que deveria durar para sempre, parece ser bastante severa, mas os monarcas em qualquer tempo nunca aceitaram desafios à sua autoridade. O rei não admitia que alguém desafiasse seu poder e autoridade e os oficiais sabiam que ele falava sério.

Nabucodonosor ordenou a todos os mais ilustres líderes das nações que compunham seu império a se curvarem e adorarem a imagem. Um rei soberano e poderoso baixou um decreto universal e exigiu obediência compulsória de todas as nações da Terra.

Todos foram forçados a adorar. A questão central aqui, portanto, foi a adoração forçada e a conseqüência para quem não adorasse. Será que algo parecido poderá acontecer novamente? Talvez a história de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego no campo de Dura seja uma maquete, uma miniatura do que Deus está revelando para os nossos dias.

Paralelo entre Daniel 3 e Apocalipse 13

A profecia diz que nos últimos dias outra imagem será erguida para forçar a adoração. Haverá inicialmente um boicote econômico universal e, depois, um decreto de morte contra todos os que se recusam a adorar a besta e sua imagem.

A imagem de ouro no campo de Dura era um sinal evidente da autoridade de Babilônia. A adoração da imagem representava culto a Babilônia. Haverá um sinal, marca ou símbolo da autoridade da besta perto do fim. Aqueles que não concordarem em receber esse sinal terão que desafiar a morte mantendo inabalável sua lealdade a Deus.

Daniel 3:7: “Portanto, quando todos os povos ouviram o som da trombeta, do pífaro, da harpa, da cítara, do saltério e de toda sorte de música, se prostraram os povos, nações e homens de todas as línguas e adoraram a imagem de ouro que o rei Nabucodonosor tinha levantado.”

Mas em meio a multidão, havia três jovens judeus que permaneceram em pé, ignorando a música e a imponente imagem.

Daniel 3:8: “Ora, no mesmo instante, se chegaram alguns homens caldeus e acusaram os judeus;”

Daniel 3:9: “disseram ao rei Nabucodonosor: Ó rei, vive eternamente!”

Daniel 3:10: “Tu, ó rei, baixaste um decreto pelo qual todo homem que ouvisse o som da trombeta, do pífaro, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles e de toda sorte de música se prostraria e adoraria a imagem de ouro;”

Daniel 3:11: “e qualquer que não se prostrasse e não adorasse seria lançado na fornalha de fogo ardente.”

Daniel 3:12: “Há uns homens judeus, que tu constituíste sobre os negócios da província da Babilônia: Sadraque, Mesaque e Abede-Nego; estes homens, ó rei, não fizeram caso de ti, a teus deuses não servem, nem adoram a imagem de ouro que levantaste.”

Diante de uma multidão tão vasta, o rei provavelmente não poderia ter visto que três jovens ainda estavam de pé, mas alguns homens foram a ele para dar a informação. Esses caldeus, provavelmente, estavam com inveja pelas honras dadas aos três hebreus, e alegremente aproveitaram a oportunidade para denunciá-los.

Daniel 3:13: “Então, Nabucodonosor, irado e furioso, mandou chamar Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. E trouxeram a estes homens perante o rei.”

Daniel 3:14: “Falou Nabucodonosor e lhes disse: É verdade, ó Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que vós não servis a meus deuses, nem adorais a imagem de ouro que levantei?”

Para alguns pode até passar despercebido, mas há uma grande lição aqui. O fato de o rei perguntar aos jovens “é verdade?” nos ensina que, quando alguém vem até nós e nos conta algo negativo sobre alguém, devemos, como Nabucodonosor, perguntar diretamente para a pessoa se aquilo é verdade. Muitos problemas de relacionamento seriam resolvidos se seguíssemos essa lição.

Daniel 3:15: “Agora, pois, estai dispostos e, quando ouvirdes o som da trombeta, do pífaro, da cítara, da harpa, do saltério, da gaita de foles, prostrai-vos e adorai a imagem que fiz; porém, se não a adorardes, sereis, no mesmo instante, lançados na fornalha de fogo ardente. E quem é o deus que vos poderá livrar das minhas mãos?”

Talvez os jovens não estivessem prontos, insinuou Nabucodonosor. “Agora, pois, estais dispostos…” Já tolerei uma vez, mas quando a música tocar novamente quero o rosto de vocês no chão, retrucou o rei.

Daniel 3:16: “Responderam Sadraque, Mesaque e Abede-Nego ao rei: Ó Nabucodonosor, quanto a isto não necessitamos de te responder.”

Há coisas que, em meio às crises, não precisamos pensar a respeito. Tem coisas que devem ser resolvidas antecipadamente. Os jovens já tinham a resposta, e não ficaram sequer tentados a mudar de idéia. Essa é outra lição maravilhosa que aprendemos. Não deixar para decidir alguns assuntos na hora. Nossos princípios devem estar à frente de qualquer escolha do dia-a-dia.Para que, quando formos questionados sobre algo, possamos nos mostrar fiéis como Daniel e seus amigos.

Antes de irem à dedicação da estátua, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego tomaram firme decisão: “Seremos fiéis a Deus, custe o que custar.” A decisão foi tomada anteriormente. Disseram mais ao rei: “Não estamos indecisos. Vossa Majestade não precisa nos dar um dia ou dois para pensarmos na questão. Já fizemos nossa escolha.” E nós, já escolhemos?

Daniel 3:17: “Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, Ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e das tuas mãos, ó rei.”

Daniel 3:18: “Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste.”

Os jovens hebreus cresceram obedecendo aos Dez Mandamentos. Podiam até recitá-los de memória. “Não farás para ti imagem de escultura… não te encurvarás a elas nem as servirás”(Êx 20:4, 5). Por isso, eles disseram “não” ao rei. Incondicionalmente, “não”. Os Dez Mandamentos não são negociáveis. Está chegando a hora em que muitos de nós teremos que enfrentar provações e nossa fé em Deus será provada.

Há pessoas que pensam que a fé é algum tipo de mágica. Sadraque, Mesaque e Abede-Nego disseram: “Sabemos que nossa fé em Deus pode nos levar à fornalha ardente.” Uma coisa é certa: a fé não nos livra do fogo, mas nos leva através dele.

O cristianismo não é uma espécie de amuleto da sorte para “atrair bons fluídos” e fazer com que as coisas sempre caminhem bem. Fé é forte confiança em Deus quando as coisas vão mal. Mesmo conhecendo a conseqüência da decisão que tomaram, os jovens se mantiveram firmes aos seus princípios. Que testemunho!

Daniel 3:19: “Então, Nabucodonosor se encheu de fúria e, transtornado o aspecto do seu rosto contra Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, ordenou que se acendesse a fornalha sete vezes mais do que se costumava.”

Daniel 3:20: “Ordenou aos homens mais poderosos que estavam no seu exército que atassem a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego e os lançassem na fornalha de fogo ardente.”

Daniel 3:21: “Então, estes homens foram atados com os seus mantos, suas túnicas e chapéus e suas outras roupas e foram lançados na fornalha sobremaneira acesa.”

Daniel 3:22: “Porque a palavra do rei era urgente e a fornalha estava sobremaneira acesa, as chamas do fogo mataram os homens que lançaram de cima para dentro a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego.”

Daniel 3:23: “Estes três homens, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego caíram atados dentro da fornalha sobremaneira acesa.”

Atualmente, não temos grandes imagens como a que o rei construiu, mas existem conceitos de todo tipo. Alguns deles são costumes sociais e da moda. O mundo ordena que nos curvemos diante deles. A fé genuína pode custar tudo aquilo a que damos muito valor.

Daniel 3:24: “Então, o rei Nabucodonosor se espantou, e se levantou depressa, e disse aos seus conselheiros: Não lançamos nós três homens atados dentro do fogo? Responderam ao rei: É verdade, ó rei.”

Daniel 3:25: “Tornou ele e disse: Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante a um filho dos deuses.”

Três homens foram lançados no fogo, mas um quarto homem entrou lá e ninguém estava se queimando. Essa foi a recompensa aos jovens que foram fiéis, mesmo diante da fornalha. Jesus Se fez presente ao lado deles. Que emoção devem ter sentido aqueles rapazes. Foram lançados na fornalha amarrados e a única coisa que se queimou foram às cordas que imobilizavam suas mãos. Agora estavam livres andando dentro do fogo.

Quando Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, confiantes em Deus, passaram pelas chamas ardentes da fornalha, Deus os estava ensinando a cantar uma canção na escuridão, treinando-os a terem fé, ânimo e coragem. Não foi porque Deus não os amava que foram parar na fornalha, mas porque viu neles algo muito valioso que teria de ser refinado pelas chamas do sofrimento.

Quando estivermos passando pelo fogo das dificuldades da vida, devemos nos lembrar de que o fogo queimará apenas as cordas que nos algemam a este mundo. Devemos nos lembrar de olhar através da fumaça, das chamas, das lágrimas, e veremos o Filho de Deus ao nosso lado. Mesmo dentro da fornalha, Deus não nos abandona.

Daniel 3:26: “Então, se chegou Nabucodonosor à porta da fornalha sobremaneira acesa, falou e disse: Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, servos do Deus Altíssimo, saí e vinde! Então, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego saíram do meio do fogo.”

Daniel 3:27: “Ajuntaram-se os sátrapas, os prefeitos, os governadores e conselheiros do rei e viram que o fogo não teve poder algum sobre os corpos destes homens; nem foram chamuscados os cabelos da sua cabeça, nem os seus mantos se mudaram, nem cheiro de fogo passara sobre eles.”

Daniel 3:28: “Falou Nabucodonosor e disse: Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que enviou o Seu anjo e livrou os seus servos, que confiaram nEle, pois não quiseram cumprir a palavra do rei, preferindo entregar o seu corpo, a servirem e adorarem a qualquer outro deus, senão ao seu Deus.”

Nabucodonosor viu que os jovens hebreus possuíam algo que ele não tinha. Eles tinham um Deus que os salvara. Então o rei fez uma confissão pública, buscando exaltar o Deus do Céu acima de todos os outros deuses.

Daniel 3:29: “Portanto, faço um decreto pelo qual todo povo, nação e língua que disser blasfêmia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego seja despedaçado, e as suas casas sejam feitas em monturo; porque não há outro deus que possa livrar como este.”

Os seres humanos não aprendem facilmente. O rei fez um novo decreto para obrigar as pessoas a adorar, desta vez, ao Deus dos jovens hebreus. Errou novamente. Deus nunca impõe obediência. Ele deixa todos livres para escolher a quem servir. Jesus bate a porta de nosso coração, e nos dá o livre arbítrio para escolhermos abrir ou não.

Daniel 3:30: “Então, o rei fez prosperar a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego na província da Babilônia.”

O aspecto mais importante deste capítulo é a quarta pessoa dentro da fornalha. É o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo! São vários os testemunhos que temos de que vale a pena confiar em Deus. Quando dizemos não para este mundo e sim para Deus, podemos e vamos enfrentar provações, mas assim como os jovens na Babilônia, sentiremos a proteção e o cuidado pessoal de Deus.

(Texto da jornalista Graciela Érika Rodrigues, baseado na palestra do advogado Mauro Braga. O textos anteriores podem ser obtidos no marcador “Daniel”)

Desvendando o Apocalipse: o selo de Deus

O assunto é tão importante que Deus abriu um parêntese antes de falar sobre o sétimo selo para mostrar a João que, antes da volta de Jesus, existirá um povo especial responsável por realizar uma obra profética mundial. O capítulo sete apresenta informações adicionais particulares concernentes ao sexto selo. João visualiza essa cena antes de o céu retirar-se como um livro que se enrola, e depois dos sinais no Sol, na Lua e nas estrelas. Isso ocorre entre os versos 13 e 14 de Apocalipse 6.

Apocalipse 7:1: “Depois destas coisas vi quatro anjos que estavam sobre os quatro cantos da terra, retendo os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem contra árvore alguma.”

Os quatro cantos da Terra denotam os quatro pontos cardeais: Norte, Sul, Leste e Oeste. Isso significa que esses anjos têm toda a Terra para cuidar.

Os anjos são agentes sempre presentes nos negócios da Terra. Aqui fica claro que Deus lhes confiou uma poderosa obra: reter os quatro ventos da Terra. Isso é uma profecia a cumprir-se imediatamente antes da segunda vinda de Cristo.

Na Bíblia, ventos significam comoção política, agitação, guerras (Dn 7:2, 3, 16, 17; Is 17:12-14; Jr 49:35-37).

Não fosse pelos quatro anjos segurando os ventos, a civilização se auto-destruiria. Os anjos do mal estão agitando os ventos das guerras. Os acontecimentos internacionais falam em voz alta de que se aproxima o momento decisivo em que os ventos serão soltos, e se estabelecerá o caos total. Simultaneamente, ao serem soltos os ventos, virão as sete últimas pragas preditas no capítulo 16.

Mas a obra dos anjos de segurar os ventos tornará possível a realização de outra obra muito especial, que será descrita nos versos seguintes. O tempo da graça divina por um mundo caído e ingrato terá se esgotado para sempre. Multidões que estão recebendo e rejeitando o convite da misericórdia estarão excluídas da salvação que desprezam. Agora, porém, é o tempo da decisão.

Apocalipse 7:2: “Vi outro anjo subir do lado do sol nascente, tendo o selo do Deus vivo. Ele clamou com grande voz aos quatro anjos, a quem fora dado o poder de danificar a terra e o mar,”

Apocalipse 7:3: “dizendo: Não danifiques a terra, nem o mar, nem as árvores, até que tenhamos selado nas suas testas os servos do nosso Deus.”

A Bíblia usa as palavras “sinal” e “selo” de maneira intercalada. Em Gênesis 17:11, é dito que a circuncisão era um “sinal”. Em Romanos 4:11, ela é mencionada como sendo um “selo”. O selo é uma marca distinta que torna o povo de Deus diferente. Segundo as Escrituras, o selo de Deus é o sábado (Êx 31:16, 17; Ez 20:12, 20).

Os Dez Mandamentos são a Lei de Deus. Para uma lei ser autêntica, é necessário que ela tenha três características: nome do legislador, função e território.

O quarto é o único mandamento onde é possível encontrar essas três características.

Êxodo 20:8 a 11: “Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou.”

Nome do Legislador: Deus

Sua função: Criador

Território: Terra

A expressão “selado nas suas testas” quer dizer que haveria um povo que teria consciência da importância de guardar e santificar o sábado, que é o selo de Deus. Como se trata de uma obra de evangelização, esse anjo deve representar, sem dúvida, um movimento mundial que deverá chamar a atenção dos homens para o selo de Deus.

O anjo é tão-somente o portador do selo. Mas o Selador deve ser Aquele que é o único capaz de convencer os homens a aceitar o selo de Deus. O Espírito Santo é quem convence o homem do pecado, da justiça e do juízo. Em outras palavras, Ele convence o mundo sobre a transgressão da lei, porque, segundo o apóstolo João, pecado também é a transgressão da lei.

Só guardar o sábado não garante o selamento; é preciso ser santificado. Somente depois que os pecados são apagados por Jesus no santuário celestial é que os Seus servos poderão receber o “selo do Deus vivo”, pois o sábado, como vimos, é um sinal de “santificação” (Ez 20:20).

Apocalipse 7:4: “E ouvi o número dos que foram selados, e eram cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel.”

Apocalipse 7:5: “Da tribo de Judá, doze mil foram selados; da tribo de Rúben, doze mil; da tribo de Gade, doze mil;”

Apocalipse 7:6: “da tribo de Aser, doze mil; da tribo de Naftali, doze mil; da tribo de Manasses, doze mil; da tribo de Simeão, doze mil; da tribo de Levi, doze mil; da tribo de Issacar, doze mil;”

Apocalipse 7:8: “da tribo de Zebulom, doze mil; da tribo de José, doze mil; da tribo de Benjamin, doze mil.”

Essa profecia não trata do Israel que foi condenado como nação por ter rejeitado o Filho de Deus. Então, quem são os 144 mil?

Os 144 mil representam um símbolo do Israel espiritual, a igreja de Deus. O número 144 (12 tribos de Israel x 12 apóstolos) simboliza o povo de Deus de todos os tempos (Ap 21:12-14), por isso o número 144 é multiplicado por mil. Os 144 mil são um grupo especial de pessoas que estarão no Céu.

Apocalipse 7:9: “Depois destas coisas olhei, e vi uma grande multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, que estavam em pé diante do trono e perante o Cordeiro, trajando compridas vestes brancas, e com palmas nas mãos.”

Apocalipse 7:10: “Clamavam com grande voz: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro.”

Apocalipse 7:11: “Todos os anjos estavam em pé ao redor do trono e dos anciãos e dos quatro seres viventes, e prostraram-se diante do trono sobre seus rostos, e adoraram a Deus,”

Apocalipse 7:12: “dizendo: Amém. Louvor e glória e sabedoria e ação de graças e honra e poder e força ao nosso Deus, para todo o sempre. Amém.”

Apocalipse 7:13: “Então um dos anciãos me perguntou: Estes que estão vestidos de branco, quem são eles e de onde vieram?”

Apocalipse 7:14: “Respondi-lhe: Senhor, tu o sabes. Disse-me ele: Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro.”

Apocalipse 7:15: “Por isso estão diante do trono de Deus, e O servem de dia e de noite no Seu templo; e aquele que está assentado sobre o trono estenderá o Seu tabernáculo sobre eles.”

Apocalipse 7:16: “Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede. Nem sol nem calor algum cairá sobre eles.”

Apocalipse 7:17: “Pois o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará e os conduzirá às fontes das águas da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima.”

O profeta contempla todos os santos salvos, “de todas as nações, e tribos, e povos e línguas”, de todos os séculos da história do mundo. Todos trajarão uma vestimenta única – as vestes brancas simbólicas da justiça do Salvador. Ostentarão palmas em suas mãos como emblemas da grande vitória alcançada sob o poder de Jesus. Essa multidão incontável é composta dos que “vieram da grande tribulação”.

Todos os cristãos passam por tribulações para entrar no reino de Deus (At 14:22). A Bíblia fala sobre o tempo de angústia “qual nunca houve, desde que houve nação” (Dn 12:1).

Nem fome, nem sede. Isso mostra que eles passaram fome e sede. Nas sete últimas pragas, os pastos, com todos os frutos e a vegetação, ficam secos (Jl 1:18-20), e os rios e fontes tornam-se em sangue (Ap 16:4-7). Nesse tempo, a dieta de justiça será reduzida para pão e água, e isso será certo (Is 33:16).

Nas pragas, o Sol recebe poder para “abrasar os homens com fogo” (Ap 16:8, 9). Os justos serão protegidos dos efeitos mortais.

Deus tem muitos filhos espalhados ao redor do mundo. São encontrados em todas as igrejas e até mesmo fora das igrejas. Sua mensagem de selamento está indo depressa a todas as terras, reunindo aqueles cujo coração é perfeito para com Ele.

Aqueles que estão diante do trono louvam e servem a Deus de dia e de noite porque “Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima”.

(Texto da Jornalista Graciela Érika Rodrigues, inspirado na palestra do advogado Mauro Braga.)

Gráfico: Períodos proféticos em Daniel

Daniel 10-12 e Daniel 7 também compartilham entre si da mesma preocupação em descrever a seqüência de reinos e poderes que estariam diretamente relacionados com o povo de Deus até o final dos tempos. A seqüência é a mesma, salvo pelo fato de Daniel 7 começar primeiro por Babilônia (leão), enquanto que Daniel 10-12 inicia-se com os Persas. Entretanto, não há contradição, porque em Daniel 7 o império babilônico ainda existia, e em Daniel 10-12 já havia sido conquistado pelos Medo-Persas. Assim, o “urso” de Daniel 7:5, 17 corresponde aos reis persas de Daniel 10:1, 13, 20 e 11:12. O leopardo com 4 asas e 4 cabeças (Dn 7:6, 17), a quem foi dado o domínio, corresponde ao poderoso rei da Grécia, cujo reino seria dividido aos quatro ventos dos céus (Dn 10:20; 11:3-13).

O “animal terrível” com dez chifres, dentre os quais aparece um chifre pequeno com boca e olhos de homem (Dn 7:7-8, 19-25), aparece em paralelo co “Rei do Norte” em Daniel 11:14-45. Ambos blasfemam contra o Altíssimo (Dn 7:8, 24-25; 11:36-39), perseguem os santos e tentam destruí-los (Dn 7:21, 25; 11:15, 33-35). O tempo em que os santos lhe serão entregues nas mãos é o mesmo, “um tempo, tempos e metade de um tempo” (Dn 7:25, 12:7; ver também Dn 11:33, 35).

Após esse período vem o Juízo, quando os livros serão inspecionados (Dn 7:10; 12:1). Esse Juízo traz destruição para os poderes que lutam contra Deus e os ímpios, e justificação e libertação ao perseguido povo do Altíssimo (Dn 7:9-12, 22, 26-27; 11:35, 45; 12:1-3). Em Daniel 7, esse Juízo está associado à figura do Filho do homem (Dn 7:13-14), enquanto que em Daniel 10-12 está associado com Miguel, o Grande Príncipe (Dn 12:1-3).

Implicações do paralelismo entre Daniel 10-12 e Daniel 7

Os períodos proféticos dos três tempos e meio, dos 1.290 dias e dos 1.335 dias são partes do grande período profético das 2300 tardes e manhãs. Portanto, estão no passado.

Finalmente, o paralelo entre Daniel 12:5-7 e 8:13-16 nos indica que foi esse mesmo Ser divino, vestido em vestes sacerdotais, quem declarou, de forma solene, o tempo que duraria a supremacia da “Abominação Assoladora”, e quando começaria o Juízo divino para julgar o Chifre Pequeno, para destruí-lo e para vindicar o santuário de Deus e os santos do Altíssimo. A descrição da cena em ambos os capítulos é idêntica: O Ser divino com aparência de um homem está sobre as águas de um rio (Dn 12:6; 8:16), um outro ser celestial que está às margens do rio faz a pergunta: “Ad Matai” (Até quando? Dn 12:6; 8:13). O Ser divino responde dando uma cifra de tempo (Dn 12:7, “tempo, tempos e metade de um tempo”; Dn 8:14, “até duas mil e trezentas tardes e manhãs”). Estes dois períodos estão ligados ao tempo de supremacia da “Transgressão Assoladora”, ou seja, do “Chifre Pequeno” (Dn 12:7; 8:13). O texto claramente expõe que o enfoque desses tempos proféticos é o final do tempo da destruição do povo santo. Esse tempo de destruição foi marcado pelo fato do “Contínuo” ter sido tirado e estabelecida a “Abominação Desoladora” (Dn 12:7, 11; 8:13).

Daniel 12:11 acrescentou um terceiro período aos dois mencionados acima: 1290 dias. Textualmente, todos esses períodos estão ligados entre si, e a interpretação de um determina a interpretação do outro. Quando o Ser divino, em Daniel 12:7, menciona o período de “tempo, tempos e metade de um tempo”, ele diretamente evoca o mesmo período de tempo que já havia sido referido em Daniel 7:25. Em Daniel 7 este tempo correspondia também ao tempo da supremacia do “Chifre Pequeno”, tempo em que os santos lhe seriam entregues nas mãos. Mas após esse período, seria estabelecido o Juízo divino para julgar especialmente o “Chifre Pequeno”, e trazer libertação ao povo de Deus (Dn 7:26-27).

Daniel 7, assim, nos provê um lado básico: após os três tempos e meio de supremacia do “Chifre Pequeno” seria estabelecido o juízo descrito em Daniel 7:9-14. Mas quando ocorreria esse juízo? Daniel 8:14 responde: após “duas mil e trezentas tardes e manhãs”. A partir de quando se começaria a contar este período de “tardes e manhãs”? A resposta aparece em Daniel 9 com as 70 Semanas. Na profecia das 70 Semanas, o livro de Daniel nos dá o marco inicial para o longo período profético das “tardes e manhãs”. Fala da vinda do Messias e especifica que no mesmo tempo do seu aparecimento surgiria também o poder assolador descrito em Daniel 7 e 8.

Assim, temos firmados no texto de Daniel dois lados básicos quanto aos limites históricos dentro dos quais se inserem os tempos proféticos de Daniel: o início das 70 Semanas marcam o limite inicial, enquanto que o fim das “duas mil e trezentas tardes e manhãs” o seu limite final. Entre esse início e fim estão os períodos dos três tempos e meio (1.260 dias) e 1290 dias, referindo-se ao período da supremacia da “Abominação Desoladora”, que deveriam terminar um pouco antes do início do tempo do juízo (Dn 7:25-26).

Por último, o livro de Daniel adiciona mais um período de tempo, os 1335 dias, dizendo: “Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias” (Dn 12:12). A que período o anjo se refere aqui? É importante notar que essa última declaração cronológica em Daniel está intimamente ligada à anterior, ao período de 1290 dias (Dn 12:11), e é apresentada como uma prolongação, uma extensão desse período anterior (Dn 12:11-12). O livro de Daniel nos dá assim mais um dado cronológico, indicando o tempo que separaria o fim do período da supremacia da “Abominação Desoladora” e o início do tempo do juízo (ou seja: 1335 menos 1290 dias, igual a 45 dias), dado que não tinha sido precisado em Daniel 7:26-27. Assim, o livro de Daniel fecha o ciclo: o capítulo 12 de Daniel complementa os dados fornecidos no capítulo 7. Enquanto Daniel 8 informa sobre o marco final dos tempos cronológicos (igual ao Juízo de Deus, após “duas mil e trezentas tardes e manhãs”), Daniel 9 informa ao leitor o seu marco inicial, as 70 Semanas. Qualquer interpretação séria desses períodos cronológicos de Daniel deve tomar em conta essas informações do texto e suas implicações. A interpretação tradicional adventista do sétimo dia tem tentado ser fiel a estes dados textuais e tem podido verificar na história a precisão da palavra profética:

1) Marco inicial (Setenta Semanas): 457 a.C. – Decreto de Artaxerxes (Esdras 7). “Desde a saída da ordem para restaurar e edificar Jerusalém…” (Dn 9:25).

2) Período de supremacia da “Assolação Desoladora”:
a) Início dos 1290 dias/anos em 508 d. C.: Vitória dos Francos sobre os Visigodos (arianos). Clóvis, rei dos Francos, envia a Roma uma coroa para ser colocada sobre a cabeça do Papa.
b) Início dos 1260 dias/anos em 538 d. C.: Roma é liberta das mãos dos ostrogodos, última potência ariana na Europa, o Papa se estabelece como a autoridade e governante supremo sobre toda a Europa.
c) Fim dos 1290 e 1260 dias/anos em 1798 d. C.: O Papa foi deposto, aprisionado e exilado pelo exército francês.

3) Período de intervalo entre o final da supremacia da “Assolação Desoladora” e o Início do Juízo: 45 dias/anos (45 anos), ou seja, de 1798 a 1843/1844.

4) Marco final (o fim da “2300 tardes e manhãs”): 1844 d. C., 2300 anos após o decreto de Artaxerxes.

Reinaldo W. Siqueira, Ph.D.

Fonte: Revista Teológica Parousia, Ano 1, Nº 2, p. 61-66.