Quanto você vale?

– Venho aqui, professor, porque me sinto tão pouca coisa, que não tenho forças para fazer nada. Dizem-me que não sirvo para nada, que não faço nada bem, que sou lerdo e muito idiota. Como posso melhorar? O que posso fazer para que me valorizem mais?

O professor, sem olhá-lo, disse: – Sinto muito meu jovem, mas não posso te ajudar, devo primeiro resolver o meu próprio problema. Talvez depois.

E fazendo uma pausa, falou: – Se você me ajudasse, eu poderia resolver este problema com mais rapidez e depois talvez possa te ajudar.

– C… claro, professor – gaguejou o jovem, que se sentiu outra vez desvalorizado e hesitou em ajudar seu professor. O professor tirou um anel que usava no dedo pequeno e deu ao garoto e disse:

– Monte no cavalo e vá até o mercado. Devo vender esse anel porque tenho que pagar uma dívida. É preciso que obtenhas pelo anel o máximo possível, mas não aceite menos que uma moeda de ouro. Vá e volte com a moeda o mais rápido possível.

O jovem pegou o anel e partiu. Mal chegou ao mercado, começou a oferecer o anel aos mercadores. Eles olhavam com algum interesse, até quando o jovem dizia o quanto pretendia pelo anel. Quando o jovem mencionava uma moeda de ouro, alguns riam, outros saíam sem ao menos olhar para ele, mas só um velhinho foi amável a ponto de explicar que uma moeda de ouro era muito valiosa para comprar um anel. Tentando ajudar o jovem, chegaram a oferecer uma moeda de prata e uma xícara de cobre, mas o jovem seguia as instruções de não aceitar menos que uma moeda de ouro e recusava as ofertas. Depois de oferecer a jóia a todos que passaram pelo mercado, abatido pelo fracasso montou no cavalo e voltou. O jovem desejou ter uma moeda de ouro para que ele mesmo pudesse comprar o anel, livrando a preocupação e seu professor e assim podendo receber ajuda e conselhos.

Entrou na casa e disse: – Professor, sinto muito, mas é impossível conseguir o que me pediu. Talvez pudesse conseguir 2 ou 3 moedas de prata, mas não acho que se possa enganar ninguém sobre o valor do anel.

– Importante o que disse, meu jovem, contestou sorridente o mestre. Devemos saber primeiro o valor do anel. Volte a montar no cavalo e vá até o joalheiro. Quem melhor para saber o valor exato do anel? Diga que quer vendê-lo e pergunte quanto ele te dá por ele. Mas não importa o quanto ele te ofereça, não o venda. Volte aqui com meu anel.

O jovem foi até o joalheiro e lhe deu o anel para examinar. O joalheiro examinou-o com uma lupa, pesou-o e disse:

– Diga ao seu professor, se ele quiser vender agora, não posso dar mais que 58 moedas de ouro pelo anel.

O jovem, surpreso, exclamou: – 58 MOEDAS DE OURO???

– Sim, replicou o joalheiro, eu sei que com tempo poderia oferecer cerca de 70 moedas, mas se a venda é urgente…

O jovem correu emocionado para a casa do professor para contar o que ocorreu.

– Sente-se, disse o professor, e depois de ouvir tudo que o jovem lhe contou, disse:

– Você é como esse anel, uma jóia valiosa e única. E que só pode ser avaliada por um expert. Pensava que qualquer um podia descobrir o seu verdadeiro valor???

E dizendo isso voltou a colocar o anel no dedo.

Todos somos como esta jóia. Valiosos e únicos e andamos pelos mercados da vida pretendendo que pessoas inexperientes nos valorizem. Só Jesus sabe nosso verdadeiro valor!

A arte de repreender com brandura


Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Lucas 17:3

Lucas não esclarece como se deve repreender um irmão. Porém o apóstolo Paulo nos dá essa orientação: “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura” (Gl 6:1). Não é fácil corrigir com brandura, pois quem corrige geralmente está irritado com quem cometeu a falta, e se não tiver educação e domínio próprio poderá usar palavras ásperas e ofensivas, que talvez causem ressentimento por toda a vida.
São comuns as repreensões no âmbito do trabalho, no lar, nos esportes, e também na igreja. O conselho do apóstolo Paulo, de corrigir com espírito de brandura, se dirige, em primeiro plano, aos irmãos da igreja. Mas pode ser aplicado em qualquer esfera do relacionamento humano.
Cristo é nosso Modelo também quanto ao assunto da repreensão. Ele foi um grande repreensor: repreendeu fariseus, mercadores do Templo, Seus próprios discípulos, e até os demônios. Repreendeu o vento e o mar. Em alguns casos, Sua repreensão foi extremamente severa, como quando disse a Pedro: “Arreda, Satanás!” (Mt 16:23). Essas foram quase as mesmas palavras com que Cristo repeliu a Satanás no deserto (Mt 4:10). “As palavras de Cristo, no entanto, foram dirigidas não tanto ao discípulo, mas àquele que as havia instigado” (SDABC, v. 5, p. 434).
Repreender Satanás é diferente de repreender um irmão. Um irmão faltoso precisa ser corrigido com amor, visando sua restauração. Satanás não pode ser tratado com brandura, pois está além da possibilidade de recuperação.
Vejamos agora a maneira vigorosa como Cristo recusou o pedido da mãe de Tiago e João. Ela se aproximou de Jesus para pedir-Lhe um favor: “Manda que, no Teu reino, estes meus dois filhos se assentem, um à Tua direita, e o outro à Tua esquerda” (Mt 20:21). Jesus lhe disse que ela não sabia o que estava pedindo, e que não Lhe competia conceder tal coisa.
A mãe desses dois discípulos não ficou ressentida com essa recusa, pois Cristo sabia censurar alguém de tal maneira que Seu amor se irradiava através de Suas palavras. A prova de que ela não ficou ofendida é que, quando Cristo morreu, ela estava lá, junto à cruz, com as outras mulheres. Ela demonstrou humildade para aceitar uma repreensão feita com amor.
E este é o duplo recado que a Palavra de Deus nos deixa: corrigir com amor e aceitar a correção com humildade.

fonte:/Meditações Diárias

A Mulher de Ló

Você já ouviu um sermão inesquecivel?
De algum personagem que você não gostaria de esquecer?

Sabia que a própria Bíblia fala que não devemos esquecer de uma pessoa?
Abra a sua Bíblia em Lucas-17:32

“Lembrai-vos da mulher de Ló”
Quem foi Ló? Resumo – Genesis 18:17 até 19:26

Jesus estava falando esta palavra aos seus discípulos. Não era endereçada aos fariseus, aos estranhos ao evangelho, não. Era para o seu grupo íntimo, os apóstolos. E esta palavra é para você, meu irmão, que me ouve nesta noite.

E atendendo a ordem de Jesus, gostaria de lembrar com todos nesta hora três aspectos da história da mulher de Ló. E creio que Deus estará falando aos nossos corações, pois estes três aspectos nos ajudarão a desenvolver uma vida cristã mais sadia, que por sua vez nos levará a um testemunho mais comprometido com Deus e seu reino.

I A mulher de Ló era totalmente apegada ao pecado

Quando Jesus pede aos seus ouvintes para lembrarem da mulher de Ló, estava querendo que eles se lembrassem de como sua vida era apegada ao pecado. Ela e sua família moravam em uma das cidades mais pecaminosas de sua época, Sodoma.

Foi, sem dúvida, pela intercessão de Abraão que a família de Ló fora poupada da destruição. Mas Deus avisou: Quando vocês estiverem fugindo e correndo da destruição, não olhem para trás…. não olhem para trás…. não olhem para trás…. Nesta nova oportunidade, Deus queria que eles não tivessem nenhuma lembrança daquela cidade e daqueles habitantes. Mas a mulher de Ló estava muito apegada àquela vida, e àquela cidade, aos pecados daquela cidade; enquanto corria seu corpo estava se ausentando daquele lugar, mas não o seu coração. Seu coração e seus pensamentos permaneciam em Sodoma.

Crente girafa por mais crente que pareça, tem o corpo na igreja e a cabeça no mundo!

Onde está o teu tesouro, ali estará o teu coração. Mt. 6:21.
Nenhuma vida pode ser mudada sem que as raízes do pecado sejam cortadas.

Ou você escapa do pecado ou você se atola nele. É isso que a Bíblia diz: “Continue o injusto fazendo injustiça; continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça; e o santo continue a santificar-se. Apoc. 22:11. “Lembrai-vos da mulher de Ló!

II A mulher de Ló morreu sem precisar ter morrido

É assim que devemos lembrar dela. Como ALGUÉM que morreu sem precisar ter morrido. A tragédia da mulher de Ló é a tragédia do ser humano. E qual é então a tragédia? É não levar Deus a sério! As pessoas pensam que Deus está brincando de ser Deus, pensam que Deus não tem o que fazer… Mas Deus mandou o anjo dizer: Fujam e não olhem para trás… A mulher não acreditou e deve ter pensado: Será que é verdade o que Deus está dizendo? Vamos ver se é verdade. E olhou para trás, sendo assim transformada em uma estatua de sal. Vivemos em um tempo em que a maioria das pessoas não levam Deus a sério; a Bíblia fala uma coisa e as pessoas pensam que é outra. Quem deseja servir a Deus não pode ficar olhando para trás.
Nosso modelo deve ser o apóstolo Paulo: “…mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam, e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” Fil. 3:13,14. Lembrai-vos da mulher de Ló. Destruiu sua vida porque não creu na palavra de Deus.

III A Mulher de Ló virou um monumento de incredulidade
Ela cuidou só dos seus interesses, das suas paixões, e deu pouca importância à sua alma. Ela se preocupou somente com o temporal e não com o eterno. “O que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se perder sua alma? Ou o que daria o homem em resgate de sua alma?” Mateus 16:26. E se tornou em uma estatua de sal. Eu imagino naquela trilha, uma estátua de sal. É costume do nosso povo, sempre que acontece um acidente com vítima, a família coloca uma cruz. E toda vez que passamos naquele lugar, lembramos que aquela pessoa foi vítima de um acidente. Imaginemos agora aquele caminho ou trilha por onde fugiam Ló e sua família? Uma estátua de sal do tamanho de uma pessoa com a cabeça virada para trás. O que diriam as pessoas que por ali passavam? Aqui está a estatua de uma mulher que não acreditou na palavra de Deus, de uma mulher incrédula, que desobedeceu a Deus e olhou para trás. Essa estatua é uma lembrança de que todos devem exercitar a fé no Deus vivo e verdadeiro. Imagine quantas pessoas estão no processo de se tornarem estatuas de sal, pois não acreditam na palavra de Deus e serão os futuros monumentos da incredulidade. A única diferença é que são estatuas móveis e a mulher de Ló ficou parada na montanha, imóvel. Monumentos da incredulidade, pessoas que não acreditam na palavra de Deus. O anjo disse: Não olhes para trás, mas ela olhou. E Jesus pede para que nos lembremos da mulher de Ló. Não olhe para trás, olhe para frente e te mostrarei o que tenho preparado para você.

Conclusão

Cuidado com sua vida espiritual, para que não venhas a se tornar um monumento da incredulidade e passes para a história como a mulher de Ló. Você lembra de fulano? Virou uma estatua de sal! Aquela menina que cantava? Virou uma estatua de sal! Olhou para trás, para o mundo e naufragou na fé. Você deve analisar sua vida.. .. se você está num processo de petrificação, coração insensível peça ao Senhor que transforme seu coração, tirando de seu interior o coração de pedra e colocando um coração de carne, um novo coração, capaz de obedecer a Deus. Prossiga em sua caminhada cristã olhando para frente, conforme Hebreus 12: 1,2…. Lembrai-vos da mulher de Ló! De seu apego ao mundo e ao pecado; de sua morte prematura; de sua incredulidade. Jesus deseja que todos se lembrem destes detalhes, pois isso tem arruinado a vida de muita gente em nossos dias.

A maior desgraça que uma pessoa pode experimentar, é se arrepender de ter-se arrependido.
Isso nos ensina uma lição importante: não adianta o corpo estar fora.É preciso que o coração esteja fora juntamente. Quantas pessoas há com o coração tão apegado a este mundo!

“Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele”. I Jo. 2:15.

Que esta frase fique gravada no seu coração: “Lembrai-vos da mulher de Ló”.

Você não está aqui para ser lembrado como uma estátua de sal, mas como sal, sal da Terra. A estátua é morta, não anda. Mas o sal cura, dá o gosto, conserva.

fonte://tinguiteen.com

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Estudos bíblicos que revelam o Grande Conflito entre o Bem e o Mal e nos indicam como podemos ser vitoriosos nesta batalha espiritual. Através de uma linguagem simples e direta, o Pr. Luís Gonçalves nos auxilia no entendimento das profecias do apocalipse. Boa sugestão para pequenos grupos, reuniões evangelísticas, projectos de Semana Santa ou mesmo para a meditação de pessoas que se encontram impossibilitadas de ir à igreja. Para solicitar o seu Clique Aqui !

O argumento fracassado dos observadores do domingo – Apocalipse 1:10 (Parte 2)

O dia do Senhor na Bíblia

 

 

“Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército.  E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito.  E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera.” Gênesis 2:1-3 (Não venha me dizer que aqui não é o sábado…)

“Lembra-te do dia de sábado, para o santificar.  Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra.  Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro;  porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o SENHOR abençoou o dia de sábado e o santificou.” Êxodo 20:8-11.

“Respondeu-lhes ele: Isto é o que disse o SENHOR: Amanhã é repouso, o santo sábado do SENHOR; o que quiserdes cozer no forno, cozei-o, e o que quiserdes cozer em água, cozei-o em água; e tudo o que sobrar separai, guardando para a manhã seguinte.” Êxodo 16:23 (Não se esqueça que o aquecer fogo no deserto exigia muito esforço e trabalho. Eles não tinham palitos de fósforos ou isqueiros como nós)

“De que, trazendo os povos da terra no dia de sábado qualquer mercadoria e qualquer cereal para venderem, nada comprariam deles no sábado, nem no dia santificado; e de que, no ano sétimo, abririam mão da colheita e de toda e qualquer cobrança.” Neemias 10:31.

“Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses no meu santo dia; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do SENHOR, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs” Isaías 58:13.

“Porque o Filho do Homem é senhor do sábado.” Mateus 12:8 (Aqui e no texto seguinte Jesus não diz que é o “senhor do sábado” para desobedecer e sim para dar o exemplo, ensinando as pessoas a guardarem o sétimo dia da maneira correta).

 “De sorte que o Filho do Homem é senhor também do sábado.” Marcos 2:28.

Onde na Bíblia o domingo é chamado de “dia do Senhor”?

Os textos são tão claros para o filho de Deus – regenerado pelo Espírito – que não farei maiores comentários. Cabe a cada um aceitar ou não o que Deus diz e depois prestar contas a Ele pessoalmente (Rm 14:12; 2Co 5:10).

Gostaria que os defensores do domingo me respondessem a pelo menos uma pergunta, das várias que surgiram com esse artigo:

Como João iria se referir ao domingo em Apocalipse 1:10, sendo que a primeira citação como sendo este o dia do Senhor aparece cerca de 70 a 75 anos DEPOIS dele escrever esse texto?

Aguardarei respostas sinceras e embasadas na Bíblia.

“Então, disse o SENHOR a Moisés: Até quando recusareis guardar os meus mandamentos e as minhas leis?” Êxodo 16:28

[Mensagem de Deus aos guardadores do domingo]

 Leandro Quadros.

fonte:/www.novotempo.org.br/namiradaverdade

O argumento fracassado dos observadores do domingo – Apocalipse 1:10 (Parte 1)

Publicado em 26 de julho de 2010, por Leandro Quadros no site Na Mira da Verdade, link no final desta:

Os observadores do domingo, em uma tentativa desesperada de defender o indefensável, apelam aos pais da igreja e ao texto de Apocalipse 1:10 para “provar” que o “dia do Senhor” não é o sábado. Leiamos o texto:

“Achei-me em espírito, no dia do Senhor, e ouvi, por detrás de mim, grande voz, como de trombeta” Apocalipse 1:10.

Eles pecam em duas coisas:

1) Em usar a autoridade dos pais da igreja no lugar da autoridade da Bíblia (Jo 17:17);

2) Em dizer que a expressão grega Kuriakê heméra (Dia do Senhor), utilizada em Apocalipse 1:10, se refere ao primeiro dia da semana.

Vamos analisar a fragilidade dessa argumentação e mostrar que a Bíblia continua sendo a autoridade para o cristão que respeita a Deus e a autoridade de Sua Palavra.

Os pais da igreja

Mesmo tendo sido homens piedosos em suas épocas, não podemos fazer de tais homens nossa autoridade final em assuntos doutrinários. Isso por que “Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens.” (At 5:29).

Veja no que alguns dos pais da igreja acreditavam e conclua por si mesmo se, em matéria de doutrina, eles são confiáveis 100%. As informações a seguir forma extraídas do livro Subtilezas do Erro (1981):

Inácio dizia que se torna assassino quem não jejua no sábado; defende a transubstanciação, considerando herege quem admite apenas o simbolismo da santa ceia e exalta demais a autoridade do bispo, pondo-a acima da de César, chegando ao cúmulo de afirmar que, quem não o consulta, segue a satanás.

Barnabé (se é que existiu tal personagem), diz que a lebre muda a cada ano o lugar da concepção, que a hiena muda de sexo anualmente, e a doninha concebe pela boca. Afirma que Abraão conhecia o alfabeto grego (séculos antes que tal alfabeto existisse) e alegoriza a Bíblia.

Justino ensinava, entre outros absurdos, que os anjos do céu comem maná e que Deus, no princípio do mundo, deu o sol para ser adorado.

Clemente de Alexandria sustenta que os gregos se salvam pela sua sabedoria; afirma que Abraão era sábio em astronomia e aritmética e que Platão era profeta evangélico.

Tertuliano diz regozijar-se com os sofrimentos dos ímpios no inferno. Afirma que os animais oram. Defende o purgatório e a oração pelos mortos.

Eusébio era ariano (negava a Divindade de Cristo)

Irineu quer que as almas, separadas do corpo, tenham mãos e pés. Defende a supremacia de Roma, alegando que a igreja tem mais autoridade que a Palavra de Deus. Defende ardorosamente o purgatório.

Tais homens são as autoridades doutrinárias dos observadores do domingo, caro leitor! Pasmem! Não foi por acaso que Adam Clarck, comentarista evangélico, disse sobre eles: “Em ponto de doutrina a autoridade deles é, a meu ver, nula” – Clarkes’s Commentary, on Proverbs 8.

A expressão Kuriakê heméra (dia do Senhor) se refere ao domingo?

Só para os desinformados. No grego clássico, realmente a expressão foi aplicada por alguns pais da igreja ao domingo. Entretanto, a Bíblia não foi escrita no grego clássico, mas, no grego koinê (comum, do povo). Por isso, precisamos buscar o significado da expressão no tipo de grego utilizado pelos autores do Novo Testamento. Isso é óbvio demais a ponto de nem ser preciso redigir um comentário desses no presente artigo. Mas, por amor à verdade, é bom deixar tudo bem claro.

Eis algumas evidências de que a expressão grega para “dia do Senhor” (no grego bíblico) não se refere ao primeiro dia da semana:

1) A primeira menção ao domingo como “dia do Senhor” encontra-se num escrito falsamente atribuído a Pedro, chamado “Evangelho Segundo Pedro” (cap. 9:35), datado pelo menos uns 70 a 75 anos após o período que João escreveu o Apocalipse.

Uma pergunta aos dominguistas:

Como João iria se referir ao domingo em Apocalipse 1:10, sendo que a primeira citação como sendo este o dia do Senhor aparece cerca de 70 a 75 anos DEPOIS dele escrever este texto? Impossível!

2) Justino Mártir (ano 150 d.C) quando alude a um costume que se implanta entre os cristãos de sua época a reunirem-se no 1o dia da semana, refere-se a esse dia com a expressão “dia do Sol” e não “dia do Senhor”.

3) O evangelho de João teria sido escrito mais ou menos na mesma década que o Apocalipse e, ao referir-se ao domingo, o apóstolo não o chama de “dia do Senhor”, mas meramente “primeiro dia”. Nenhum título de santidade é dado ao domingo (só na imaginação fértil dos que são contra o quarto mandamento da Lei de Deus)

4) Nem o Pai nem o filho reclamaram o domingo como “SEU” em qualquer sentido. Se seguirmos a lógica dos oponentes (em guardar o domingo por que Jesus ressuscitou no primeiro dia), poderíamos santificar a sexta-feira – o dia da crucificação. Ele não tem menos importância para nós cristãos! Por que não chamar o dia da “ascensão” de “dia do Senhor?” Qual critério bíblico é utilizado para dizer que o momento da ressurreição é mais importante que o dia em que Cristo morreu e subiu aos céus?

6) Toda a vez que o Novo Testamento se refere ao primeiro dia da semana, usa a expressão “primeiro [dia] após o sábado” (Mt 28:1; Mc 16:2; Lc 24:1; Jo 20:1,19; At 20:7; 1Co. 16:2). Ou, “segundo [dia] após o sábado”, etc. Isto dá mais valor ao sétimo dia como ponto central da semana, para os escritores evangélicos. 

 [Continua…]

fonte://Na Mira da Verdade por Leandro Quadros.

Haverá Casamento no Mundo Vindouro?(Estudo de Samuele Bacchiocchi)

Haverá relações conjugais no mundo vindouro? A resposta de muitos cristãos sinceros é “NÃO!” Eles acreditam que na ressurreição os remidos receberão algum tipo de corpo espiritual “unisex” que irá substituir nossos atuais corpos físicos e heterossexuais. Em consequência, as relações conjugais íntimas, deixarão de existir no mundo por vir.

É isso que a Bíblia ensina sobre a vida no mundo vindouro? Irão os remidos receber um corpo espiritual, angélico e unisex que impeça as relações conjugais? Será que eles vão passar a eternidade em uma espécie de retiro monástico, dedicado à eterna contemplação e meditação, ou eles vão se envolver nas atividades normais da vida atual?

O pensamento de passar a eternidade em um centro etérico em algum lugar fora do espaço, trajando vestes brancas, dedilhando harpas, cantando, meditando, e contemplando, era atraente para os cristãos medievais, que previam o Paraíso como uma espécie de retiro monástico. Essa visão do Paraíso, no entanto, dificilmente pode agradar os cristãos do século XX, apaixonados pelas visões e sons das grandes metrópolis. Isto pode explicar porque a maioria dos cristãos de hoje não parecem estar esperando ansiosamente a vinda do Senhor para estabelecer Seu reino eterno. Eles não têm tanta certeza se querem viver como monges por toda a eternidade na bem-aventurança de um Paraíso etéreo o qual seja tão casto, tão desinfectado, e tão irreal.

Duas Fontes Inspiraram este Estudo da Bíblia

A inspiração para preparar este ensaio veio de duas fontes diferentes. A primeira, é um ensaio intitulado “Haverá Sexo no Céu?” de Mike Leno. Ele atualmente está servindo como pastor na Igreja Adventista em Ontário, Califórnia. Ao longo dos anos o Pastor Mike me convidou várias vezes para apresentar meus seminários nas igrejas que pastoreava, no Noroeste, Georgia e Califórnia. Ele é um pensador perspicaz e envolvente. Ele postou seu ensaio na edição de maio de sua Newsletter GraceNotes que pode ser acessada na página http://mikeleno.net/ . Você irá desfrutar de seus boletins de notícias pastorais. Eles são curtos, perspicazes e envolventes.

A segunda fonte é uma compilação de declarações de Ellen White sobre a reunificação das famílias no mundo por vir. A compilação foi elaborada por Raymond Mayer, MD, um médico aposentado que tem sido o mais gracioso e útil vizinho, nos últimos 13 anos. Recentemente, ele perdeu a esposa para o câncer depois de um casamento feliz que durou 52 anos. Embora ele ainda seja um homem muito saudável e enérgico, ele decidiu não voltar a se casar, porque ele está ansioso para reencontrar a sua dedicada esposa. Ele encontrou suporte para suas convicções em algumas declarações de Ellen White que serão citadas posteriormente.

Este ensaio “Haverá casamento no mundo vindouro?” foi extraído de dois de meus livros “O Pacto do Casamento” e “Ressurreição ou Imortalidade?”. Por razões de brevidade, eu selecionei apenas os parágrafos que se relacionam mais diretamente ao nosso tema.

Os Objetivos Deste Estudo Bíblico

Este estudo bíblico procura entender os ensinamentos bíblicos sobre o Mundo por vir. Os cristãos devem estar ansiosos para aprender o máximo possível sobre o novo mundo que os espera no final de sua peregrinação terrena. Uma visão mais clara da nova terra, pode alimentar a esperança e fortalecer a fé daqueles que são chamados a viver entre as incertezas e dificuldades da vida presente.

Este estudo bíblico é dividido em três partes, que estão intimamente relacionadas. A primeira parte aborda a questão: Como serão as pessoas no mundo por vir? Os remidos serão ressuscitados com um corpo físico como o presente, ou será que eles recebem um corpo, espiritual / etherial / imaterial, radicalmente diferente? Será que vão ser as mesmas pessoas como as que existiam anteriormente na terra, ou serão completamente diferentes?

A segunda parte analisa a questão: Como será a vida no mundo por vir? Será que o novo mundo será um lugar material como o presente, ou será um reino “espiritual / etéreo” radicalmente diferente do nosso presente mundo? Os remidos exercerão algum tipo de atividades que hoje conhecemos, ou será que vão passar a eternidade em eterna contemplação e meditação?

A terceira parte discute a questão: Será que vai haver relações conjugais no mundo por vir? Irão os remidos viver um estilo de vida solitário como os monges? Será que a relação marido / esposa ainda continua no mundo por vir? Ou será que Deus vai mudar a concepção da Criação, recriando os redimidos como pessoas “unissex” que viverão um estilo de vida solitário?

Estas são questões fundamentais que merecem investigação bíblica cuidadosa, porque o que os cristãos acreditam sobre sua vida no mundo vindouro determina em grande parte como eles vivem suas vidas no mundo atual. Historicamente, a maioria dos cristãos têm imaginado o mundo por vir como um lugar que é bonito, mas etéreo, um lugar onde as sólidas alegrias da vida presente devem ser trocadas por uma existência espiritual de adoração e contemplação contínuas. Essa visão do mundo que virá se reflete nas linhas de hinos populares como aquele que diz: “Em mansões de glória e interminável deleite, Eu vou sempre Te adorar, no céu tão brilhante”.

A visão etérea do Paraíso foi inspirada pelo mais Filosófico dualismo grego do que pelo realismo bíblico holístico. Para os gregos, o corpo físico e os componentes materiais deste mundo eram maus, e, consequentemente, não dignos de sobrevivência. Seu objetivo era chegar a um reino espiritual onde suas almas, libertas da prisão de um corpo físico e de um mundo material, iriam desfrutar a felicidade eterna.

Realismo Bíblico

A Bíblia rejeita a visão etérea do mundo por vir, porque afirma a bondade da criação física de Deus. ”Era bom”, é o anúncio divino de toque de cada etapa da criação da vida humana e sub-humana (Gn 1:10, 18, 21, 25, 31). O propósito da redenção não é a libertação das almas espirituais da servidão de um corpo físico e de um mundo material, mas a restauração de toda a criação humana e sub-humana à sua perfeição original. O “novo céu e a nova terra” (Is 65:17; Ap 21:1) não são um mundo remoto e inconseqüente em algum lugar fora do espaço, mas eles são o céu e a terra renovados à sua perfeição original.

Parte I. Como Serão as Pessoas no Mundo Vindouro?

Antes de tomar um olhar mais atento aos vislumbres bíblicos sobre a vida no mundo por vir, vamos considerar como serão as pessoas no novo mundo. Será que os santos ressuscitados / transladados receberão um corpo físico como o presente ou um corpo espiritual radicalmente diferente do atual?

Nós tivemos antes a sorte de ter Paulo discorrido sobre esta questão que foi levantada pelos Coríntios: “Mas alguém pode perguntar: “Como ressuscitam os mortos? Com que espécie de corpo virão?” Insensato! o que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer. E, quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples grão, como o de trigo, ou o de outra qualquer semente. Mas Deus lhe dá um corpo como lhe aprouve, e a cada uma das sementes um corpo próprio” (1 Coríntios 15:35-38).

O que Paulo está dizendo aqui é que da mesma forma que Deus dá um corpo a cada tipo de semente que é semeada, ele também dará um corpo a cada pessoa que está enterrada. O fato de que os corpos mortos são enterrados como a semente na terra sugeriu a Paulo fazer a analogia com a semente. Paulo desenvolve a analogia das sementes, dando-nos a descrição mais clara que encontramos na Bíblia sobre a continuidade / descontinuidade entre o corpo presente e o futuro: “Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder. Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual” (1 Coríntios 15:42-44).

Nesta passagem, Paulo explica a diferença entre o nosso corpo atual e o corpo da ressurreição futura por meio de quatro contrastes. Esses contrastes são igualmente aplicáveis aos corpos dos santos vivos que serão transformados na volta de Cristo sem ver a morte. Em primeiro lugar, nossos corpos atuais são perecíveis (phthora), sujeitos às doenças e morte – mas nossos corpos ressurretos serão imperecíveis (aphtharsia) – não susceptíveis à doença e à morte. Em segundo lugar, nossos corpos atuais experimentam a desonra de serem baixados em uma sepultura, mas nossos corpos ressurretos vão experimentar a glória de uma transformação interior e exterior.

Em terceiro lugar, nossos corpos atuais são fracos, eles se tornam facilmente cansados e exaustos, mas os nossos corpos ressurretos serão cheios de energia, com energia ilimitada para realizar todas as nossas metas. Em quarto lugar, os nossos corpos atuais são físicos (soma psychikon), mas nossos corpos ressurretos serão espirituais (soma pneumatikon). Esse último contraste tem levado muitos a acreditarem que a ressurreição / transladação de nossos corpos será “espiritual” no sentido de eles consistirem de uma substância não-física, não-material, seja ela qual for.

A Ressurreição Espiritual do Corpo

Será que Paulo acreditava, e a Bíblia ensina que na ressurreição / transladação, os crentes receberão corpos não-materiais e não-físicos, totalmente desprovidos de substância física? Este é realmente o ponto de vista de muitos cristãos hoje. Eles definem “corpo espiritual – soma pneumatikon”, como significando um corpo não-físico adequado para o novo “ambiente celestial”.

Essa crença popular se baseia na suposição de que Deus vai condenar esta terra à desolação eterna e criar, em vez disso, um novo mundo celestial “adequado para a habitação de santos espirituais”. Esta hipótese levanta questões sérias sobre a sabedoria de Deus em primeiro criar um planeta para sustentar a vida humana e subumana, apenas para descobrir mais tarde que ele não é o local ideal para a morada eterna dos remidos.

Este raciocínio é ridículo para quem acredita na onisciência e imutabilidade de Deus. A mudança de modelos e estruturas é normal para seres humanos finitos que aprendem por tentativa e erro, mas seria anormal e inconsistente para um Deus infinito que conhece o fim desde o início. Se Deus descobriu que a matéria tornou-se intrinsicamente má e tinha que ser banida, então, em certo sentido, o diabo e os filósofos gregos, teriam provado estar certos. Mas a matéria não é má, porque faz parte da boa criação de Deus. A Bíblia afirma que este mundo material era “muito bom” (Gn 12:31) na criação, e não há razão para acreditar que será “muito ruim” na restauração final.

A prova mais convincente da bondade da presente criação é o ensino da ressurreição do corpo – um ensino que era absurdo e extremamente ofensivo para os pensadores gregos, que acreditavam que o corpo físico, assim como o mundo material são maus e, portanto, seriam descartados no momento da morte. Para eles, somente a alma sem corpo sobrevive à morte do corpo.

Aparentemente, alguns cristãos de Corinto foram influenciados por esta predominante visão dualista grega da natureza humana e seu destino. Isto é indicado pela pergunta de Paulo: “…como dizem alguns entre vós que não há ressurreição de mortos? (1 Cor 15:12). Paulo refuta esse erro ao afirmar a ressurreição do corpo. Este ensinamento fornece a prova mais convincente da continuidade entre a vida presente e a vida futura.

Vida Conduzida pelo Espírito

Alguns contestam a noção de continuidade, porque Paulo contrasta o corpo atual “físico-psychikos” com o futuro corpo ressurreto “espiritual—pneumatikon”. Para eles, esse contraste indica que o corpo da ressurreição não será mais físico consistindo de “carne e sangue”. Esta interpretação ignora que para Paulo “espiritual” não significa “não-físico”. Isso é evidenciado pelo seu uso das mesmas duas palavras (físico-psychikos / espiritual-pneumatikos), na mesma epístola com referência à vida presente: ” Ora, o homem natural [físico-psychikos] não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Porém o homem espiritual [pneumatikos] julga todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém” (1 Coríntios 2:14-15).

É óbvio que o homem espiritual nesta passagem não é uma pessoa não-física. Pelo contrário, é alguém que é guiado pelo Espírito Santo, em contraposição a alguém que é guiado pelos impulsos naturais. Da mesma forma, a ressurreição do corpo é chamada em 1 Coríntios 15:44 “espiritual” porque ela é regida não pelos impulsos carnais, mas pelo Espírito Santo. Isto não é um dualismo antropológico entre as naturezas “física–psyche” e “espiritual–pneuma”, mas uma distinção moral entre uma vida guiada pelo Espírito Santo e uma controlada por desejos pecaminosos.

Essa percepção nos ajuda a entender a declaração de Paulo alguns versos depois: “carne e sangue não podem herdar o reino de Deus; nem a corrupção herda a incorrupção”. É evidente aqui, que Paulo não está dizendo que o corpo da ressurreição será não-físico, porque, escrevendo aos Romanos, ele diz: “Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós” (Rm 8:9).

Na frase “não estais na carne” Paulo obviamente não quiz dizer que os Cristãos tinham abandonado seus corpos físicos. Pelo contrário, ele quis dizer que já na vida presente, eles foram guiados pelos valores espirituais e não pelos valores mundanos (Rm 8:4-8). Se Paulo podia falar dos cristãos como não estando “na carne”, já na vida presente, a sua referência à ausência de “carne e sangue” no Reino de Deus, significa simplesmente a ausência das inclinações naturais, carnais e pecaminosas da vida presente, porque os remidos serão conduzidos integralmente pelo Espírito.

O Significado da Ressurreição do Corpo

O que, então, “a ressurreição do corpo” significa? Os escritores bíblicos sabiam tão bem quanto nós que não poderia significar a reabilitação de nossos atuais corpos físicos. Primeiro, porque muitos corpos estão doentes ou deformados, e segundo, porque a morte os decompõem e eles retornam ao pó (Sl 104:29;. Cf Ecles 3:20; Gn 3:19).

No ponto de vista Bíblico holístico da natureza humana, o termo “corpo” é simplesmente um sinônimo de “pessoa”. Por exemplo, quando Paulo apela “apresenteis os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm 12:1), ele está claramente pensando em toda a pessoa. Em vista desse fato, acreditar na ressurreição / transladação do corpo significa crer que todo o meu eu humano, o ser humano que “eu” sou, será restaurado à vida novamente. Isso significa que eu não vou ser alguém diferente de quem eu sou agora. Serei exclusivamente eu mesmo. Em resumo, isso significa que Deus se comprometeu a preservar minha individualidade, personalidade e caráter.

Central com a promessa bíblica da ressurreição do corpo está o compromisso de Deus para restaurar a vida das pessoas mesmo as que existiam anteriormente na terra. A Bíblia nos assegura a preservação da nossa identidade através da imagem sugestiva de “livros” onde os nossos “nomes”, pensamentos, atitudes e ações são registrados (Fp 4:3; Ap 3:5; 13:8; 17:08 ; 20:12).

Um nome na Bíblia representa o caráter ou a personalidade, como indicado pelos vários nomes usados para retratar o caráter de Deus. Isso sugere que Deus preserva uma imagem exata do caráter de cada pessoa que já viveu neste planeta. O registro de cada vida é completo, pois Jesus disse: “…de toda palavra fútil que os homens disserem, hão de dar conta no dia do juízo. Porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado” (Mt 12 :36-37).

Cada crente desenvolve seu caráter próprio e único, como resultado das tentações, lutas, derrotas, decepções, vitórias, e crescimento em graça a cada uma dessas experiências. Isto significa que a possibilidade de “replicação múltipla” de pessoas na ressurreição, todas olhando, agindo e pensando da mesma forma, é inconcebível. Como não existem duas pessoas com o mesmo design de DNA molecular, do mesmo modo não há dois cristãos cuja personalidade seja a mesma. Cada um de nós tem um caráter e personalidade único que Deus preserva e unirá ao corpo ressuscitado.

Em uma sociedade onde as pessoas são muitas vezes consideradas como engrenagens de uma máquina, números em um computador, é reconfortante saber que Deus coloca um significado transcendente sobre nossa identidade pessoal. Ele tem escrito o nome de cada crente “antes da fundação do mundo no livro da vida” (Ap 13:8). Aos olhos de Deus o que finalmente conta, não é a nossa filiação à igreja, nossa linhagem familiar, nosso pertencimento racial, mas os valores, atitudes e decisões que caracterizam a nossa personalidade.

Algumas Implicações Práticas

As implicações práticas da crença na ressurreição da pessoa como um todo não são difíceis de ver. Crer na ressurreição do corpo significa crer que seremos capazes de reconhecer nossos entes queridos. Devemos reconhecer os nossos entes queridos, não necessariamente porque serão exatamente os mesmos de quando os vimos pela última vez, mas porque a sua individualidade e personalidade serão providencialmente preservadas e ressuscitam em um corpo totalmente novo dado por Deus.

Quando nós nos encontramos com colegas de escola após 20 ou 30 anos, na maioria das vezes temos dificuldade em reconhecê-los por sua aparência externa. Mas assim que eles começam a conversar, percebemos quem eles são, porque suas personalidades únicas realmente não mudaram. Eles ainda são a Maria, o João, ou o Bob que conhecemos muitos anos antes.

O mesmo princípio se aplica ao reconhecimento de nossos entes queridos ressuscitados. Devemos reconhecê-los, não porque eles parecerão tão jovens ou tão velhos como quando os vimos pela última vez, mas porque a sua individualidade e personalidade é providencialmente preservada e ressuscitada em um corpo novinho em folha por Deus.

O fato de que Deus vai restaurar a cada um de nós a nossa personalidade e caráter distintos, ensina-nos que a nossa futura personalidade é formada agora. Como bem colocou Ellen G. White, “O caráter formado nesta vida determinará o destino futuro” (Orientação da Criança, p. 229). Esta importante verdade convoca-nos a cultivar todos os poderes que Deus nos deu, a fim de desenvolvermos um caráter que esteja apto a servir a Deus, não só neste mundo, mas também no mundo vindouro.

Resumindo, então, as pessoas no mundo por vir terão corpos físicos como os atuais, mas sem as responsabilidades do pecado, doença e morte. O objetivo do Plano de Redenção não é remover os defeitos da original criação material de Deus, recriando a criação humana e sub-humanas de uma diferente substância não-física e “espiritual”, mas restaurar toda a criação à sua perfeição original. O que era “muito bom” na criação será provado ser “muito bom” na restauração final.

Parte 02. Como Será a Vida no Mundo Vindouro?

Na primeira parte deste estudo bíblico, concluímos que os redimidos vão ter um corpo físico, como o presente, mas sem as responsabilidades do pecado, doença e morte.

A próxima questão que queremos abordar é o próprio ambiente e o estilo de vida dos redimidos. Será que o novo mundo é um lugar material, como o presente, ou um reino “espiritual” radicalmente diferente deste mundo? Os remidos exercerão algum tipo de atividades que hoje conhecemos, ou será que vão passar a eternidade em eterna contemplação e meditação?

As passagens bíblicas que falam da vida na nova terra (Is 65:17-25, 66:22-23; Apocalipse 21:01-22:05), oferecem-nos apenas vislumbres do que a vida realmente vai ser lá. Assim, qualquer tentativa de caracterizar a vida, e as condições do mundo por vir deve ser vista como esforço muito limitado e imperfeito para descrever uma realidade que “olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o coração do homem” (2 Coríntios 2:9).

A Renovação da Terra

Para apreciar os vislumbres bíblicos sobre a vida no mundo vindouro, é importante lembrar em primeiro lugar que na Bíblia a habitação eterna dos remidos está localizada aqui em baixo na terra, e não em algum lugar no céu. Tanto o Antigo como o Novo Testamento falam de um “novo céu e uma nova terra” (Is 65:17; Ap 21:1), como sendo, não um mundo diferente em algum ponto fora no espaço, mas o céu e a terra renovados e transformados à sua perfeição original.

A visão bíblica do mundo futuro é inspirada pela paz, harmonia, prosperidade material, e deleite do sábado da criação. O primeiro dia de Adão após sua criação funciona no Antigo Testamento como um paradigma dos Últimos Dias, uma designação comum para o mundo vindouro. A paz e a harmonia que existia entre Adão e os animais da criação será restaurada na nova terra quando “o lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará com o cabritinho, e o bezerro, o leão e o animal cevado andarão juntos , e uma criança os guiará” (Is 11:6).

Do mesmo modo, a prosperidade e abundância que prevalecia na criação serão restauradas na nova terra, onde “o que lavra alcançará ao que sega, e o que pisa as uvas ao que lança a semente; :e os montes destilarão mosto, e todos os outeiros se derreterão” (Amós 9:13, cf . Is 4:2; 30:23-25; Joel 3:18, 3:13 Sf). Estas descrições transmitem a imagem de uma verdadeira e abundante vida “terrena” no novo mundo. “O deserto torna-se um campo fértil” (Is 32:15) e “o lobo habitará com o cordeiro” (Is 11:6).

O Novo Testamento apresenta essencialmente a mesma visão do mundo por vir. Pedro fala que “…a terra, e tudo o que nela há…”, será purificada pelo fogo (2 Pe 3:10). O resultado será “um novo céu e uma nova terra, onde habita a justiça” (2 Pe 3:13). Paulo declara que toda a criação humana e sub-humana aguarda com grande desejo se libertar “do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (Rm 8:19-21). João teve uma visão do “novo céu e a nova terra” que Deus vai estabelecer, após a purificação desta presente terra (Ap 21:1-4).

Vida Urbana Ativa

Talvez a imagem mais poderosa usada no Novo Testamento, para transmitir o sentido de continuidade entre o presente e o futuro mundo, é a imagem da Cidade Santa. Hebreus, por exemplo, diz que Abraão “aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador” (Hb 11:10). A experiência de Abraão é tipológica de todos os crentes, porque, como explica o mesmo autor, “não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a que há de vir” (Hb 13:14).

O Novo Testamento termina com uma descrição mais impressionante da Cidade Santa, a Nova Jerusalém, na qual são bem-vindos “apenas aqueles que estão escritos no livro da vida do Cordeiro” (Ap 21:27). É duvidoso que todos os detalhes da cidade, tais como a alta muralha, as doze portas, os doze fundamentos, devem ser interpretados literalmente. Seja qual for o seu significado, pode ser que a visão da Cidade Santa transmita a imagem, não de uma vida mística monástica em um retiro paradisíaco, mas de vida urbana de intensa atividade na terra renovada.

A vida na Cidade Santa não será de isolamento e solidão, mas de comunhão, emoção e ação. A Nova Jerusalém será um complexo lugar cosmopolita onde todos os tipos de pessoas de diferentes raças, culturas e línguas, irão viver e trabalhar juntas e em paz. A vida não vai ser estática e chata, mas dinâmica e criativa.

A imagem dos redimidos vivendo juntos na Cidade de Deus, em inter-relação e interdependência representa o cumprimento do propósito divino para a criação e redenção. Na criação, Deus quis que os seres humanos encontrassem satisfação, não em viverem sozinhos, mas em trabalharem juntos para subjugar e dominar a terra. Através da redenção, Cristo nos reconcilia com Deus e com os nossos semelhantes, para que possamos viver em paz com todas as pessoas.

Vida Urbana Sancionada por Deus

A visão bíblica da Cidade Santa na nova terra, sugere que a estrutura da vida urbana é sancionada por Deus. Para muitos é difícil aceitar este ponto de vista, porque nossas cidades atuais são dificilmente um reflexo da Cidade de Deus. Pelo contrário, elas são os lugares onde o crime, o ódio, a hostilidade e a indiferença para com Deus e seus semelhantes prevalecem.

O estado atual da vida urbana não deve levar-nos a rejeitar, em princípio, a urbanização como uma estrutura social pecaminosa. O fato de que a vida urbana vai continuar na nova terra, nos diz que será possível para as pessoas viverem juntas em um complexo sistema urbano de inter-relação e interdependência, sem dar origem a problemas sociais, econômicos, ecológicos, políticos e raciais que vivenciamos hoje. Além disso, essa visão de convivência na futura cidade de Deus desafia-nos, como cristãos a não abandonar as cidades em massa, fugindo do país, mas a trabalhar nelas e por elas, oferecendo a nossa influência cristã para ajudar a resolver seus muitos complexos problemas.

Atividade e Criatividade

A vida na nova terra não vai ser gasta em ociosidade ou meditação passiva, mas em atividades produtivas e de criatividade. Aqueles que pensam que os redimidos viverão no novo mundo como convidados glorificados, alimentados, alojados e entretidos por Deus, estão totalmente enganados. A nova terra não é uma espécie de mundo mágico da Disneylândia onde Deus fornece intermináveis passeios de graça para todos. Não haverá pessoas ociosas no mundo vindouro. Isaías escreve: “Eles edificarão casas e nelas habitarão; plantarão vinhas e comerão o seu fruto. Não edificarão para que outros habitem; não plantarão para que outros comam; porque a longevidade do meu povo será como a da árvore, e os meus eleitos desfrutarão de todo as obras das suas próprias mãos” (Is 65:21-22).

A imagem bíblica do mundo de amanhã é aquela em que pessoas reais se envolvem em atividades produtivas e de criatividade. Não haverá falta de tempo ou de recursos para concluir os nossos projetos. No campo do conhecimento, hoje, nós só podemos riscar a superfície de qualquer disciplina e quanto mais aprendemos, mais percebemos que há ainda muito a ser aprendido. Na nova terra, não haverá limite para o nosso crescimento no conhecimento e na graça. “Todas as faculdades se desenvolverão, ampliar-se-ão todas as capacidades. A aquisição de conhecimentos não cansará o espírito nem esgotará as energias. Ali os mais grandiosos empreendimentos poderão ser levados avante, alcançadas as mais elevadas aspirações, as mais altas ambições realizadas; e surgirão ainda novas alturas a atingir, novas maravilhas a admirar, novas verdades a compreender, novos objetivos a aguçar as faculdades do espírito, da alma e do corpo” (O Grande Conflito pág 677).

Continuidade com a presença de Cultura

A vida na nova terra vai envolver uma certa continuidade com o que pode vagamente ser nossa cultura atual. Isto é sugerido pelo fato de que Deus vai purificar esta terra e ressuscitar o nosso corpo, ao invés de criar um novo planeta com habitantes novos.

Outra indicação significativa de continuidade é encontrada em Apocalipse 21:24, 26 que diz: “os reis da terra trarão para ela [cidade] a sua glória. . . . a ela trarão a glória e a honra das nações”. Esta passagem sugere, em primeiro lugar, que os habitantes da nova terra vão incluir pessoas que alcançaram grande destaque e poder neste mundo: reis, presidentes, cientistas, e assim por diante. Em segundo lugar, as contribuições únicas que indivíduos ou nações têm feito para a melhoria da vida presente não serão perdidas. Elas vão continuar a enriquecer a vida da nova terra. Isso nos dá razão para acreditar que os avanços tecnológicos do nosso tempo nos campos de computadores, comunicação e viagem não serão perdidos, mas serão muito maiores, refinados e aperfeiçoados.

Deus, que afirma a bondade do mundo que Ele fez, e que valoriza nossas realizações criativas, não irá simplesmente descartar todo o trabalho criativo que homens e mulheres têm produzido, muitas vezes em grande sacrifício pessoal. É reconfortante pensar que o valor do nosso trabalho criativo se estenderá além da vida presente para a nova terra. A preservação das conquistas da humanidade original sugere que a vida na nova terra não será monótona e sem cor, mas emocionante e gratificante.

Ausência do Mal

A diferença mais notável entre a nossa vida presente e a da nova terra será a ausência de todas as coisas que agora limitam ou prejudicam a nossa vida. O diabo, que é a fonte suprema de todas as formas do mal, será destruído no lago de fogo (Apocalipse 20:10). Por conseguinte, não haverá mais uma manifestação do mal dentro de nós ou ao nosso redor. É difícil imaginar como será viver no novo mundo sem a presença do ódio, ciúme, medo, hostilidade, discriminação, fraude, opressão, assassinato, concorrência predatória, rivalidades políticas, corridas armamentistas, recessões econômicas, tensões raciais, fome, disparidade entre ricos e pobres, doença e morte.

“Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas” (Ap 21:4). Essas pinceladas ousadas sugerem muito mais do que elas realmente indicam. Elas sugerem que não haverá mais doenças incuráveis, nenhum acidente trágico, não haverá mais crianças aleijadas, serviços funerários, nem separações permanentes. Elas também sugerem que seremos capazes de realizar nossos objetivos inspirados por Deus. Em nossa vida presente, doença ou morte, muitas vezes termina com projetos ambiciosos que estávamos buscando. Na nova terra, todos terão tempo e recursos ilimitados para atingir as metas mais elevadas.

Ausência do Medo

A ausência do mal será evidente, especialmente a ausência do medo, insegurança e ansiedade. Nossa vida atual é constantemente exposta a riscos, incertezas e medos. Temos medo da perda do nosso trabalho, medo de ter um assaltante em nossa casa, de roubarem nosso carro, da infidelidade conjugal do nosso parceiro, do fracasso de nossos filhos na escola ou no trabalho, da deterioração da nossa saúde, da rejeição pelos colegas. Em uma palavra, temos medo de todas as incertezas da vida. Tais temores enchem nossas vidas com ansiedade, contradizendo assim o propósito de Deus para nós e diminuindo nosso potencial humano.

As Escritura usam várias imagens para tranquilizar-nos que na nova terra não haverá medo ou insegurança. Ela fala de uma cidade com bases permanentes construída pelo próprio Deus (Hb 11:10), e de “um reino que não pode ser abalado” (Hb 12:28). Talvez a imagem mais sugestiva de segurança para os cristãos do primeiro século fosse uma cidade com “um grande muro alto” (Apocalipse 21:12). Uma vez que os enormes portões eram fechados nas cidades antigas, os seus cidadãos poderiam viver dentro delas em relativa segurança. Para enfatizar a segurança completa na nova terra, a Cidade Santa foi mostrada à João como tendo paredes que são tão elevadas como o seu comprimento (Apocalipse 21:16).

Ausência de Poluição

Um dos aspectos mais agradáveis da vida na nova terra será o seu meio ambiente limpo. “Nela, nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira, mas somente os inscritos no Livro da Vida do Cordeiro” (Apoc 21:27). A liberdade da poluição moral do pecado será refletida na liberdade da poluição física do meio ambiente. A vida já não será ameaçada pela poluição irresponsável nem pelo esgotamento dos recursos naturais, porque os cidadãos da Nova Terra serão fiéis despenseiros da nova criação de Deus.

Não haverá “áreas para fumantes” na nova terra, porque ninguém nunca mais vai querer fumar. Que alívio será sermos capazes de respirar sempre ar fresco, ar limpo, dentro e fora de casa; de podermos beber de qualquer fonte de água límpida e cristalina, de comer alimentos frescos, saudáveis não contaminados por agrotóxicos ou conservantes!

Também é reconfortante o fato de que os cidadãos da nova terra serão administradores responsáveis da nova criação de Deus e não vão desperdiçá-la novamente. Eles provavelmente vão produzir poucos resíduos e saber como eliminá-los de tal forma que a natureza será capaz de assimilar e processar. Um perfeito equilíbrio ecológico será preservado, o que irá garantir o bem-estar da criação humana e sub-humana.

A Presença de Deus

O aspecto mais original e gratificante da vida na nova terra será uma experiência sem precedentes da presença de Deus entre o Seu povo. “Eis a morada de Deus com os homens. Ele habitará com eles, e eles serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles” (Ap 21:3). Essas palavras são familiares a promessa central da aliança da graça de Deus (cf. Jer 31:33; Hb 8:10), que será realizada totalmente na nova terra.

A presença de Deus na nova terra será tão real que “A cidade não precisa nem do sol, nem da lua, para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada” (Ap 21:23). Os crentes desfrutarão na nova terra abençoada a comunhão que Adão e Eva experimentaram a cada sábado, quando Deus ia visitá-los. A queda interrompeu esta comunhão abençoada, mas o sábado ficou para lembrar os fiéis da sua futura restauração (Hb 4:9). A nossa celebração semanal do sábado alimenta a nossa esperança da futura comunhão com Deus na nova terra. Isso vai ser, como diz Agostinho, “o maior dos sábados” quando “Aí repousaremos e veremos; veremos e amaremos; amaremos e louvaremos, E isto será no fim sem fim”.

Culto Regular e mais Rico

Central para a vida na nova terra será a adoração regular à Deus. Isaías descreve a regularidade e a estabilidade da adoração na nova terra, em termos familiares a seu tempo: “E será que, de uma Festa da Lua Nova à outra e de um sábado a outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz o SENHOR” (Is 66: 23). O contexto indica que essa reunião regular para adoração remete, antes de tudo, a tão esperada restauração política de Jerusalém e dos seus serviços religiosos (v. 20) e, segundo, para a restauração final da terra, dos quais o primeiro era um tipo. Os profetas muitas vezes viam as últimas realizações divina através da transparência da iminência de acontecimentos históricos.

Isaías menciona a “lua nova”, juntamente com o sábado, porque a primeira desempenhava um papel vital na determinação do início do novo ano, de cada mês, e também das datas para comemorar os principais festivais anuais, tais como a Páscoa, o Pentecostes, e o Dia da Expiação. Para eles o aparecimento da lua nova significava a regularidade e estabilidade da adoração.

Tanto a adoração pessoal como a pública será regular e rica em expressão e significado. Na vida presente, adoramos a Deus apesar de nem sempre entender por que Ele permite que o ímpio prospere e os inocentes sofram. Na nova terra, esse mistério será resolvido pois aos remidos será dada a oportunidade de compreenderem a imparcialidade dos julgamentos de Deus. “Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei dos séculos! . . . porque os teus juízos foram revelados” (Ap 15:4). Esta revelação da justiça e da misericórdia divina inspirará os remidos a louvarem a Deus, dizendo: “Aleluia! A salvação, e a glória, e o poder são do nosso Deus, porquanto verdadeiros e justos são os seus juízos” (Ap 19:1-2).

A adoração será mais rica na nova terra, não só por causa da apreciação plena da misericórdia e da justiça de Deus, mas também por causa da oportunidade de adorar a Deus de forma visível. “…O trono de Deus e do Cordeiro estará na cidade, e os seus servos o servirão. Eles verão a sua face, e o seu nome estará em suas testas” (Ap 22:3-4). Este texto sugere que o culto a Deus na nova terra irá enriquecer os crentes com um completo conhecimento e gozo de Deus…

Comunhão com Todos os Crentes

A comunhão que vamos desfrutar com a Trindade vai colocar-nos em comunhão com os crentes de todas as idades e de todo o mundo. Hoje só podemos ter comunhão com aqueles que vivem em nosso tempo e em nosso entorno imediato. Na nova terra, a nossa irmandade vai se estender àqueles que viveram em todos os países e eras: patriarcas, profetas, apóstolos, mártires, missionários, pioneiros, nossos antepassados, familiares e descendentes, pastores e leigos.

O símbolo desta comunhão é o grande banquete de casamento do Cordeiro: “Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro” (Ap 19:9). Esta comunhão vai incluir “uma grande multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, de todas as tribos, povos e línguas” (Ap 7:9). É impossível imaginar a inspiração e informação que vamos ganhar ao nos tornar pessoalmente familiarizados com as pessoas mais bem dotadas que já viveram.

Numa altura em que muitos cristãos estão perdendo o interesse no mundo vindouro porque o acham muito casto, muito desinfectado, muito irreal, e muito chato, é imperativo recuperar a visão bíblica holística e realista da nova terra. Ela será um lugar onde todas as faculdades serão desenvolvidas, nossas mais elevadas aspirações serão realizadas, os mais grandiosos empreendimentos serão realizados, e a mais doce comunhão com Deus e com os semelhantes será apreciada.

Esta gloriosa visão bíblica do mundo vindouro pode despertar a nossa imaginação, alimentar a nossa esperança e fortalecer a nossa fé, enquanto vivemos entre as incertezas e dificuldades da vida presente. Ela pode inspirar-nos “a viver sóbria, reta, justa e piedosamente neste mundo” (Tito 2:13), enquanto estamos aguardando a consumação da nossa bendita esperança, a vinda de nosso Salvador para restaurar este mundo à sua perfeição original.

Parte III. Haverá Relações Conjugais no Mundo Vindouro?

Haverá relações conjugais no mundo vindouro? A resposta de muitos cristãos sinceros é “NÃO!” Eles acreditam que na ressurreição os remidos receberão algum tipo de corpo espiritual “unisex” que irá substituir nossos atuais corpos físicos e heterossexuais. Sua crença é proveniente de um mal-entendido das palavras de Jesus em Mateus 22:30: “Porque na ressurreição nem se casam nem são dados em casamento, mas serão como anjos no céu”.

Será que esse texto implica que na ressurreição todas as distinções sexuais vão ser abolidas e que nossos corpos não serão mais físicos? Se esta interpretação fosse correta, isso significaria que, ao contrário do que diz a Escritura, na criação original da humanidade, seres heterossexuais não eram realmente “muito bom” (Gn 1:31). Para remover os “erros” de sua criação original, Deus iria achar necessário no novo mundo criar um novo tipo de ser humano, supostamente composto de corpos “não-físicos e unissex”.

Mudança Implica Imperfeição

Para dizer o mínimo, este raciocínio é absurdo para quem crê na onisciência e imutabilidade de Deus. É normal para os seres humanos introduzirem novos modelos e estruturas para eliminar as deficiências existentes. Para Deus, porém, isso seria anormal e incoerente, pois Ele conhece o fim desde o início.

Se na ressurreição Deus fosse mudar nossos atuais corpos físicos e heterossexuais em corpos “não-físicos e unissex”, então, como Anthony A. Hoekema observa com razão: “O diabo teria vencido uma grande vitória, visto que Deus teria então sido obrigado a mudar os seres humanos com um corpo físico, como ele havia criado, em criaturas de uma espécie diferente, sem um corpo físico (como os anjos). Então, pareceria na verdade que a matéria tinha se tornado intrinsecamente má, e teria que ser banida. E então, num certo sentido, os filósofos gregos teriam provado estarem certos. Mas a matéria não é má, ela faz parte da boa criação de Deus”.

Como Anjos

Um estudo da declaração de Jesus em seu próprio contexto não dá suporte à visão de que na ressurreição os remidos receberão corpos angéilicos, não-físicos e unissex. O contexto é uma situação hipotética criada pelos saduceus, em que seis irmãos casaram-se em sucessão com a viúva de seu irmão. O objetivo de tais sucessivos casamentos era o levirato, não era relacional, mas para procriação, ou seja, “suscitar descendência” ao irmão falecido (Mt 22:24). A questão colocada pelo teste dos saduceus era: “Na ressurreição, de qual dos sete será ela mulher?” (Mt 22:28).

Para responder a esta situação hipotética, Jesus afirmou: “Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus. Porque, na ressurreição, nem casam, nem se dão em casamento; são, porém, como os anjos no céu” (Mt 22:30). No contexto da situação hipotética de sete irmãos casando com a mesma mulher para dar-lhe uma prole, a referência de Cristo para não se casar ou se dar em casamento, mas ser como os anjos, provavelmente significa que o casamento como um meio de procriação deixará de existir no mundo vindouro. É evidente que se não nascem novas crianças, aqui não haverá possibilidade de se casar um filho ou de dar uma filha em casamento. A cessação da função procriativa do casamento vai fazer os remidos “Como os anjos” que, aparentemente, não se reproduzem após sua própria semelhança.

Em sua resposta, Jesus não lida com a questão imediata do estado civil da mulher casada sete vezes, mas com a questão mais ampla da função procriativa do casamento, que, afinal, era a razão dos sete irmãos casaram-se com a mesma mulher. Este método indireto de responder a perguntas não é incomum nos ensinamentos de Jesus. Por exemplo, quando questionado pelos fariseus: “É lícito ao homem repudiar sua mulher?” (Marcos 10:02), Jesus optou por ignorar a questão imediata, enfatizando o design original da Criação para o casamento como um compromisso ao longo da vida, sem divórcio (Marcos 10:5-9).

Solteiro no Céu?

A cessação da função procriativa do casamento implica também a rescisão de sua função relacional? Não é necessariamente assim. Se Deus criou os seres humanos no início como macho e fêmea, com a capacidade de experimentar uma unidade de comunhão íntima, não há razão para supor que Ele vai recriá-los no final, como seres unissex, que vão viver como pessoas solteiras, sem a capacidade de experimentar a unidade de comunhão existente em um relacionamento homem / mulher.

A doutrina das primeiras coisas, conhecida como etiologia, deve iluminar a doutrina das Últimas Coisas, conhecida como escatologia. Se Deus achou Sua criação do ser humano como homem e mulher muito boa (Gn 1:31), no início, Ele iria descobrir que não era tão boa assim no final? Temos razões para acreditar que aquilo que era “muito bom” para Deus, no início também será “muito bom” para ele no final.

Os cristãos, que acreditam que a vida humana não se originou perfeitamente por escolha divina, mas imperfeitamente por acaso, por geração espontânea, podem achar que é racional acreditar em uma reestruturação radical dos seres humanos de físicos e heterossexuais para não-físicos e unissexuais. Eles poderiam explicar essa transformação, como parte do processo evolutivo usado por Deus. Mas para os cristãos como eu, que acreditam em uma criação original perfeita e que celebram com o sábado a perfeição da criação original de Deus, é impossível imaginar que no final Deus vai mudar radicalmente a estrutura e natureza do corpo humano.

Cessação da Procriação

A cessação da capacidade reprodutiva humana no mundo vindouro, como implica a declaração de Jesus em Mateus 22:30, pode ser vista como uma mudança no projeto original de Deus para a função da sexualidade humana. Mas isso não é necessariamente verdade. A Escritura sugere que Deus já tinha contemplado tal mudança em seu plano original, quando disse: “Sede fecundos e multiplicai e enchei a terra” (Gn 1:28).

O comando para “encher a terra” pressupõe que Deus tinha a intenção de encerrar o ciclo de reprodução uma vez que a terra tivesse sido preenchida por um número ideal de pessoas. Em um mundo perfeito, sem a presença da morte, o equilíbrio ecológico entre a terra e o povo teria sido alcançado em um tempo relativamente curto. Naquela ocasião, Deus teria interrompido o ciclo de reprodução das criaturas humanas e sub-humanos, para proteger o ecossistema do planeta.

É razoável presumir que a ressurreição e a trasladação dos santos constituem o cumprimento do plano original de Deus para o “preenchimento” da terra. Em certo sentido, os remidos representam o número ideal de habitantes que esta terra renovada será capaz de suportar de forma adequada. Isto é sugerido pela referência a nomes ” escritos antes da fundação do mundo no livro da vida” (Ap 13:8; 17:08 ver; 21:27, Dan 13:1; Filip 4:3). A menção dos nomes sugere a existência de um plano original divino para um número ideal de justos habitar esta terra. Tivesse o pecado não surgido, Deus em Sua providência teria interrompido o ciclo de reprodução uma vez que o número ideal de pessoas haviam sido atingidas. Mas a cessação da função procriativa do casamento, antes ou depois da queda não exige a cessação da sua função relacional.

A Continuidade dos Relacionamentos

A referência de Jesus a sermos “como anjos” (Mateus 22:30) na ressurreição não implica necessariamente a cessação da função relacional do casamento. Lugar nenhum das Escrituras sugerem que os anjos são seres “unissex”, incapazes de se envolver em um relacionamento íntimo semelhante ao do casamento humano. O fato de que os anjos são freqüentemente mencionados na Bíblia em pares (Gn 19:1; Ex 25:18; 1 Rs 6:23) sugere que eles podem desfrutar de relações íntimas de casais.

Deus revelou-se, não como um Ser solitário que vive em alheamento eterno, mas como uma comunhão de três seres tão intimamente unidos que nós adoramos como um só Deus. Se o próprio Deus vive em um relacionamento mais íntimo com os outros membros da Trindade, não há razão para crer que Ele eliminaria no final a função unitiva do matrimónio que Ele próprio, estabeleceu na criação.

O Suporte para esta conclusão é fornecido também pelo fato de que as distinções sexuais de masculinidade e feminilidade são apresentados nas Escrituras como reflexo da “imagem de Deus” (Gn 1:27). Um aspecto da “imagem de Deus” na humanidade é a capacidade dada por Deus ao homem e a mulher experimentarem através do casamento uma unidade de companheirismo semelhante à existente na Trindade. Se a masculinidade e a feminilidade humanas refletia a imagem de Deus na criação, temos razão para acreditar que vão continuar a refletir a imagem de Deus na restauração final de todas as coisas. O propósito da redenção não era a destruição da criação original de Deus, mas a sua restauração para a sua perfeição original. É por isso que a Escritura fala da ressurreição do corpo e não da criação de novos seres.

Os Comentários de Ellen White Sobre a Reunificação das Famílias

Os ensinamentos de Ellen White sobre as relações conjugais no mundo vindouro parecem ser contraditórios. Por um lado, ela afirma que não haverá casamento no mundo por vir, mas por outro lado, ela afirma várias vezes que as famílias vão se reunir. As declarações ocorrem em cartas de conforto que ela escrevia para pessoas que perdiam um ente querido.

Quanto a casamentos e nascimentos na nova terra, Ellen White afirma claramente:

“Homens há hoje que expressam a crença de que haverá casamentos e nascimentos na nova Terra; os que crêem nas Escrituras, porém, não podem admitir tais doutrinas. A doutrina de que nascerão filhos na nova Terra não constitui parte da “firme palavra da profecia”. As palavras de Cristo são demasiado claras para serem entendidas mal.” Elas esclarecem de uma vez por todas a questão dos casamentos nascimentos na nova Terra. Nenhum dos que forem despertados da morte, nem dos que forem trasladados sem ver a morte, casará ou será dado em casamento. Eles serão como os anjos de Deus, membros da família real” (Mensagens Escolhidas I, págs 172 e 173).

Esta afirmação categórica parece contradizer os comentários de Ellen White sobre a reunificação das famílias na vinda de Cristo. Seus comentários são normalmente encontrados em cartas de conforto que ela escreveu para as pessoas que tinham perdido um membro da família.

Para um irmão que perdeu a esposa, Ellen White escreveu:

“Oraremos por vós e por vossos preciosos pequeninos, para que possais, mediante paciente continuação em fazer o bem, conservar vossa face e vossos passos sempre em direção do Céu. Oraremos para que tenhais influência e êxito em guiar vossos pequenos, a fim de que, com eles, possais alcançar a coroa da vida, e no lar lá de cima, que agora está sendo preparado para nós, vós e vossa esposa e filhos possais ser uma família reunida, feliz e jubilosa, para nunca mais vos separardes” (Mensagens Escolhidas 2, págs 262-263).

Escrevendo para crianças que perderam o pai, Ellen White as encoraja com estas palavras:

“Dai vosso coração ao amante Salvador, e fazei tão-somente aquilo que é agradável a Sua vista. Não façais nada que entristeça vossa mãe. Lembrai-vos de que o Senhor vos ama, e que cada um de vós pode tornar-se membro da família de Deus. Se fordes fiéis aqui, quando Ele vier nas nuvens do céu revereis vosso pai, e sereis uma família unida” (Mensagens Escolhidas 2, págs 265-266).

Como conciliar os comentários de Ellen White sobre a reunificação das famílias na nova terra, com suas declarações de que não haverá casamentos no mundo vindouro? Quer isto dizer que as famílias existentes serão reunidas, mas os crentes que são solteiros na vinda de Cristo, vão permanecer solteiros por toda a eternidade? Haverá dois grupos de pessoas na nova terra: as famílias e os solteiros, vivendo lado a lado?

Se a instituição do casamento termina no mundo por vir, então, membros de uma mesma família não irão se reunir, mas serão separados e viverão um estilo de vida de solteiros. Acho que é difícil aceitar essa visão, porque, como dito anteriormente, Deus achou Sua criação do ser humano como homem e mulher muito boa (Gn 1:31) no início. É difícil acreditar que no final Deus iria descobrir que sua criação original masculino / feminino não era tão boa depois de tudo. Temos razões para acreditar que aquilo que era “muito bom” para Deus, no início também será “muito bom” para ele no final.

Conclusão

A conclusão que emerge do nosso estudo da Bíblia é que a nova Terra não será um mundo etéreo em algum lugar fora do espaço habitado por almas espirituais, angelicais e unissex, mas o nosso mundo de hoje, restaurado à sua perfeição original e habitado por pessoas físicas reais. Descobrimos que as Escrituras retratam a nova terra como um lugar cosmopolita complexo, onde pessoas de diferentes raças, culturas e línguas, viverão uma vida ativa e emocionante.

Alguns dos aspectos mais gratificantes de viver na nova terra será adorar a Deus de modo visível, experimentar mais plenamente a Sua presença e poder em nossas vidas, a comunhão com os crentes de todas as eras, o alcançar nossas mais elevadas aspirações, o viver em um mundo limpo e feliz, sem medo da poluição, violência, acidentes, doenças e morte.

Quanto à instituição do casamento, a Escritura sugere a cessação da função procriativa do casamento no mundo vindouro. Mas a função relacional do casamento vai continuar. Deus criou os seres humanos no início como macho e fêmea, com a capacidade de experimentar uma unidade de comunhão íntima. Assim, não há razão para supor que Ele vai recriá-los no final, como seres unissex, que vão viver como pessoas solteiras, sem a capacidade de experimentar a unidade de comunhão existente em um relacionamento homem / mulher.

Deus revelou-se, não como um Ser solitário que vive em alheamento eterno, mas como uma comunhão de três seres tão intimamente unidos que nós os adoramos como um só Deus. Se o próprio Deus vive em um relacionamento mais íntimo com os outros membros da Trindade, não há razão para crer que Ele eliminaria no final a função unitiva do matrimónio e que Ele próprio estabeleceu na criação.

Estudo de autoria do  já falecido Samuele Bacchiocchi, Ph. D., Professor aposentado de Teologia e História da Igreja, Andrews University. Extraído de sua EndTime Issue Newsletter nr.173. Crédito da Tradução: Blog Sétimo Dia http://setimodia.wordpress.com/

O Vinho na Bíblia

 

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A finalidade deste estudo é pesquisar no Livro Santo para saber o que ele tem a nos dizer sobre o uso do vinho.

Se a Bíblia não se pode contradizer em seus ensinos, como iremos harmonizar declarações aparentemente contraditórias como estas: o uso do vinho é uma maldição, o uso do vinho é uma bênção. Essa aparente contradição escriturística levou os editores de O Novo Dicionário da Bíblia a afirmarem: “Esses dois aspectos do vinho, seu emprego e seu abuso, seus benefícios e sua aceitação aos olhos de Deus e sua maldição estão entrelaçados na trama do Antigo Testamento de tal modo que o vinho pode alegrar o coração do homem (Sal. 104:15) ou pode fazer a mente errar (Isa. 28:7). O vinho pode ser associado ao regozijo (Ecl. 10:19) ou à ira (Isa. 5:11); pode ser usado para descobrir as vergonhas de Noé (Gên. 9:21) ou, nas mãos de Melquisedeque pode ser usado para honrar a Abraão (Gên. 14:18).”

Se estas duas possibilidades antagônicas provêm do vinho é fácil concluir que a Bíblia apresenta duas espécies distintas de vinho. A primeira espécie seria o vinho não fermentado, o puro suco de uva que pode ser uma bênção. A outra espécie é o vinho fermentado, intoxicante, causador de muitos problemas sociais como discórdia, miséria, destruição da vida, por isso vários escritores bíblicos o condenaram com veemência.

O que diz a Bíblia? O que dizem os exegetas e os comentaristas sobre este problema?

O Vinho no Velho Testamento

Três vocábulos distintos são empregados no Antigo Testamento para designar três espécies de vinho.

1º) Yayin – Gên. 9:21.

É o mais usado, porque aparece nada menos de 140 vezes. Esta palavra é empregada indistintamente sem considerar se o vinho é fermentado ou não.

2º) O segundo vocábulo é Tirôsh, empregado 38 vezes. Ao contrário da palavra anterior, esta indica que o vinho não é fermentado! Algumas vezes é traduzido como vinho novo ou “mosto”. Deut. 12:17.

3º) Shekar é a terceira palavra usada. Tem a conotação negativa, normalmente é traduzida por bebida forte. Os escritores do Velho Testamento a empregam 23 vezes. Prov. 31:6 – “Dai bebida forte (shekar) aos que perecem, e vinho (yayin) aos amargurados de espírito.”

Seria interessante saber que na Septuaginta (tradução do hebraico para o grego, feita por setenta sábios judeus) a palavra “oinos” foi empregada para traduzir as hebraicas Yayin e Tirôsh, mas nunca para shekar ou bebida forte.

O Seventh-day Adventist Bible Dictionary, pág, 1.150 declara com muita propriedade:

“Arão e seus filhos, os sacerdotes, foram estritamente proibidos de beber vinho ou bebida forte ao entrarem no tabernáculo para ministrar diante do Senhor (Lev. 10:9). Os nazireus eram igualmente proibidos de unir vinho enquanto estivessem debaixo do voto (Núm. 6:3, 20; confira Juízes 13:4-7). Os recabitas viveram um exemplo digno de nota de abstinência permanente do vinho, aderindo estritamente ao mandamento de seu ancestral, Jonadabe, para abster-se dele (Jer. 35:2, 5, 8, 14). O livro de Provérbios está repleto de advertências contra indulgência com o vinho e bebida forte (veja capítulos 20:1; 21:17; 23:30, 31; 31:4 etc.). O vinho zomba daqueles que o usam (cap. 20:1), e os recompensa com ais, dores, lutas e feridas sem causa (cap. 23:29, 30). ‘No seu fim morderá como uma serpente, e picará como um basilisco’ (v. 32). O profeta Isaías declarou: ‘Ai dos que do heróis para beber vinho, e valentes para misturar bebida (Isa. 5:22). Daniel e seus compatriotas deram um digno exemplo pela recusa de beber o vinho do rei (Dan. 1:5, 8, 10-16). Ao jejuar posteriormente, Daniel absteve-se de carne e vinho (cap. 10:3).”

Não é possível terminar esta parte do comentário, sem enfatizar mais uma vez: existem no Velho Testamento as mais variadas advertências dos grandes perigos advindos do uso do vinho e bebidas fortes. Dentre estas advertências as que mais se agigantam são as apresentadas por Salomão no livro de Provérbios (20:1; 20, 21 e 30).

O Vinho no Novo Testamento

As referências ao vinho nesta segunda parte da Bíblia são mais escassas do que as encontradas no Velho Testamento.

Os escritores do Novo Testamento também empregaram três vocábulos gregos, que podem ser traduzidos para a nossa língua por vinho: oinos – oinos; sikera – sikera; gleulos – gléukos. Destas três a mais usada é oinos (aparece 36 vezes), tendo o mesmo sentido de Yayin no hebraico, e que na Septuaginta, como já vimos traduz também o hebraico Tirôsh. A palavra sikera aparece apenas uma vez em Luc. 1:15 – “João Batista não bebia vinho (oinos) nem bebida forte (sikera).” De modo idêntico o vocábulo gléukos só foi usado uma vez em Atos 2:13. Outros zombando diziam: “Estão cheios de mosto (gléukos).”

O principal problema no estudo do vinho é este: embora a 1íngua grega seja especialista em empregar palavras distintas para idéias diferentes, ela não possui uma palavra para vinho com álcool e outra para vinho sem álcool. O Novo Testamento emprega oinos tanto para o vinho fermentado como não fermentado.

O Vinho Usado por Jesus na Última Ceia

Podemos afirmar com certeza que o vinho usado por Jesus nesta ocasião não era fermentado. Esta afirmação é conclusiva da Bíblia pelo seguinte:

Na cerimônia da páscoa não devia haver fermento em nenhum compartimento da casa, desde que este é o símbolo do pecado. Se os pões asmos não continham fermento como o próprio nome indica, é fácil concluir que o vinho também não podia conter fermento. A leitura das seguintes passagens nos levam a esta conclusão: Gên. 19:3; Êxodo 13:6-7; Lev. 23:5-8; Luc. 22:1. Tanto o vinho da ceia como o das bodas em Caná da Galiléia não era fermentado, porque Jesus jamais aceitaria partilhar daquilo que é tão fortemente condenado na Bíblia. Todas as igrejas cristãs tradicionais conservam o costume de usar o vinho sem fermento para simbolizar o sangue de Cristo, oferecido por nós na cruz, para remissão de nossos pecados.

Estudo de Duas Passagens

I. I Tim. 3: 8. – “Não inclinados a muito vinho.”

Embora este conselho de Paulo seja difícil de ser explicado, se pensarmos bem sobre ele, e se o pesquisarmos em fontes sadias, concluiremos o seguinte:

O termo grego usado é oinos, empregado em O Novo Testamento, como já vimos, para o vinho fermentado e não fermentado. Se Paulo aqui se refere ao vinho fermentado, ele está em contradição com suas próprias declarações quanto ao cuidado do corpo (I Cor. 6:19 e 10: 31) e em oposição à orientação geral da Bíblia no tocante a bebidas intoxicantes (Prov. 20:1; 23:29-32; João 2:9). Como bem pondera o Comentário Adventista, se sua referência era ao uso do suco de uva não havia necessidade desta advertência.

Neste conselho Paulo adverte aqueles que exercem liderança dentro da comunidade cristã para não incorrerem neste vício, porque este os incapacitaria para o correto desempenho de sua tarefa.

Estas e outras passagens correlatas seriam bem compreendidas quando se pondera no seguinte: Deus deseja o nosso afastamento das bebidas com álcool, mas o ser humano, muitas vezes, se afasta desta orientação, daí a constante advertência dos mensageiros de Deus para que os seus filhos o evitem.

II. A Problemática Passagem de I Tim. 5:23.

Os defensores da abstinência total têm se preocupado muito com esta passagem. Se o verso de I Tim. 5:23 for analisado no seu contexto ele jamais deverá ser usado para liberar o uso do vinho fermentado.

The Interpreter’s Bible, vol. XI, pág. 445 comentando este verso declara:

“Sendo que na ocasião o vinho era considerado como útil na medicina indicado na cura de uma variedade de doenças, a prática da abstinência total significa renúncia ao vinho não apenas como uma bebida, mas também como um remédio. Esta prática é prejudicial, diz o autor: Tendo Timóteo um estômago fraco ou por causa de suas freqüentes enfermidades, ele não devia hesitar em usar um pouco de vinho.”

“O verso ilustra muito bem o senso comum, o ponto de vista moderado do autor. Ele não defende nenhum vinho como prazer. A religião é demasiado séria para isto. Mas quando ela chega a recusar remédio, ele traça-lhe um limite.”

O SDABC apresenta sobre esta passagem os seguintes esclarecimentos:

“Alguns comentaristas crêem que Paulo aqui defende o uso moderado de vinho fermentado para propósito medicinais. Chamam a atenção para o fato de que aquele vinho assim tem sido usado através dos séculos. Outros sustentam que Paulo se refere ao suco de uvas não fermentado, arrazoando que ele não daria conselho inconsistente com o resto das Escrituras, que advertem contra o uso de bebidas intoxicantes (veja Prov. 20: 1; 23: 29-32).” vol. VII, pág. 314.

O estudo da passagem de 1 Tim. 5: 23 nos leva à conclusão de que neste caso Paulo está tratando de um caso isolado e especial – um problema de doença. Em suas demais epístolas ele sempre defendeu total abstinência do vinho, como nos comprovam Rom. 14:21 – “. . . é bom não beber vinho…” Efésios 5:18 “… Não vos embriagueis com vinho. . .”

Não é justo alguém apoiar-se nesta passagem para defender o uso do vinho com álcool.

Do excelente folheto “Vinho”, de autoria de Walter G. Borchers, destacamos estas judiciosas palavras concernentes a este verso:

“Os que querem beber vinho que contém álcool, não obstante a proibição bíblica, no seu desespero lançam mão, por último, de um só texto (eu diria dois, sendo o outro I Tim. 3:8), a saber, I Tim. 5:23. Mas, vamos ao texto. Descobriremos logo que o jovem pregador Timóteo, que conhecia as Sagradas Escrituras desde a sua infância, era um consciencioso e rigoroso abstêmio; também, que ele tinha a infelicidade de não andar bem de saúde, tendo estômago fraco e sofrendo freqüentes indisposições; e que S. Paulo lhe aconselhou o uso de um pouco de vinho, como remédio, por causa dessas suas enfermidades.

“Se olhássemos para o texto pelo prisma dos apologistas do vinho, diríamos: parece que S, Paulo, como algumas pessoas de hoje, que não acompanham a ciência moderna, pensava que o uso de ‘um pouco de vinho’, como remédio, embora fermentado, talvez fizesse bem.

“Notemos, porém, que o termo ‘oinos’, usado neste texto, sendo empregado, às vezes, no sentido de vinho doce, não diz com clareza se era vinho novo e doce ou fermentado, o que Timóteo devia usar; mas mesmo que fosse vinho fermentado, existe muita diferença entre o uso de um pouco, no caso de doença, e o beber vinho fermentado de preferência ao novo e doce, sob uma infinidade de pretextos fúteis, desprezando assim a Palavra de Deus, que, no Velho Testamento, proíbe, em 134 textos diferentes, o uso do vinho fermentado, e, no Novo Testamento, coloca na categoria de libertinos, idólatras, maldizentes, adúlteros, ladrões e assassinos, os bebedores de vinho dessa qualidade (I Cor. 6:9 e 10; Gál. 5:19-21; etc., etc.), deixando bem claro que os bêbados não herdarão o reino de Deus.” – págs. 9 e 10.

Quais Seriam as Razões Fundamentais Indicadas pela Palavra de Deus para que Seus Filhos se Abstenham de Bebidas Alcoólicas?

Uma resposta segura e abalizada se encontra no artigo O Consumo de Vinho do Ponto de Vista Bíblico de L. E. Froom, de onde extraímos os seguintes passos:

“Transportando agora todos os tipos e figuras, que alguns poderiam minimizar, passamos à plena admoestação de Deus sobre o cuidado e a proteção que devemos dedicar ao nosso corpo, e à razão relativa disso. Descobrimos que de nosso corpo é declarado ser o ‘templo de Deus’ três vezes e a habitação do Espírito Santo. Não devemos contaminar este templo com bebidas e alimentos proibidos, mas conservá-lo santo, para não sermos destruídos quando todos os maus forem exterminados. Paulo enuncia isto em 1 Coríntios: ‘Não sabeis vós que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá’. I Cor. 3:16, 17.

“No sexto capítulo declara que somos ‘templos do Espírito Santo’, o qual não tem qualquer parentesco com o álcool e a embriaguez. Devemos glorificar a Deus com este corpo que é redimido em virtude do sangue de Cristo: o nosso corpo deve ser cuidado como lugar de habitação de Deus. I Cor. 6:19, 20.

“Enfim, o apóstolo Paulo repete a admoestação divina afirmando que nós somos o templo de Deus vivente, no qual Ele faz morada. Por isso devemos ser separados como o eram os nazireus da antigüidade. Não devemos tocar aquilo que é impuro, mas antes purificar-nos de toda imundícia e aperfeiçoarmo-nos na santidade. Agora e para sempre devemos ser possessão divina, pois é o que Deus espera de nós – Ver II Cor. 6:16-17.” – O Atalaia, Maio de 1977 págs. 6 e 7.

A sábia orientação divina consiste em advertir-nos, seriamente, para os perigos e as nefastas conseqüências das bebidas. Os apreciadores de vinho não deviam ingeri-lo, justificando este desejo com exemplos bíblicos. Em vez de assim fazê-lo deviam meditar bem que esta fraqueza poderá levá-los à embriaguez, que está arrolada na Bíblia entre as obras da carne, que nos excluem do reino dos céus. (Gál. 5:21; I Cor. 6:10).

As Escrituras o condenam com veemência em muitas passagens, como os versículos 29 e 35 do capítulo 23 de Provérbios, por conseguinte, tocas as bebidas alcoólicas, logo ninguém deve ingeri-las escudado na Palavra de Deus.

Conclusão

Diante da exposição feita a única conclusão a que devemos chegar deve ser esta:

A sábia lição aos sacerdotes no santuário: o edificante exemplo dos nazireus; as ponderadas advertências de Salomão; e a orientação divina no caso de João Batista; as oportunas exortações do apóstolo Paulo com respeito a ser o nosso corpo o templo do Espírito Santo; a moral elevada que deve ser seguida na vida dos verdadeiros cristãos, tudo nos leva a afirmar: a abstinência do vinho ou de qualquer bebida alcoólica é o caminho seguro e o ideal proposto por Deus para os seus filhos em todas as idades e através de todas as épocas.

Conquanto o uso do álcool como bebida não seja condenado per si na Bíblia, os princípios de saúde esboçados nas páginas sagradas e os horríveis exemplos, tais como os de Nabal, dão autenticidade ao conselho dado por Ellen G. White de que “a única atitude segura é não tocar, não provar, não manusear”. – A Ciência do Bom Viver, pág, 335.

Ela acrescenta que “a total abstinência é a única plataforma sobre que o povo de Deus pode conscienciosamente firmar-se.” – Testimonies, vol. 7, pág. 75. – Comentário da Lição da Escola Sabatina, 21-5-1983, pág. 120.

Extraído do livro “Explicação de Textos Difíceis da Bíblia” de Pedro Apolinário, Professor de Grego e Crítica Textual no Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia.

Dinossauros, a Bíblia fala sobre eles?

Oferecem a Bíblia e os escritos de Ellen G. White alguma base para a crença na existência desses estranhos animais?

Anos atrás, depois de terminar uma palestra para universitários e profissionais liberais, fui abordado por um pastor. Ele me pediu que tentasse convencer a esposa dele sobre a existência dos dinossauros. Ela era professora e se recusava a ensinar os alunos sobre esse tema. Compreendi que atrás daquela negativa havia uma luta para compreender o mistério que deixa perplexas algumas pessoas e fascina outras: Como explicar a passada existência (e extinção) dos dinossauros, num contexto bíblico?

A negação da existência dos dinossauros tem se tornado mais difundida do que gostaríamos de admitir, mesmo considerando nossa sociedade científica com pesquisas altamente avançadas em todas as áreas, incluindo geologia e paleontologia. Essas ciências parecem fora de lugar em nossas instituições educacionais e raramente são consideradas por nossos jovens na escolha de sua carreira profissional. Como cristão e paleontólogo, tenho que enfrentar diariamente a noção de uma evolução biológica envolvendo milhões de anos e posso compreender que algumas pessoas temem ser envolvidas por uma filosofia contraditória às Escrituras.

Entretanto, é possível estudar fósseis, rochas e evolução, sem renunciar à fé. Nossa apreciação da beleza e do mistério da criação da Terra e sua história subsequente depende em grande parte de como e o que professores e pastores estão ensinando nas igrejas e escolas.

No museu e na TV

Se você já visitou um museu de história natural, provavelmente viu grandes esqueletos de dinossauros. Também pode ter visto reproduções animadas em que, no caso de documentários da televisão, eles parecem vivos e reais. Ao assistir a tais animações, o espectador deve considerar alguns detalhes. Primeiramente, devemos aceitar que os dinossauros existiram por um período de tempo na Terra e que, em certos lugares, eles pareciam numerosos. Paleontólogos têm encontrado evidências de sua existência em todos os continentes, incluindo Antártica. Essas evidências incluem ossos, ovos, tocas e pegadas. Rastros e pegadas são abundantes e não podem ser associados a nenhuma outra criatura fora do que conhecemos como dinossauros.

Em segundo lugar, devemos saber que os esqueletos encontrados em museus não são tipicamente reais, mas réplicas. Os ossos originais são muito valiosos e delicados para ser expostos ao público; portanto, são armazenados em lugares mais seguros. Além disso, os esqueletos dos museus são ajuntamentos de réplicas de ossos de várias espécies oriundas de lugares distantes. Os paleontólogos são capazes de compor a arquitetura do corpo dos dinossauros, embora não possam ter todos os elementos da mesma criatura. Assim, as réplicas encontradas nos museus são razoavelmente confiáveis. Entretanto, animações vistas na TV são mais especulativas, especialmente no que tange à cor, fisiologia, comportamento e assim por diante.

Desaparecimento

Na coluna geológica, vestígios de dinossauros aparecem em camadas de rochas que os paleontólogos chamam de Triássico, Jurássico e Cretáceo. Essas camadas sedimentadas, amontoadas uma sobre a outra, mostram características específicas, incluindo as de certas espécies fósseis como moluscos, répteis, peixes, dinossauros e organismos microscópicos (diatomácea, algas) que habitaram os oceanos. Alguns paleontólogos creem que os dinossauros, bem como outros grupos de animais e plantas, desapareceram subitamente em consequência do impacto de um meteorito gigante 65 milhões de anos atrás. Outros duvidam disso, por várias razões.

Muitos cientistas criacionistas acreditam que os dinossauros desapareceram junto com outras espécies, durante o dilúvio universal descrito em Gênesis. Esse cenário poderia incluir atividade de um meteorito resultando em tsunamis, atividade vulcânica e emissão de dióxido de carbono, sulfeto e outros elementos químicos prejudiciais a plantas e animais. Portanto, a ideia de um meteorito impactando a Terra não é necessariamente incompatível com o modelo bíblico do dilúvio.

Apesar da falta de consenso entre os cientistas sobre a causa do desaparecimento dos dinossauros, a mídia e a imprensa pseudocientífica decidiram que a teoria do impacto do meteoro é a única explicação válida. Isso está longe da realidade. Os dinossauros desapareceram, mas não sabemos exatamente quando nem por quê. Entretanto, a possibilidade de sua extinção durante o dilúvio do Gênesis (com ou sem impacto) pode ser vista como hipótese científica plausível e merece consideração.

Convivência com Humanos

Muito tem sido escrito e falado sobre certas evidências que supostamente mostram dinossauros e seres humanos juntos. Elas incluem o que é interpretado como pegadas de humanos e dinossauros, quadros pré-históricos em cavernas e cerâmicas, em que figuras humanas aparecem junto a criaturas excepcionais muito semelhantes às atuais reconstruções desses répteis gigantes. Mas, estudos científicos têm mostrado que esses traços têm sido mal interpretados.

Analisemos, por exemplo, os alegados sinais de “humanos” e dinossauros encontrados no leito do Rio Paluxy no Texas. Poucas décadas atrás, cientistas proclamaram que essa era uma segura evidência contra a teoria da evolução e prova da ocorrência de um dilúvio universal. Intrigados por essa afirmação, vários cientistas evolucionistas e criacionistas estudaram detalhadamente as marcas encontradas nas rochas. Nesse lugar específico, o leito e a margem têm muitas marcas por causa de erosão. Através das marcas deixadas sobre a rocha, causadas pela circulação da água, podemos distinguir se o traço do dinossauro é verdadeiro ou falso.

Há também estudos feitos em laboratório. Se uma marca é autêntica, deve mostrar as camadas achatadas de sedimento rochoso sob ela, por causa do peso do animal. Para testar essa deformação característica, cientistas cortaram transversalmente a marca e não observaram presença dela. Concluíram que o molde não se tratava de real pegada humana, mas resultava de erosão pela natureza ou forjada pelo homem. Estudos posteriores mostraram que tais “marcas” e desenhos foram deliberadamente colocados por fanáticos defensores da coexistência de humanos e dinossauros, acarretando, assim, zombaria e rejeição no mundo acadêmico.

Na Bíblia

O relato da criação em Gênesis 1 fala de um Deus que criou vida marinha bem como pássaros no quinto dia; e o restante dos animais, no sexto dia. Embora os répteis sejam citados, os dinossauros não são mencionados, o que não deve nos surpreender; afinal, nos dias de Moisés, a palavra “dinossauro” não existia, nem ele estava obrigado a mencioná-los. Ele também não mencionou outros grupos de animais como, por exemplo, besouros, tubarões, estrelas-do-mar.

O fato de a Bíblia não citar os dinossauros pelo nome não prova que Deus não os tivesse criado; muito menos a estranha aparência deles. Hoje existem muitos animais tão estranhos como os dinossauros – observe o ornitorrinco e o canguru – que não atraem muito a atenção. Algumas pessoas creem que os dinossauros surgiram como resultado da maldição depois do pecado de Adão e Eva, mas a Bíblia não emite luz sobre isso, nem identifica explicitamente os animais que mudaram como resultado do pecado nem qual foi o tipo de mudança.

Muitos cientistas criacionistas acreditam que os dinossauros desapareceram durante ou logo após o dilúvio. Mas, a Bíblia também não nos dá indícios sobre o destino deles. Por causa desse silêncio bíblico, o fato de que os dinossauros desapareceram durante uma catástrofe mundial conhecida como dilúvio é uma hipótese que deve ser considerada através de pesquisa científica. A comprovação de tal hipótese deve ser feita através de dados geológicos e paleontológicos,
não por forçar a Bíblia a dizer o que ela não diz.

Finalmente, há quem pense que os dinossauros sobreviveram ao dilúvio, mas logo desapareceram por não se terem adaptado ao novo ambiente. Essa é outra possibilidade, pois havia dinossauros na arca e, talvez, tenham desaparecido durante a colonização pós-diluviana. A Bíblia menciona duas estranhas criaturas: beemote (Jó 40:15-18) e leviatã (Jó 41:1), que alguns interpretam como possíveis exemplos dos dinossauros pós-diluvianos. Entretanto, a maioria dos eruditos não aceita essa explicação, e esses termos são geralmente traduzidos respectivamente como hipopótamo e crocodilo. Não estão relacionados aos dinossauros.

Ellen White

O termo dinossauro foi usado pela primeira vez em 1842, pelo zoólogo inglês Richard Owen, para nomear um grupo de fósseis répteis então descobertos. O uso do termo se expandiu enquanto novas descobertas aconteciam na Europa e América do Norte. No tempo em que Ellen White escreveu suas primeiras declarações sobre criação, dilúvio, ciência e fé (1864), o termo dinossauro já era comum nos livros e revistas. Entretanto, ela nunca usou esse termo nem qualquer outra palavra similar para se referir a esses répteis extintos.

Numa breve declaração, em 1864, ela escreveu: “Todas as espécies de animais que Deus criou foram preservadas na arca. As espécies confusas que Ele não criou, e que foram resultado de amálgama, foram destruídas no dilúvio”.1 Essa é uma declaração favorita entre alguns adventistas para os quais ela explica os organismos extintos, incluindo dinossauros, bem como fósseis com características intermediárias, também conhecidos como fósseis em transição, ou seja, aqueles que, de acordo com a teoria da evolução, mostram mistura de características entre dois grupos de animais ou plantas considerados consecutivos no tempo. Exemplo disso são os répteis parecidos com mamíferos, considerados um degrau intermediário na evolução.

Muitas pessoas leem nessas palavras o que nós conhecemos como engenharia genética, indicando que, nos tempos antediluvianos as pessoas praticavam acasalamento híbrido, resultando em estranhas formas biológicas.

Entretanto, essa interpretação apresenta problemas. O primeiro é a dificuldade para definir o que Ellen White quis dizer com “amálgama”. Estudos mais profundos sobre a declaração não têm dado uma resposta definitiva, e concluímos que ainda não sabemos exatamente o significado desse termo.

Um segundo problema é a aplicação de “amálgama” a casos reais no registro fóssil. Se “amálgama” significa “híbrido”, como poderíamos reconhecer esse fenômeno entre os fósseis ou entre animais e plantas dos nossos dias? Como poderíamos determinar que espécies eram híbridas antes do dilúvio, se elas realmente já existiam? Alguns respondem a essa pergunta dizendo que as espécies híbridas não sobreviveram ao dilúvio, precisamente porque Deus não quis. Mas, esse raciocínio é um círculo vicioso falho porque o critério que usamos para diferenciar os híbridos (extinção) é o mesmo que usamos para definir o que gostaríamos de diferenciar (híbridos). Em outras palavras, amalgamação explica seu próprio desaparecimento, e seu desaparecimento define o que são eles.

Ellen White continua dizendo que “desde o dilúvio tem havido amalgamação de homens e bestas, como pode ser visto em variedades quase infindáveis de espécies de animais”.2 Em primeiro lugar, é importante enfatizar que ela diz “amalgamação de”; não diz “amalgamação entre” como alguns interpretam. Em segundo lugar, se amalgamação significa formas intermediárias, híbridas ou criaturas estranhamente formadas, qual é o critério para reconhecê-las? Se essas foram formadas depois do dilúvio, provavelmente se tornaram fósseis, e outras teriam sobrevivido até agora. Como podemos diferenciá-las entre si e de outros organismos vivos que não são híbridos? Ellen White não dá indícios sobre isso.

No mesmo texto, ela estabelece que lhe foi mostrado “que animais muito grandes e poderosos existiram antes do dilúvio, e não mais existem agora”.3 E também disse em outro texto que “houve uma classe de animais que pereceram no dilúvio. Deus sabia que a força do homem diminuiria e esses mamutes não poderiam ser controlados por homens fracos”.3

Entre outras, essa declaração a respeito da vida antes do dilúvio sugere que a profetiza estava se referindo à existência de uma ampla variedade de animais que não sobreviveram na arca. Entretanto, não estamos seguros quanto ao significado da declaração; não sabemos o que eram esses “animais muito grandes e poderosos”. Porém, suas palavras não estão longe da descrição científica dos dinossauros. Falando biologicamente, eles são um tanto confusos, não apenas porque alguns são gigantes, mas também partes do seu corpo (pernas, pescoço, cauda, cérebro) são, em alguns casos, desproporcionais.

A verdade é que muitas pessoas têm lutado para encontrar declarações de Ellen White apoiando a ideia de que os dinossauros não foram criados por Deus, mas resultaram de amálgama antes do dilúvio, sendo, portanto, condenados ao desaparecimento na catástrofe universal. Essa pode ser uma possibilidade, mas, depois de minucioso estudo de seus escritos, não encontramos apoio inequívoco para essa conclusão.

A Escritura não menciona a existência de dinossauros, pelo menos como nós os compreendemos, nem antes nem depois do dilúvio. Ellen White também não os menciona, e não estamos absolutamente seguros quanto ao significado de sua afirmação referente a “animais muito grandes”. Porém, isso não representa evidência de que eles não existiram. Ao contrário, as evidências disso são claras: ossos, dentes, ovos, pegadas e impressões. Mas, em algum ponto da história, eles desapareceram. Sua origem e seu desaparecimento estão envolvidos num mistério que requer cuidadoso e rigoroso estudo. E isso não compromete nossa fé nos ensinamentos bíblicos.

Referências:
1 Ellen G. White, Spiritual Gifts (Battle Creek,
MI: SDA Publishing, 1864), v. 3, p. 75.
2 Ibid., p. 35.
3 Ibid., p. 92.
4 Ibid., v. 4, p. 121

Artigo escrito por Raúl Esperante – Cientista do Instituto de Pesquisa em Geociência, Loma Linda, Califórnia. Publicado na Revista Ministério Jul/Ago-2010.

fonte:/setimodia

Cartas de uma Ilha Solitária – Assista !

O Pastor Mark Finley, diretor e orador do programa de televisão “Está Escrito”, é um conhecido evangelista e autor de vários livros. Ele tem dirigido campanhas evangelísticas em vários países do mundo. Nesta série intitulada “Cartas de uma Ilha Solitária” ele nos falará das sete cartas escritas por João às sete igrejas da Ásia.

Para assistir aos vídeos clique nos links abaixo:

Um Importante Passo para Trás (ÉFESO)
Parte 01 / Parte 02 / Parte 03

Olhe para o Horizonte (ESMIRNA)
Parte 01 / Parte 02 / Parte 03

O Perigo de Acomodar-se (PÉRGAMO)
Parte 01 / Parte 02 / Parte 03

Quando é Hora de Partir (TIATIRA)
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Uma Mensagem aos Mortos (SARDES)
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Encontre a Porta Aberta (FILADÉLFIA)
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O Remédio Certo (LAODICÉIA)
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