Parábolas de Jesus: os dois caminhos

Mateus 7:13 e 14. Nos dias de Cristo, o povo da Palestina vivia em cidades muradas, situadas na maioria das vezes sobre colinas e montes. As portas eram alcançadas por meio de caminhos íngremes e pedregosos. O caminhante que se dirigia para casa no fim do dia tinha muitas vezes que percorrer correndo a penosa subida a fim de chegar à porta antes do cair da noite. O retardatário ficava de fora.

Do estreito e ascendente caminho que conduzia ao lar, Jesus tirou uma imagem do caminho cristão. Desse exemplo, Jesus pode demonstrar a existência de dois caminhos na vida de toda pessoa: um é estreito e o outro mais largo. Mas o fim de cada um deles é totalmente diverso. Quem quer seguir a trilha da salvação deve buscar continuamente o caminho cuja direção é para cima. É natural que a maioria preferirá o caminho descendente, que conduz à destruição final, por isso é fundamental sempre lembrar que em se tratando de assuntos espirituais, a maioria nunca esteve certa.

É verdade que a estrada para a perdição é aparentemente atraente, mas não passa de uma ilusão. Na estrada descendente talvez a entrada esteja adornada com flores, mas ao fim conduz ao desespero e à aflição.

Mateus 7:13: “Entrai pela porta estreita. Pois larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição e muitos são os que entram por ela.”

Mateus 7:14: “Mas estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para a vida e são poucos os que a encontram.”

Consciência do certo e do errado

É crucial que o ser humano tenha consciência do que é certo e do que errado. Somente conhecendo o caminho, é possível decidir.

Provérbios 14:12: “Há caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.”

Isaías 30:21: “Quer te desvies para a direita, quer te desvies para a esquerda, os teus ouvidos ouvirão a palavra que será dita atrás de ti: Este é o caminho; andai nele.”

É preciso decidir

>> Uma decisão que envolve conhecimento de Deus.
>> Uma decisão que exige mudança de rumo e de comportamento.
>> Uma decisão que exige compromisso.
>> Uma decisão que exige domínio próprio.
>> Uma decisão que tem conseqüências eternas.

O perigo de rejeitar a verdade

João 8:32: “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.”

Atos 17:30: “Mas Deus, não levando em conta os tempos da ignorância, manda agora que todos os homens em todos os lugares se arrependam.”

Oséias 4:1: “Ouvi a palavra do Senhor, vós, filhos de Israel, porque o Senhor tem uma contenda com os habitantes da terra. Não há verdade, nem amor, nem conhecimento de Deus na terra.”

Deus não levará em conta a verdade que o ser humano não conhecia, mas pedirá conta da verdade que o ser humano não quis conhecer.

Oséias 4:6: “…o Meu povo é destruído porque lhe falta o conhecimento. Porque tu rejeitaste o conhecimento, também Eu te rejeitarei com Meu sacerdócio; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também Eu me esquecerei de teus filhos.”

Disposição de fazer a vontade de Deus

João 7:17: “Se alguém quiser fazer a vontade de Deus, descobrirá se o meu ensino vem de Deus, ou se falo de mim mesmo.”

Para andar no caminho que conduz à vida é preciso pensar e pensar muito. Pensar cada dia; a cada momento. O domínio próprio é a submissão da vontade ao poder de Deus. “Como cidade derrubada, que não tem muros, assim é o homem que não pode conter o seu espírito” (Pv 25:28). A pessoa que não tem domínio próprio é como uma cidade sem muros. Recebe ataques de todos os lados e não consegue resistir.

Permitimos que Deus assuma a direção de nossas decisões, porém, o controle continua conosco. Tanto é verdade que no momento em que quisermos assumir, podemos fazê-lo.

“Esforçai-vos” (Lc 13:24). Paulo diz: “Prossigo para o alvo” (Fl 3:14). “Já estou crucificado com Cristo e vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim” (Gl 2:20). Se o homem se esforça em obedecer a Deus, Jesus aceita essa disposição e esforço e supre a eventual deficiência com Seu próprio mérito divino.

“Vinde a Mim” (Mt 11:28) – Esse é o segredo da vitória. Por nós mesmos, não podemos vencer os maus hábitos e pensamentos pecaminosos que prevalecem em nosso coração. Não temos como dominar o poderoso inimigo que nos mantém em escravidão.

Unicamente Deus pode nos dar a vitória. Ele deseja que tenhamos o domínio de nós mesmos, de nossa vontade e de nossos caminhos. Ele não pode, porém, operar em nós contra o nosso consentimento e cooperação. O Espírito divino opera mediante as faculdades e poderes conferidos ao homem. Nossas energias são requeridas para cooperar com Deus. A vitória não é ganha sem muita e fervorosa oração. Nossa vontade não deve ser forçada a cooperar, mas deve ser colocada ao lado da vontade de Deus. “Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade” (Fl 2:13).

Pensamos que ter liberdade é ser dono das próprias decisões. É fazer o que quisermos. Mas verdadeiramente livres são os que cumprem a “lei da liberdade” (Tg 2:12).

Que temos de deixar quando escolhemos o caminho certo?

>> Temos que caminhar em outra direção, porque já nascemos andando na direção errada. Quando nascemos, já estamos no caminho largo. A decisão é deixá-lo e entrar pela porta estreita. Andar na contramão do mundo.

“Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1 João 5:4).

(Texto da jornalista Graciela Érika Rodrigues, inspirado na palestra do advogado Mauro Braga)

Parábolas de Jesus: os dois fundamentos

Leia Mateus 7:24-27 e Lucas 6:46-49. As pessoas que estavam ouvindo a parábola dos dois fundamentos podiam ver os pequenos cursos d’água que cortavam o vale em direção ao Mar da Galiléia. Enquanto o verão avançava, esses fios diminuíam até quase sumir. Mas quando as chuvas do inverno começavam a cair os córregos se avolumavam até se tornar correntes turbulentas que chegavam a arrastar casas construídas perigosamente sobre a areia da planície. Em contraste, os ouvintes de Jesus também podiam contemplar as casas que foram construídas sobre as rochas mais altas ou ao redor delas. As pessoas construíam tais casas com muita dificuldade. Elas, entretanto, agüentavam anos e anos sob as condições mais adversas.

Por meio dessa parábola, Jesus nos ensina que devemos proceder como as pessoas que constroem sobre a rocha. Quando aceitamos a Cristo e nos propomos a viver de acordo com Seus princípios, estamos na realidade colocando-O como o Fundamento de nosso caráter (simbolizado pelas casas).

Santificação – Desenvolver um caráter semelhante ao de Jesus é um processo de toda a vida. Qualquer profissional sabe que é preciso aprender as coisas básicas antes de poder avançar. Quais são algumas coisas “básicas” da vida cristã? Pessoas recém-convertidas geralmente precisam “desaprender” algumas crenças, hábitos e práticas. Assim, o processo de se tornar mais semelhante a Jesus (santificação) geralmente acontece como o fermento em meio à massa de pão. Você não pode vê-lo operando, mas logo sabe se ele atuou ou não.

Mateus 7:24: “Todo aquele, pois, que ouve estas Minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha;”

Mateus 7:25: “e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha.”

Mateus 7:26: “E todo aquele que ouve estas Minhas palavras e não as pratica será comparado a um homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia;”

Mateus 7:27: “e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, e ela desabou, sendo grande a sua ruína.”

Os dois fundamentos retratam uma escolha óbvia. Jesus fez uma clara e irreconciliável diferença entre certo e o errado, o bem e o mal. A grande falha da maioria das filosofias é não reconhecer a existência do mal. Por esta razão, Deus não pode ser ignorado sem que isso traga à vida sérias conseqüências.

Essa parábola demonstra que ninguém, quer esteja ligado a Cristo ou não, consegue escapar da tentação, da dificuldade ou do sofrimento. Mas unicamente os que estão unidos a Cristo podem se manter em pé, a despeito de toda a tormenta.

“Todo aquele que ouve estas Minhas palavras” – A que palavras o Senhor Jesus está Se referindo?

Para entender esse assunto, devemos ler Mateus 7:21-23: “Nem todo o que Me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de Meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-Me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em Teu nome, e em Teu nome não expelimos demônios, e em Teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim, os que praticais a iniqüidade.”

Por isso, todo aquele que edifica a sua vida espiritual nas obras praticadas, no domínio próprio, na força de vontade, no esforço humano, no moralismo, nos regulamentos, na disciplina; todo aquele que fundamenta o prédio da sua vida espiritual nessas coisas, está construindo sobre a areia. Quando vier o vento, a casa vai ruir. Mas aquele que edifica sua experiência espiritual na dependência permanente do amor de Cristo está edificando sobre a rocha, que é Jesus.

Quatro bases do relacionamento com Deus

Os três primeiros fundamentos que vamos analisar abaixo constituem o relacionamento com Deus construído sobre a areia. Mas o quarto fundamento adiante apontado representa a relação com Deus construída sobre a rocha. Somente quando fundado sobre essa última, o relacionamento com Deus não desmorona diante da tempestade das aflições.

Relacionamento baseado na ignorância – Após quatro séculos de escravidão, Israel havia saído do Egito. Moisés e Arão foram usados por Deus para conduzir a libertação do povo, através do Mar Vermelho que se abriu. Por causa de sua incredulidade, o povo vagueou pelo deserto durante 40 anos. Ao chegar ao pé do Monte Sinai, Deus resolveu falar com o povo.

Êxodo 19:4-6: “Tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águia e vos cheguei a Mim. Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a Minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é Minha; vós Me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel.” Moisés desceu do Monte, reuniu o Conselho de Anciãos do povo e anunciou as promessas do Senhor. A condição: “Se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança…” A promessa: “Então, sereis…”

Deus não havia revelado as bases da aliança. O povo ainda não sabia o que Deus iria exigir, mas respondeu precipitadamente: “Tudo o que o Senhor falou faremos” (Êx 19:8).

Esse tipo de resposta precipitada representa o voto de um ignorante. O povo estava firmando um compromisso fundado na ignorância, pois Deus ainda não havia dados os requisitos da Aliança. O povo prometeu fazer algo sem saber do que se tratava. Até então, Deus apenas havia estabelecido uma promessa condicionada à obediência.

No capítulo 20 de Êxodo, Deus revela então as bases da Sua Aliança com o povo, resumida nos Dez Mandamentos. O povo havia se comprometido a obedecer a uma lei que sequer conhecia. Assinar um contrato sem conhecer suas cláusulas é coisa de tolo.

Eclesiastes 5:4 e 5: “Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque [Ele] não se agrada de tolos. Cumpre o voto que fazes. Melhor é que não votes do que votes e não cumpras.” Se alguém prometer alguma coisa a Deus deve cumprir, caso contrário melhor seria que não tivesse prometido. Também hoje há pessoas que se relacionam com Deus baseadas na ignorância. Prometem a Deus coisas sem que tenham conhecimento do que Deus espera de um discípulo. Precipitadamente, tomam decisões sérias sem avaliar as conseqüências de suas promessas. Mais tarde, descobrem frustrados e aflitos que não conheciam a vontade de Deus. Ao descobrirem o que se requer de um verdadeiro discípulo em termos de responsabilidade e comprometimento diário, sentem-se incapazes e com uma terrível sensação de fracasso.

Ainda por ignorância quanto ao caráter de Deus, que é misericordioso, essas pessoas acabam se afastando dos caminhos do Senhor em vez de se arrependerem e se refugiarem nos braços de Deus.

Há muita gente achando que Deus permite tudo; concorda com tudo; sempre está de acordo com os pensamentos e projetos humanos. Ao responder à indagação de uma entrevistadora de televisão sobre a rápida conquista de fama e dinheiro, a “atriz” que havia acabado de participar de um filme impróprio concluiu em rede nacional: “É que Deus tem abençoado muito o meu trabalho…”

Relacionamento baseado no medo – É a segunda base equivocada para se estabelecer um relacionamento com Deus. O medo, como fundamento da relação com Deus, também implica em construir sobre a areia, tal qual a ignorância. Tudo o que se constrói baseado no medo, ao invés de paz, produz insegurança, insatisfação, infelicidade e distanciamento.

Quando Deus transmitiu os Dez Mandamentos em meio a relâmpagos e trovões, o povo entrou em pânico. Assustados e aterrorizados, os israelitas procuraram a Moisés e lhe suplicaram: “Todo o povo presenciou os trovões, e os relâmpagos, e o clangor da trombeta, e o monte fumegante; e o povo, observando, se estremeceu e ficou de longe. Disseram a Moisés: Fala-nos tu, e te ouviremos; porém não fale Deus conosco, para que não morramos” (Êx 20:18, 19). Esse era o mesmo povo que, de maneira precipitada e na ignorância, havia jurado a Deus obediência irrestrita, sem ainda ter conhecimento dos termos da Aliança e da seriedade do compromisso que havia firmado com Deus.

O povo preferiu ouvir a voz de um homem [Moisés] lhes falando a ouvir a voz de Deus. Tudo por causa do medo que sentiram de Deus. Ainda hoje, a maioria prefere conceitos e pensamentos humanos a ouvir a voz [palavra] de Deus. Daí em diante, o povo de Israel manteve com Deus um relacionamento fundamentado no medo. Medo do castigo. Não foi por outra razão que Israel criou uma série de normas. Não por amor a Deus, mas por medo do castigo de Deus. Era uma obediência sustentada no medo. Uma obediência legalista, exterior, em cumprimento da lei, para salvação por obras, sem nenhum prazer ou alegria. Era o medo de Deus e de Suas punições. Hoje, também milhões em todo o mundo vão à igreja com medo. Não há prazer na vida cristã. Tudo é obrigação.

Muitos imaginam poder obter a salvação como pagamento pelas obras religiosas que executam. Esses cristãos amedrontados se escravizam em formalidades. Nada conhecem sobre a pessoa ou o caráter de Deus. Aproximam-se do Senhor já com a impressão de que Deus não simpatiza com eles. Devolvem o dízimo porque têm medo de ser castigados com pobreza e miséria. Fazem o bem porque têm medo de perder os favores de Deus.

Tais pessoas vivem uma vida religiosa cansativa, apavoradas pelo constante medo de perder a salvação, pois para elas a salvação depende das coisas boas que fazem. A adoração fundamentada no medo de Deus produz uma religião superficial e inconstante. Quando o medo é aliviado, correm para pecar como num processo de fuga. Depois, voltam arrasadas, frustradas, esperando o acerto de contas com Deus. O nome de Deus para esses cristãos simboliza castigo, jugo pesado. Mas Jesus disse que o Seu jugo é suave. Vivem tristes dentro da igreja, sem nenhum prazer em ser cristãos. Esses irmãos estão mais dispostos a guardar mandamentos do que a amar Jesus. Por quê? Talvez, porque seja mais fácil aparentar bondade do que entregar o coração a Jesus. Esse medo é produzido por completo desconhecimento do verdadeiro caráter de Deus.

Relacionamento baseado na banalidade – Outra construção na areia é o relacionamento com Deus fundado na banalidade. Há pessoas que mantém um relacionamento banal e vulgar com o Senhor. Falam em Deus; usam símbolos referentes ao cristianismo; produzem frases de efeito sobre Jesus; porém não conseguem manter com Deus um relacionamento de amizade, respeito, reverência e sinceridade.

É uma vida cristã superficial, de aparências. Para tais pessoas, ir à igreja é apenas um momento social, para rever os amigos. Quem sabe uma oportunidade de paquerar. Nada além. Nada mais sério. Nada de compromisso.

Muitos têm Jesus como um astro a quem admiram como a um cantor, um ator ou jogador de futebol. É o Jesus produto de marketing; o Jesus “superstar”. O Jesus que pode trazer vantagens financeiras. É um bom investimento. Essas pessoas, normalmente, são aquelas que se vestem de maneira comprometedora; freqüentam ambientes impróprios; andam com amizades inadequadas e se envolvem em situações que deixam o nome de Jesus jogado na lama.

Jesus falou contra esse comportamento superficial. “Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim” (Mt 15:8).

Uma mulher aproximou-se de Jesus e, após ouvi-Lo falar, disse: “Bem-aventurada aquela que te concebeu, e os seios que te amamentaram! Ele, porém, respondeu: Antes, bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam!” (Lc 11:27-28). Jesus viu nas palavras daquela mulher apenas um deslumbramento vulgar. Era apenas uma admiradora; uma fã, não uma discípula. Hoje, infelizmente, também existem pessoas que mantém um relacionamento superficial com Deus. São apenas fãs de Jesus. O fã sabe tudo sobre o seu ídolo. Que dia ele nasceu; que carros tem; o que gosta de vestir. Mas nunca teve uma experiência pessoal com ele. Então, na verdade, não o conhece. Tanto é verdade que o ídolo também não o conhece. Jesus não precisa de fãs; precisa de discípulos. Esse tipo de relacionamento banal é ofensivo a Deus.

Relacionamento baseado no amor – O amor é o único fundamento sólido para qualquer tipo de relacionamento: religioso, conjugal, social, comercial, ou de qualquer outra natureza. “Buscar-Me-eis e Me achareis quando Me buscardes de todo o vosso coração” (Jr 29:13). Jesus disse: “Se Me amais, guardareis os Meus mandamentos” (Jo 14:15). $

A obediência a Deus só é aceita quando retrata um gesto de amor e gratidão. O amor elimina o medo. O amor de Deus por nós O impele a vir ao nosso encontro. A reação, quando Ele nos encontra, é o que muda o curso da nossa vida. Se O aceitamos, Ele nos perdoa e nos transforma. Então, paulatinamente, começamos a odiar o que gostávamos e a amar o que odiávamos. O que antes nos parecia bom, agora vemos como pecado e o que parecia ruim, agora consideramos bom. Todos que aceitam a oferta divina de salvação trocam o orgulho pela humildade; o ódio pelo amor; o egoísmo pela generosidade e a ansiedade pela paz.

Prazerosamente, o cristão que verdadeiramente ama a Jesus dedica várias horas por dia para contato com Deus ou para trabalhar em Sua obra. Não necessita que pastores fiquem cobrando sua participação. Está sempre pronto a cooperar. Quando recebe um cargo na igreja, desempenha-o com dedicação máxima e muito amor. Sabe que é honra demais trabalhar para Deus.

Mas para amar a Deus antes é preciso conhecê-Lo. Não se ama a quem não se conhece no íntimo. Só depois de conhecê-Lo por meio do estudo de Sua palavra, poderemos colocar a Deus em primeiro lugar em nossa vida.

As coisas de Deus vão permanecer eternamente. As coisas do ser humano são passageiras, assim como suas leis. O homem não pode fechar os olhos e ignorar os problemas gerados pelo pecado. Por isso, legisla para resolver questões sociais ligadas ao homossexualismo, por exemplo. Você escolhe entre seguir o que é eterno e o que é passageiro. Como o homem não pode impor a Deus o que é certo ou errado, muitos preferem excluir Deus de sua vida.

(Texto da Jornalista Graciela Érika Rodrigues, inspirado na palesra do advogado Mauro Braga.)

Parábolas de Jesus: a ovelha e a moeda perdidas

O pensamento central dessas duas parábolas (Lucas 15:1-10) demonstra que a salvação não é resultado de buscarmos a Deus, mas conseqüência de uma iniciativa dEle. Cristo conta como resgata o pecador.

Lucas 1:1: “Aproximavam-se de Jesus todos os publicanos [cobradores de impostos] e pecadores para O ouvir.”

Para os fariseus, pecador era qualquer pessoa que não vivia de acordo com os pensamentos e princípios deles.

Lucas 1:2: “E murmuravam os fariseus e os escribas, dizendo: Este recebe pecadores e come com eles.”

A compreensão dos costumes e do pensamento orientais ajuda a entender o sentido da parábola. As expressões “recebe” ou “se mistura com” implicam que possivelmente Jesus era o convidado especial. Tomar uma refeição junto com alguém significava aceitar aquela pessoa (At 11:3; 1Co 5:11), por isso os escribas e fariseus encaravam Jesus como pouco religioso.

Por essa acusação insinuaram que Jesus gostava de andar com pecadores. Os rabinos ficaram desapontados com Jesus. O que eles não sabiam é que a explicação estava justamente nas palavras que pronunciaram como acusação: “Este recebe pecadores.” As pessoas que iam ter com Jesus sentiam que nEle poderiam encontrar solução para o pecado, enquanto dos fariseus só recebiam condenação. Justamente em razão dos seus pecados é que se tornavam alvo da compaixão de Cristo.

Lucas 1:3: “Então, lhes propôs Jesus esta parábola:”

A OVELHA PERDIDA

Lucas 1:4: “Qual, dentre vós, é o homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la?

Lucas 1:5: “Achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo.”

Lucas 1:6: “E, indo para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida.”

Lucas 1:7: “Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.”

Entre a multidão que rodeava Jesus, havia pastores e também homens que investiam dinheiro em rebanhos e gado; por isso, todos podiam compreender claramente essa ilustração.

Essas pessoas que vocês desprezam, dizia Jesus, são propriedade de Deus e aos olhos dEle têm grande valor, assim como as ovelhas são valiosas para o pastor. Os homens podem negar a existência de Deus; podem fugir dEle; podem escolher outro mestre; contudo, pertencem a Deus e Ele jamais desiste de recuperar Sua propriedade.

O valor de alguma coisa para nós é proporcional ao amor que sentimos por ela. Assim, o valor intrínseco da ovelha não era a maior questão, mas sim o valor sentimental atribuído a ela pelo seu proprietário – o pastor. O que Jesus estava dizendo é que, em função do valor atribuído à perdida, qualquer um dos ouvintes deixaria as noventa e nove para buscar a extraviada. O amor de Deus por nós é que estabelece o nosso valor acima de qualquer avaliação humana.

Embora tenha consciência de que acabou se perdendo do rebanho, a ovelha desgarrada precisa ser procurada pelo pastor, pois, sozinha, não pode encontrar o caminho de volta. O mesmo se dá com a pessoa que se afastou de Deus; está tão desamparada quanto a ovelha perdida, e se o amor divino não fosse procurá-la, jamais poderia achar o caminho para Deus.

Os judeus ensinavam que era necessário que o pecador se arrependesse, antes de receber o amor de Deus. No entendimento deles, o arrependimento é a obra pela qual os homens ganham o favor do Céu. Foi esse pensamento que induziu os fariseus a exclamarem: “Este recebe pecadores.” Conforme sua suposição, Jesus não devia permitir que pessoa alguma a Ele se achegasse sem que antes tivesse se arrependido. Mas, na parábola da ovelha perdida, Cristo ensina que a salvação não é alcançada por procurarmos a Deus, mas porque Deus nos procura. Deus dá o primeiro passo. “Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram” (Rm 3:11, 12). Não nos arrependemos para que Deus nos ame. Ele nos revela Seu amor para que nos arrependamos. O ser humano precisa saber que o amor de Deus é incondicional; não depende de nada que façamos para merecê-lo e não se acaba em razão de tudo o que venhamos a fazer.

Se a ovelha perdida não é trazida de volta, vagueia até perecer. E muitas pessoas permanecem desviadas pela falta de uma mão estendida para ajudá-las. Esses errantes podem aparentar possuir coração endurecido e indiferente, mas se tivessem tido os mesmos privilégios que outros, poderiam ter revelado maior nobreza de caráter. Quando virmos alguém cujas palavras ou atitudes mostram estar separado de Deus, não devemos criticá-lo. Não nos compete a obra de condená-lo, antes devemos colocá-lo sobre os ombros e ajudá-lo.

Quando uma ovelha se perde, geralmente fica paralisada pelo desespero. Não corre, nem mesmo pára em pé. Por isso, quando o pastor a encontra, tem de carregá-la de volta. O mesmo ocorre conosco. O pecado nos deixa sem ação. Mas Cristo nos encontra e nos reconduz ao abrigo. Deus é quem nos põe sobre os ombros e nos carrega de volta.

A ovelha perdida simboliza as pessoas que sabem que estão perdidas e se angustiam. Sabem que precisam de Deus, que precisam de uma solução para seu problema, mas não conhecem o caminho de volta. É interessante a experiência da ovelha. Enquanto o sol brilha, ela não se sente perdida. Pelo contrário, ela até desfruta a liberdade, correndo de um lado para o outro.

Mas quando o sol começa a se esconder; as nuvens negras a chegar e as trevas a envolver a Terra, então, a ovelhinha começa a sentir medo e percebe que está perdida. Agora, sua liberdade não a satisfaz mais. Ela precisa do seu pastor. Sente que está perdida e tenta encontrar o caminho de volta. Experimenta uma trilha e se machuca. Experimenta outra e se fere. Em vão, experimenta de tudo. Do mesmo jeito, alguém pode ter largado Jesus quando o sol estava brilhando em sua vida. E infelizmente, agora, a escuridão começou a chegar e percebe que precisa de Jesus, mas não sabe como achá-Lo, não sabe onde encontrá-Lo, nem conhece o caminho de volta. É a hora de parar de correr desesperado de um lado para outro e dizer: “Senhor Jesus, estou aqui. Estou cansado, não tenho mais forças. Nada deu certo. Por favor, me conduza pelo caminho de volta.”

A promessa dada ao profeta Jeremias é estendida a você. É o caminho que Deus apresenta a todo aquele que O busca. “Porque Eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais. Então Me invocareis, e ireis, e orareis a Mim, e Eu vos ouvirei. E buscar-Me-eis, e Me achareis, quando Me buscardes com todo o vosso coração.”

A MOEDA PERDIDA

Jesus continuou a mostrar aos críticos escribas e fariseus a razão por que Ele comia com os pecadores, ao contar outra parábola parecida com a da ovelha perdida. O dote de casamento da mulher comumente consistia em moedas que ela guardava cuidadosamente como seu maior tesouro, para transmitir às filhas. A perda de uma dessas moedas era considerada séria calamidade e sua recuperação era causa de grande alegria; motivo até de comemoração de toda vizinhança. As mulheres geralmente colocavam tais moedas em uma faixa que usavam na testa para que todos pudessem ver. Essa moeda grega, a dracma, não tinha praticamente valor monetário, só valor sentimental, pois ela simbolizava a aliança havida entre os noivos.

No oriente, as casas pobres consistiam normalmente em um único quarto, sem janelas e escuro. Tinha piso de terra batida ou pedra, recoberto com palha para aliviar a poeira, o frio e a umidade. O quarto raramente era varrido e uma moeda que caísse ali era facilmente encoberta pelo pó e lixo. Para encontrá-la, mesmo durante o dia, era preciso acender uma candeia [lamparina] e varrer a casa. Mas o valor sentimental da moeda compensava qualquer esforço.

Lucas 1:8: “Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma, não acende a candeia, varre a casa e a procura diligentemente até encontrá-la?”

Lucas 1:9: “E, tendo-a achado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu tinha perdido.”

Lucas 1:10: “Eu vos afirmo que, de igual modo, há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende.”

A moeda é um objeto de metal, sem sentimento, sem razão, sem noção das coisas. Uma moeda perdida, ao contrário da ovelha, não sabe e nem sente que está perdida e, por isso, não acha que precisa de salvação. Ela não tem consciência da sua situação. Quando a moeda se perde, ela também perde o seu valor. Ela só brilha quando está nas mãos de seu dono. Jogada no chão, a moeda não tem valor. Ela perde o sentido de existir. Pode até brilhar por um tempo, até que a ferrugem tome conta dela e finalmente acabe enterrada e esquecida.

A moeda perdida simboliza as pessoas que hoje estão perdidas, mas não têm consciência da sua situação. Para elas, aparentemente, tudo está em ordem. Mas na verdade está tudo errado. Elas se recusam a aceitar que estão perdidas e insistem em dizer que está tudo bem. Carregam um vazio que dói; que perturba; que incomoda e que não as deixa ser felizes. A moeda perdida representa todos os homens e mulheres que não aceitam nem reconhecem que estão perdidos.

Essas pessoas pensam que o que dá significado à sua vida é o brilho que elas têm. Concentram sua atenção nos seus talentos, na sua capacidade. Podem ser grandes artistas, grandes profissionais, homens que brilham, mas não têm paz. Não querem reconhecer que precisam de Deus.

Nesta parábola, Cristo ensina que mesmo os que são indiferentes aos apelos de Deus não deixam de ser objeto do Seu amor incondicional. Continuam sendo procurados para salvação.

A expressão “acender a candeia” define claramente o dever dos cristãos para com os que necessitam de auxílio devido ao distanciamento de Deus. Os errantes não devem ser deixados em trevas e no erro, mas cumpre empregar todos os meios possíveis para trazê-los novamente para a luz. Acende-se a vela; e examina-se a Palavra de Deus em busca dos claros pontos da verdade, para que os cristãos fiquem por tal modo fortalecidos com argumentos da Sagrada Escritura, com suas reprovações, ameaças e animações, que os desviados sejam alcançados.

A ovelha afastou-se; vagava no deserto ou nas montanhas. A moeda foi perdida em casa. Alguns se encontram perdidos longe de nossos olhos; é preciso ir buscá-los. Outros, porém, estão bem perto, fazem parte da família.

A mulher da parábola busca incessantemente a moeda perdida. Acende a lamparina e varre a casa. Remove tudo que possa impedir sua procura. Embora uma única moeda esteja perdida, não cessam seus esforços até encontrá-la. Semelhantemente, na família e no círculo de amigos, se alguém estiver distante de Deus, deve ser empregado todo meio possível para recuperá-lo.

No círculo familiar há muitas vezes grande indiferença quanto à condição espiritual de seus membros. Pode haver um dentre eles que esteja separado de Deus; mas há pouca observação nesse sentido. Se na família um filho não estiver consciente de sua condição pecaminosa, os pais não devem descansar. Acenda-se a candeia! Examinai a Palavra de Deus e à sua luz procurai diligentemente tudo que houver na casa, para ver por que esse filho está perdido. Examinem os pais o próprio coração e esquadrinhem seus hábitos e costumes. Os filhos são a herança do Senhor e Lhe somos responsáveis pela administração de Sua propriedade.

Há muitos que desejam trabalhar em qualquer missão estrangeira; são ativos no serviço cristão fora da família, enquanto para seus próprios parentes de sangue não revelam Cristo e o Seu amor. A mulher que perdeu a moeda procurou-a até achá-la. Trabalhem igualmente a favor da família com amor, fé e oração.

Embora esteja sob pó e lixo, a moeda ainda é de prata. A dona se esforça em procurá-la porque lhe é de grande valor sentimental. Assim todo ser humano, embora degradado pelo pecado, é precioso aos olhos de Deus. Como a moeda traz a imagem e a inscrição do poder reinante, igualmente, quando foi criado, o homem trazia a imagem e a inscrição de Deus. E conquanto agora manchada e desfigurada pela influência do pecado, permanecem em toda alma os traços dessa inscrição.

A ovelha perdida sabe que está perdida e que não pode salvar-se por si mesma. Representa os que reconhecem encontrar-se separados de Deus. A moeda perdida representa os que estão perdidos em delitos e pecados, mas não estão conscientes de sua condição. Estão separados de Deus, mas não sabem. A benção da vida eterna corre perigo.

Deus nos promete o perdão a qualquer momento. A Bíblia diz em 1 João 1:9: “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” E perdoados em Cristo Jesus, recebemos do Criador um novo coração para que possamos viver em novidade de vida. Ezequiel 36:26 firma: “Também vos darei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne.”

(Texto da Jornalista Graciela Érika Rodrigues, inspirado na palestra do advogado Mauro Braga.)

Parábolas de Jesus: o filho pródigo

Esta parábola representa pessoas que um dia viveram sob a benção de Deus, mas se afastaram, e pela dor e sofrimento retornam aos Seus amáveis braços. Assim como relata a história, muitos só retornam para Deus depois de sentir profundo sofrimento e desespero. A verdade é que na escuridão muitos sentem a real necessidade de Deus.

Lucas 15:11: “Continuou: Certo homem tinha dois filhos;”

Lucas 15:12: “o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe. E ele lhes repartiu os haveres.”

Lucas 15:13: “Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante e lá dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente.”

O filho mais novo acabou cansando das restrições da casa paterna. Pensou que sua liberdade era reprimida. O amor e o cuidado do pai foram mal interpretados e resolveu seguir os seus próprios caminhos.

O jovem não reconhece qualquer obrigação para com o pai e não exprime gratidão, mas reclama os privilégios de filho para poder participar dos bens de seu pai. Deseja receber logo a herança que lhe caberia quando seu pai viesse a morrer. Depois de receber sua herança, sai da casa paterna para “uma terra distante”. Ninguém agora lhe dirá: “Não faças isso porque vai te prejudicar.”

Com dinheiro no bolso e podendo fazer o que bem quisesse, não faltaram más companhias para ajudá-lo a desperdiçar todos os bens e levá-lo ao pecado. A Bíblia fala de homens que “dizendo-se sábios, tornaram-se loucos” (Rm 1:22).

Lucas 15:14: “Depois de ter consumido tudo, sobreveio àquele país uma grande fome, e ele começou a passar necessidade.”

Lucas 15:15: “Então, ele foi e se agregou a um dos cidadãos daquela terra, e este o mandou para os seus campos a guardar porcos.”

Lucas 15:16: “Ali, desejava ele fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam; mas ninguém lhe dava nada.”

Depois de perder tudo “vivendo dissolutamente”, o jovem começou a passar necessidade. Houve uma grande fome na Terra. Ele buscou ajuda com um fazendeiro que o colocou para tomar conta dos porcos. Para um judeu essa ocupação era a mais vil e degradante. O jovem que se gabava da sua liberdade, agora se vê como escravo. Está na pior das escravidões: “com as cordas do seu pecado, será detido” (Pv 5:22). O falso brilho que o atraía desapareceu. Passa a comer a comida dos porcos. Dos companheiros que o rodeavam nos seus dias prósperos em que comiam e bebiam às suas custas, nenhum ficou para animá-lo. Agora, sem dinheiro, com fome, humilhado, é o mais miserável dos homens. Esse é o fim de todo aquele que decide servir apenas ao próprio eu.

“Ir para uma terra distante” é a verdadeira condição espiritual do pecador. Embora coberto pelas bênçãos do amor de Deus, nada há que aquele que vive sob o domínio das satisfações próprias mais deseje do que viver separado de Deus. Como o filho ingrato, reclama as bênçãos de Deus como sendo suas por direito. Recebe diariamente as bênçãos como se fossem uma obrigação da parte de Deus. Não agradece nem retribui com amor. Assim, partindo para longe de Deus, procuram os pecadores a felicidade (Rm 1:28). Só na terra distante o pecador aflito sentirá a miséria e o desespero e descobrirá a ilusão que o afastou de Deus. Verá que o sofrimento é uma conseqüência de sua própria loucura.

Lucas 15:17: “Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome!”

Lucas 15:18: “Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti;”

Lucas 15:19: “já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores.”

É a certeza do amor de Deus que move o pecador a voltar para casa. É a bondade de Deus que conduz ao arrependimento (Rm 2:4). “Com amor eterno te amei; com benignidade te atraí” (Jr 31:3). O filho resolve confessar sua culpa. Quer ir ter com o pai e dizer: “Pequei contra o Céu e diante de ti”, mas demonstrando como é limitada a sua concepção do amor do pai, acrescenta: “trata-me como um dos teus trabalhadores.”

Lucas 15:20: “E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou.”

Saindo do meio dos porcos, fraco e faminto, põe-se a caminho de casa. Não tem uma capa para esconder suas roupas esfarrapadas; mas sua miséria venceu o orgulho. Volta disposto a suplicar a condição de trabalhador, onde outrora ocupava a posição de filho.

Pelo fato de ter exigido sua herança antes de ter qualquer direito a ela, o filho sabia que não podia esperar mais ajuda do pai. Ele também estava consciente de que a exigência havia demonstrado mais preocupação com o dinheiro do que com o próprio pai; logo, o normal era encontrar rejeição. Mas ele sabia também que ser um escravo na propriedade do pai ainda era muito melhor do que trabalhar fora. Só que não conseguiu sequer fazer essa proposta.

O jovem alegre e despreocupado, quando abandonou a casa paterna, não imaginou a dor e a saudade deixadas no coração do pai. Quando se desgarrou pelo mundo com os companheiros devassos, não se deu conta da profunda tristeza que se abateu sobre a casa paterna. E agora, enquanto percorre o caminho de volta, não sabe que alguém sempre aguardou a sua volta. E quando ele vem “ainda longe”, o pai o distingue imediatamente, sai “correndo” na sua direção e o abraça e beija.

Lucas 15:21: “E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho.”

O pai não permite que ninguém veja a miséria e as vestes sujas e esfarrapadas do filho. Antes de qualquer coisa, o pai tira a sua própria capa e coloca sobre os ombros do filho. Na caminhada para casa, o pai nem lhe dá a oportunidade de pedir a posição de trabalhador. É um filho e como tal deve ser honrado com o melhor que a casa pode oferecer. Mais uma vez, Jesus ilustrou a natureza de Sua salvação através da maneira aberta como o pai aceitou o filho. Isso deve ter chocado os escribas e fariseus que O ouviam. Eles teriam concordado, se o pai exigisse arrependimento e prova de mudança de vida, antes de aceitar o filho de volta em casa.

Lucas 15:22: “O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés;”

Lucas 15:23: “trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos,”

Lucas 15:24: “porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se.”

Na parábola não há acusação nem censura à má conduta do filho pródigo. O filho sente que o passado está perdoado, esquecido e apagado para sempre. Não dê ouvidos à sugestão do inimigo, de permanecer afastado de Cristo até que seja bastante bom para ir a Deus. Se esperar até que isso aconteça, você nunca irá a Deus. Levante-se e volte para seu Pai. Ele irá ao seu encontro quando ainda estiver longe.

Lucas 15:25: “Ora, o filho mais velho estivera no campo; e, quando voltava, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças.”

Lucas 15:26: “Chamou um dos criados e perguntou-lhe que era aquilo.”

Lucas 15:27: “E ele informou: Veio teu irmão, e teu pai mandou matar o novilho cevado, porque o recuperou com saúde.”

Lucas 15:28: “Ele se indignou e não queria entrar; saindo, porém, o pai, procurava conciliá-lo.”

O irmão mais velho não participara do sofrimento do pai por aquele que se perdera. Não partilha por isso da alegria paterna pela volta do errante. Os cantos de alegria acabam por lhe acirrar o ciúme. Não quer entrar para dar boas-vindas ao irmão arrependido. Quando o pai sai para argumentar com ele, o orgulho e a maldade de sua natureza são revelados.

Lucas 15:29: “Mas ele respondeu a seu pai: Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos;”

Lucas 15:30: “vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho cevado.”

O irmão mais velho inveja a forma como o mais novo foi recebido. Considera esse tratamento uma injustiça. Mostra claramente que se estivesse na posição do pai não receberia o indigno. Nem mesmo o reconhece como irmão, pois dele fala friamente como “teu filho”.

Lucas 15:31: “Então, lhe respondeu o pai: Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu.”

Lucas 15:32: “Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos, porque esse teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado.”

Afinal, o irmão mais velho foi levado a reconhecer a sua ingratidão? Chegou a admitir que embora o irmão tivesse agido mal, ainda era e sempre seria seu irmão? Arrependeu-se o mais velho de sua dureza de coração? Com referência a isso, Jesus guardou silêncio. A parábola ainda não terminara e restava que os ouvintes determinassem qual seria o epílogo.

O simbolismo da parábola

Pelo irmão mais velho foram representados os impenitentes judeus contemporâneos de Cristo, como também os fariseus de todas as épocas, que olhavam com desprezo àqueles que consideravam publicanos e pecadores. Porque eles mesmos não caíram no mais degradante vício, enchiam-se de justiça própria. Jesus enfrentou essa gente ardilosa em seu próprio terreno. Como o filho mais velho da parábola, desfrutavam de especiais privilégios de Deus. Diziam-se filhos na casa de Deus, mas tinham o espírito de mercenários. Não trabalhavam movidos por amor, mas pela esperança de recompensa. A seus olhos, Deus era um feitor severo. Viam como Cristo convidava os publicanos e pecadores para receber livremente as dádivas de Sua graça – dádivas que os rabinos pensavam assegurar-se somente por trabalho e penitência – e ofenderam-se. A volta do filho pródigo, que encheu o coração paterno de alegria, provocava-lhes o ciúme. A atitude do filho mais velho o isolou de Deus tanto quanto o antigo estilo de vida do irmão mais novo.

Na parábola, a intercessão do pai junto do primogênito era o terno apelo do Céu aos fariseus. “Todas as Minhas coisas são tuas” – não como salário, mas como dádiva. Como o pródigo, somente é possível recebê-las como concessões imerecidas do amor paterno. Através do irmão mais velho, Jesus fez um chamado pessoal aos mais privilegiados – os líderes da nação e, em especial, aos fariseus. As palavras do pai ao seu primogênito (ou de Jesus aos fariseus) são, em essência, um convite para participar da alegria da salvação.

O Dicionário Oxford define fariseu como “membro de uma antiga seita judaica conhecida por sua estrita observância da lei tradicional e pretensões de uma santidade superior; portanto, uma pessoa justa aos próprios olhos; formalista, hipócrita”.

A justiça própria conduz os homens não somente a representar a Deus falsamente, como os torna impiedosos e críticos para com seus irmãos. O filho mais velho, em seu egoísmo e inveja, estava pronto a observar o irmão, criticar todas as suas ações e culpá-lo da menor falta. Acusaria todo engano e exageraria quanto possível todo ato errado. Desse modo pretendia justificar seu espírito irreconciliável. Muitos fazem hoje o mesmo. Enquanto alguém enfrenta a luta contra um turbilhão de tentações, sempre existem os obstinados, reclamando e acusando. Podem professar ser filhos de Deus, mas manifestam o espírito de Satanás. Por seu procedimento para com os irmãos, esses acusadores se colocam onde Deus não pode fazer brilhar a luz.

Aquele irmão pensava apenas no pecado e não na possibilidade de arrependimento. “O juízo será sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia” (Tg 2:13).

Quando nos considerarmos pecadores salvos unicamente pelo amor de Deus, então teremos amor e compaixão por outros que sofrem no pecado. Então não olharemos mais para a miséria e o arrependimento com ciúme e censura. Somente quando o gelo do amor-próprio se derrete no coração, temos a aprovação de Deus e partilhamos de Sua alegria na salvação do perdido. Aquele a quem muito se perdoou, também ama muito, pois “aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor” (1Jo 4:8).

Há muito esforço para fazer os culpados reconhecerem onde erraram, e ficar lembrando-lhes os erros que cometeram. Os que caíram em falta precisam de piedade, precisam de auxílio, de simpatia. Eles sofrem em seus sentimentos e se acham abatidos. O que eles necessitam não é de crítica; é de perdão.

A mensagem central da parábola do filho pródigo não é a desobediência de um filho e o ciúme e a inveja do outro. Nem o comportamento dos dois. É o amor do Pai. Ele recebe a ambos. Perdoa a ambos. Deus ama a todos, perdoa e recebe a todos.

(Texto da jornalista Graciela Érika Rodrigues, inspirado na palestra do advogado Mauro Braga.)

Parábolas de Jesus: o credor impiedoso

Sem perdão não pode haver religião. O perdão é fundamental no cristianismo. O espírito do perdão é uma extensão da graça de Deus. Há uma força no perdão que nos torna livres em Deus (Mt 6:9 13). É um ato de obediência a Deus. Muitas pessoas estão doentes porque não conseguem perdoar seus ofensores. Muitas outras estão doentes porque não conseguem perdoar a si mesmas.

Mateus 18:21: “Então, Pedro, aproximando-se, Lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes?”

Mateus 18:22: “Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete.”

Jesus ensinou que não há limites para o perdão. Essa idéia era totalmente contrária aos costumes daquele tempo. Os rabinos limitavam o exercício do perdão até três ofensas. Pedro, como seguidor de Cristo, ampliou o limite do perdão até sete, o número que indica a perfeição. Cristo, porém, ensinou: Não “até sete, mas até setenta vezes sete”. Mostrou, então, o verdadeiro motivo pelo qual o perdão deve ser concedido e o perigo de acariciar espírito irreconciliável.

Jesus contou, então, a história de como um rei procedeu com os oficiais que administravam os negócios de seu domínio. Alguns desses oficiais recebiam grandes somas de dinheiro pertencentes ao Estado. E quando o rei investigava a administração desse depósito, foi-lhe apresentado um homem cuja conta mostrava uma dívida para com seu senhor, da imensa soma de dez mil talentos. O homem não tinha como pagar essa dívida e, segundo o costume, o rei ordenou que fosse vendido com tudo quanto tinha, para quitar o débito.

Mateus 18:23: “Por isso, o reino dos céus é semelhante a um rei que resolveu ajustar contas com os seus servos.”

Mateus 18:24: “E, passando a fazê-lo, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos.”

Mateus 18:25: “Não tendo ele, porém, com que pagar, ordenou o senhor que fosse vendido ele, a mulher, os filhos e tudo quanto possuía e que a dívida fosse paga.”

Mateus 18:26: “Então, o servo, prostrando-se reverente, rogou: Sê paciente comigo, e tudo te pagarei.”

Quando o devedor pediu misericórdia, não tinha verdadeiro conhecimento da dimensão de sua dívida. Não reconheceu seu estado irremediável. Tinha esperança de livrar-se a si mesmo. “Sê generoso para comigo”, disse ele, “e tudo te pagarei.” Assim há muitos que esperam por suas próprias obras merecer a graça de Deus. Não reconhecem que a dívida para com Ele é impagável.

Mateus 18:27: “E o senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora e perdoou-lhe a dívida.”

Mateus 18:28: “Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem denários; e, agarrando-o, o sufocava, dizendo: Paga-me o que me deves.”

Mateus 18:29: “Então, o seu conservo, caindo-lhe aos pés, lhe implorava: Sê paciente comigo, e te pagarei.”

Mateus 18:30: “Ele, entretanto, não quis; antes, indo-se, o lançou na prisão, até que saldasse a dívida.”

Mateus 18:31: “Vendo os seus companheiros o que se havia passado, entristeceram-se muito e foram relatar ao seu senhor tudo que acontecera.”

Mateus 18:32: “Então, o seu senhor, chamando-o, lhe disse: Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste;”

Mateus 18:33: “não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti?”

Mateus 18:34: “E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que lhe pagasse toda a dívida.”

Mateus 18:35: “Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão.”

Lições:

a) O perdão dado pelo rei representa o perdão divino de todo pecado. Assim é com o débito do pecado; jamais conseguiremos pagá lo. Mas quando nos arrependemos sinceramente, Deus nos livra dessa dívida;

b) O dever de manifestarmos compaixão por aqueles que nos ofendem, assim como Deus tem compaixão de nós; o mínimo que devemos fazer é estender a mesma clemência ao próximo.

c) A parábola enfatiza a urgência e o dever de perdoar e as terríveis e sérias conseqüências de deixar de cumpri-lo. Mateus 6:15: “Se não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial não vos perdoará as vossas ofensas.”

d) Quão ofensivo é não perdoar. A reação do rei foi chocante, especialmente se comparada com sua grande compaixão, antes manifestada para com a mesma pessoa. Mas é exatamente essa reação explosiva que nos mostra quão ofensivo é não perdoar nosso próximo.

e) O perdão deve vir do íntimo. Assim, fica evidente que não é uma questão de quantas vezes se deve perdoar alguém, mas de como. Se dissermos que perdoamos alguém, mas continuamos demonstrando ressentimento, será que perdoamos mesmo?

f) O contraste entre a compaixão de Deus e a dureza de coração do homem.

Os ensinos dessa parábola não devem ser mal-aplicados. O perdão de Deus não exclui, de modo algum, o nosso dever de obediência. Assim como o perdão concedido ao próximo não apaga a dívida. Não se deve fazer pouco caso do pecado. Deus nos ordenou que não contemporizássemos com a injustiça: “Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o” (Lc 17:3). O pecado deve ser chamado pelo verdadeiro nome e deve ser claramente exposto ao ofensor.

Perdão é a restauração do nosso relacionamento com Deus. O perdão tem duas dimensões:

a) Vertical – entre nós e Deus (significa que o pecado foi pago e removido)
b) Horizontal – entre nós e o próximo (nosso perdão foi concedido a outro)

Por quais motivos devemos perdoar?

– Para sermos perdoados por Deus (Mt 6:12-15).
– Por que fomos perdoados por Deus. Somos especialistas em ofender e em ficar magoados, mas aprendizes na arte de perdoar.
– Porque cristão irreconciliável é tão contraditório quanto ateu cristão.
– Porque o perdão de Deus não é meramente um ato judicial pelo qual Ele nos livra da condenação, mas é também um poder sobrenatural de transformação do coração.
– Porque a negativa de perdão tem conseqüências eternas na vida espiritual do cristão.

O perdão algumas vezes pode parecer injusto, pois:

– É como se considerássemos que a pessoa não fez o que fez.
– É como se estivéssemos eliminando a responsabilidade do ofensor.
– É como não considerar ofensiva a ofensa.

Perdão não é justiça. É graça! Devemos perdoar mesmo que a ofensa não possa mais ser corrigida pelo ofensor. Deus continuará existindo, independentemente do meu perdão. Mas, quando perdôo meu ofensor, mostro que Ele existe em minha vida. Perdão é um favor imerecido. Diferença entre caridade e misericórdia: (a) caridade é o bem que se faz a quem necessita e merece; (b) misericórdia é o bem que se faz a quem necessita, mas não merece.

A pergunta é: Jesus usou de caridade ou misericórdia conosco? E nós? Ao nos perdoar, Deus esquece para sempre a ofensa e a lança nas profundezas do mar.

Miquéias 7:19: “Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés as nossas iniqüidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar.”

Isaías 43:25: “Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de Mim e dos teus pecados não Me lembro.”

O pedido de perdão, no entanto, deve se caracterizar pela sinceridade e não pela intenção de tirar vantagem da graça de Deus. Quando Deus perdoa, Ele o faz completamente; sem reservas.

A quem devemos perdoar?

Mateus 5:44: “Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem.”

Qual é a advertência que Cristo nos faz?

Mateus 7:1, 2: “Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também.”

Quando obtemos o perdão de Deus?

Arrependimento (At 3:19): “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados.”

Confissão (1Jo 1:9): “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.”

Conversão (Ez 36:27): “Porei dentro de vós o Meu Espírito e farei que andeis nos Meus estatutos, guardeis os Meus juízos e os observeis.”

Perdão imediato (2Sm 12:13): “Então, disse Davi a Natã: Pequei contra o Senhor. Disse Natã a Davi: Também o Senhor te perdoou o teu pecado; não morrerás.”

Deus odeia o pecado. Da mesma maneira, Ele quer que o odiemos e abandonemos, porque invariavelmente o pecado nos põe em dificuldade, causa tristeza de coração e, por fim, produz a morte. Uma vez cometido o pecado, como no caso de Davi, logo que tenha sido reconhecido e confessado com sinceridade, nesse mesmo momento ele é perdoado. Davi disse: “Pequei.” A resposta imediata foi: “Também o Senhor te perdoou o teu pecado.”

Perdão é libertação! “Assinada em lágrimas, selada com sangue, escrita em pergaminho celestial, registrada nos arquivos eternos. A tinta negra da acusação foi totalmente coberta pela tinta vermelha da cruz: O sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo pecado” (T. De Witt Talmage).

(Texto da jornalista Graciela Érika Rodrigues, inspirado na palestra do advogado Mauro Braga.)

Parábolas de Jesus: as dez virgens

O cenário da parábola das dez virgens (Mt 25:1-13) era típico de um casamento no Oriente Médio. Geralmente à noite, os convidados para a festa nupcial deveriam esperar pelo noivo junto à casa da noiva. Quando ele chegava, acompanhava a noiva e os convidados até sua casa, onde começava a festa. Se houvesse uma demora maior do que as expectativas, as lâmpadas poderiam ter ou não azeite suficiente para continuarem acesas. Imagine o caso de algumas moças tateando no escuro, com vestidos de festa, quando todos já estavam se afastando! Quando Cristo, sentado, contemplava o grupo que aguardava o esposo, contou aos discípulos a história das dez virgens, ilustrando, pela experiência delas, a da igreja que viveria justamente antes de Sua segunda vinda. Os dois grupos de vigias representam as duas classes que professam estar à espera de seu Senhor. São chamadas virgens porque professam fé pura.

Mateus 25:1: “Então, o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram a encontrar-se com o noivo.”

25:2: “Cinco dentre elas eram néscias, e cinco, prudentes.”

25:3 “As néscias, ao tomarem as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo;”

25:4: “no entanto, as prudentes, além das lâmpadas, levaram azeite nas vasilhas.”

25:5: “E, tardando o noivo, foram todas tomadas de sono e adormeceram.”

25:6: “Mas, à meia-noite, ouviu-se um grito: Eis o noivo! Saí ao seu encontro!”

25:7: “Então, se levantaram todas aquelas virgens e prepararam as suas lâmpadas.”

25:8: “E as néscias disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão-se apagando.”

25:9: “Mas as prudentes responderam: Não, para que não nos falte a nós e a vós outras! Ide, antes, aos que o vendem e comprai-o.”

25:10: “E, saindo elas para comprar, chegou o noivo, e as que estavam apercebidas entraram com ele para as bodas; e fechou-se a porta.”

25:11: “Mais tarde, chegaram as virgens néscias, clamando: Senhor, senhor, abre-nos a porta!”

25:12: “Mas ele respondeu: Em verdade vos digo que não vos conheço.”

25:13: “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora.”

“Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos” (Sl 119:105). A lâmpada é a Palavra de Deus. O óleo é o Espírito Santo (Zc 4:1-6). Como as amigas da noiva esperaram pelo noivo, também a Igreja aguarda a volta de Cristo. Quem não se sujeita ao Espírito Santo, se desanima e estará despreparado para o encontro com Cristo.

Existem aqueles que conhecem os mandamentos e promessas de Deus, mas não permitem que eles transformem sua vida. Da mesma forma que os ouvintes do solo rochoso da parábola do semeador, aceitaram a verdade com alegria, mas não fizeram dela a força motivadora de sua vida.

Na parábola, as dez virgens saíram ao encontro do esposo. Todas tinham lâmpadas e frascos. Por algum tempo não se notava diferença entre elas. Assim é com a igreja que vive justamente antes da segunda vinda de Cristo. Todos têm conhecimento das Escrituras. Todos ouviram a mensagem da proximidade da volta de Cristo e confiantemente O esperam. Como na parábola, porém, assim é agora. Existe um tempo de espera; a fé é provada; e quando se ouvir o clamor “Aí vem o Esposo! Saí-Lhe ao encontro!”, muitos não estarão preparados. Não têm óleo em seus vasos nem nas lâmpadas. Estão destituídos do Espírito Santo.

A teoria da verdade, se não estiver acompanhada da presença do Espírito Santo, não é suficiente para santificar o coração. Pode-se estar familiarizado com os mandamentos e promessas da Bíblia, mas se o Espírito de Deus não introduzir a verdade no íntimo, o caráter não será transformado. Sem a iluminação do Espírito, os homens não estarão aptos para distinguir a verdade do erro.

Ouvindo o clamor das cinco moças insensatas, à porta da casa do banquete, aprendemos mais algumas coisas. A primeira é que certos itens não podem ser obtidos no último minuto. O relacionamento com Cristo é um deles. Não podemos esperar estar prontos para Ele sem um preparo feito com antecedência. Segundo, há coisas que não podemos tomar emprestadas. Assim como as insensatas não podiam tomar óleo emprestado das amigas prudentes, também não podemos tomar emprestado o relacionamento com Deus. Cada um tem que desenvolver o seu.

Preparados para a emergência

As dez virgens foram surpreendidas pela chegada do noivo. Mas apenas cinco estavam preparadas para a viagem até a casa dele. O que fez a diferença? (v. 7 e 8). O que isso simboliza na vida do cristão? A diferença é que as que estavam preparadas mantiveram-se vigilantes. Isso simboliza que o cristão deve se manter sempre fiel à Palavra de Deus e sensível à influência do Espírito Santo. Ambos os grupos foram tomados de surpresa; porém, um estava preparado para a emergência, e o outro, não.

Quando acontecerão essas coisas? Qual será o sinal da Tua vinda? E do fim do mundo? Jesus respondeu com o sermão registrado em Mateus 24 e 25. Para compreender plenamente a parábola das dez virgens, é preciso enquadrá-la no contexto desses dois capítulos. “Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do homem” (Mt 24:30); “mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe” (Mt 24:36); “e não o perceberam” (Mt 24:39); “Portanto, vigiai, porque não sabeis” (Mt 24:42).

As dez virgens da parábola tinham a mesma aparência exterior, mas por dentro cinco estavam espiritualmente mortas. Estavam sonolentas, num quase estupor, enquanto as outras cinco estavam despertas. As dez começaram a noite com muita energia e grande expectativa, mas metade delas acabou dormindo. A pergunta é: Como podem os cristãos que aguardam a segunda vinda de Cristo permanecer despertos? Como manter e aumentar seu nível de energia? A resposta está sugerida na parábola: cinco virgens tinham o Espírito Santo enquanto as outras cinco não O tinham. As cinco que O tinham estavam envolvidas em um significativo testemunho e permaneciam alerta.

Testemunho

Um testemunho significativo é a própria regeneração da vida da pessoa. O termo significativo tem a ver com a aplicação dos dons espirituais ao serviço cristão. Os cristãos que tentam ministrar, sem os correspondentes dons do Espírito Santo, certamente fracassarão. Aqueles que exercitam seus dons no ministério serão bem-sucedidos e também revitalizados. Uma congregação sonolenta, quase letárgica, é aquela que se mantêm estagnada.

A hora da chegada do noivo simboliza o ponto da história humana em que Cristo volta. Como estará o mundo, por ocasião do retorno de Cristo? O mundo estará sob engano (Mt 24:5); estará sob guerras (Mt 24:6); sem amor ao próximo (Mt 24:12); ignorando a Deus (Mt 24:37, 38).

Apesar do testemunho diário da preparação da arca para o dilúvio, as pessoas continuaram a sua rotina diária, totalmente alheias ao evento que estava para ocorrer. Exatamente essa será a atitude de muitas pessoas pouco antes do retorno de Cristo. Os “cuidados do mundo” não devem distrair a atenção do cristão para o evento esperado.

O apóstolo Paulo assinala que essa será a característica especial dos que vivem justamente antes da segunda vinda de Cristo. Diz: “Nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos; porque haverá homens amantes de si mesmos… mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela” (2 Tm 3:1-5).

Essa é a classe de pessoas que em tempo de perigo é encontrada pregando paz e segurança. Acreditam estar tudo em ordem e não sonham com o perigo. Quando perceberem o grave erro de avaliação cometido, será tarde demais. De nada adiantará pedir socorro aos prevenidos e lhes tomar emprestado as reservas cuidadosamente preparadas. Em assuntos espirituais, ninguém pode remediar a deficiência de outros.

“Senhor, Senhor” – No dia final, muitos dirão: “Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu nome? E, em Teu nome, não expulsamos demônios? E, em Teu nome, não fizemos muitas maravilhas?” (Mt 7:22). Mas a resposta será: “Digo-vos que não sei de onde vós sois; apartai-vos de Mim” (Lc 13:27).

Precisamos estar sempre prontos, se quisermos passar a eternidade ao lado de Jesus.

(Texto da Jornalista Graciela Érika Rodrigues, inspirado na palestra do advogado Mauro Braga)

Parábolas de Jesus: o trigo e o joio

O primeiro ano do ministério de Jesus neste planeta foi marcado por uma curiosidade do povo. Os milagres e as curas que Jesus fazia despertavam admiração e, de certa maneira, também o carinho das pessoas. E o povo seguia ao Senhor Jesus com muito entusiasmo. Poderíamos dizer que o primeiro ano do Seu ministério terreno foi um ano de popularidade. No segundo ano, os líderes religiosos daquele tempo se encarregaram de colocar o povo contra o ministério do Senhor Jesus. Os fariseus observavam atentamente o que Ele falava para depois “torcer” tudo o que Jesus dizia. Queriam acusá-Lo de blasfêmia; de rebeldia contra a doutrina estabelecida pelo sistema religioso daqueles tempos. Então andavam vigiando Jesus, passo a passo, tentando achar um erro nos Seus ensinamentos. É por isso que no terceiro ano de Seu ministério aqui na Terra Jesus começou a usar em Seus discursos e ensinamentos aquilo que chamamos de parábolas.

Mateus 13:24: “Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo;”

Mateus 13:25: “mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou o joio no meio do trigo e retirou-se.”

Mateus 13:26: “E, quando a erva cresceu e produziu fruto, apareceu também o joio.”

Essa parábola começa, mais uma vez, comparando algo com o reino de Deus. Menciona a existência de um “campo” e o verso 38 diz que esse campo “é o mundo”. O contexto não deixa dúvidas de que o termo “o mundo”, neste caso, também se aplica à igreja.

“A boa semente” – Representa aqueles que são nascidos da Palavra de Deus; são “os filhos do reino” (v. 38).

“O joio” – Representa uma classe que é fruto do erro; dos falsos princípios; são “os filhos do maligno” (v. 38).

“O inimigo” – Representa o diabo (v. 39). Deus jamais lançaria no campo uma semente que produzisse joio. O joio é sempre lançado por Satanás, o inimigo de Deus e do ser humano.

27 – “Então, vindo os servos do dono da casa, lhe disseram: Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde vem, pois, o joio?”

28 – “$$Ele, porém, lhes respondeu: Um inimigo fez isso. Mas os servos lhe perguntaram: Queres que vamos e arranquemos o joio?”

29 – “Não! Replicou ele, para que, ao separar o joio, não arranqueis também com ele o trigo.”

30 – “Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro. ”

36 – “Então, despedindo as multidões, foi Jesus para casa. E, chegando-se a Ele os S$eus discípulos, disseram: Explica-nos a parábola do joio do campo.”

37 – “E Ele respondeu: O que semeia a boa semente é o Filho do homem;”

38 – “o campo é o mundo; a boa semente são os filhos do reino; o joio são os filhos do maligno;”

39 – “o inimigo que o semeou é o diabo; a ceifa é a consumação do século, e os ceifeiros são os anjos.”

40 – “Pois, assim como o joio é colhido e lançado ao fogo, assim será na consumação do século.”

41 – “Mandará o Filho do homem os Seus anjos, que ajuntarão do Seu reino todos os escândalos e os que praticam a iniqüidade.”

42 – “e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes.”

43 – “Então, os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.”

No oriente, os homens vingavam-se muitas vezes do inimigo, espalhando em seu campo sementes de erva daninha muito semelhante ao trigo. Crescendo junto com o trigo, a erva prejudicava a colheita e causava prejuízos ao proprietário do campo. Assim Satanás, induzido por sua inimizade a Cristo, espalha a má semente no meio do trigo. Introduzindo na igreja aqueles que falam em Deus, conquanto Lhe neguem o caráter, faz o maligno que Deus seja desonrado e a obra da salvação posta em risco.

É muito constrangedor ver misturados na igreja os crentes falsos e os verdadeiros. Os cristãos sinceros estão dispostos a arrancar o joio. Mas Cristo lhes diz: “Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis também o trigo com ele. Deixai crescer ambos juntos até à ceifa.” (v. 29, 30). Se tentássemos retirar da igreja os que supomos serem falsos cristãos, certamente cometeríamos erro. Muitas vezes consideramos casos perdidos justamente aqueles que Cristo está atraindo a Si. Se devêssemos proceder com essas pessoas segundo nosso parecer imperfeito, extinguir-se-ia talvez sua última esperança. Muitos que se julgam cristãos serão finalmente achados em falta. Haverá muitos no Céu, os quais seus vizinhos supunham que lá não entrariam. O homem julga segundo a aparência; mas Deus vê o coração. O joio e o trigo devem crescer juntos até à ceifa; e a colheita é o fim do tempo da graça.

Como o joio tem as raízes entrelaçadas com as do bom trigo, assim falsos irmãos podem estar na igreja, intimamente ligados com os discípulos verdadeiros. O verdadeiro caráter desses pretensos crentes não é plenamente manifesto. Caso fossem desligados da congregação, outros poderiam ser induzidos a tropeçar, os quais, se não fosse isto, permaneceriam firmes.

A lição dessa parábola é ilustrada pelo proceder de Deus para com os homens e os anjos. Satanás é um enganador. Ao pecar ele no Céu, nem mesmo os anjos fiéis reconheceram plenamente seu caráter. Esta é a razão por que Deus não o destruiu imediatamente. Se o tivesse feito, os santos anjos não teriam percebido o amor e a justiça de Deus. Uma só dúvida quanto à bondade de Deus teria sido como má semente, que produziria o amargo fruto do pecado e da desgraça. Por isso foi poupado o autor do mal, para desenvolver plenamente seu caráter. Durante longos séculos, suportou Deus a angústia de contemplar a obra do mal. Preferiu permitir a morte de Seu Filho na cruz, a deixar alguém ser induzido pelas falsas representações do maligno; pois o joio não podia ser arrancado sem o risco de danificar a boa semente.

Por haver na igreja membros indignos os descrentes não têm o direito de duvidar da verdade do cristianismo, nem devem os cristãos desanimar por causa desses falsos irmãos. Como foi com a igreja primitiva? Ananias e Safira uniram-se aos discípulos. Simão Mago foi batizado. Demas, que abandonou a Paulo, era considerado crente. Judas Iscariotes foi um dos apóstolos. O Redentor não quer perder uma única pessoa. Sua experiência com Judas é relatada para mostrar Sua longanimidade com a corrompida natureza humana; e nos ordena sermos pacientes como Ele o foi. Disse que até ao fim do tempo haveria falsos irmãos na igreja.

Julgamento

A parábola de Cristo nos ensina que não devemos julgar e condenar os outros. Essa tarefa pertence a Deus e será exercida no tempo determinado. Nem tudo o que é semeado no campo é bom trigo. O fato de alguém estar na igreja não significa que seja cristão.

O joio é muito semelhante ao trigo enquanto as hastes estão verdes; mas quando o campo fica pronto para a colheita, a erva inútil nada se parece com o trigo, que verga ao peso das espigas cheias e maduras. Seguindo a parábola, percebemos que o inimigo semeia uma planta que é muito parecida com o trigo. As duas plantas, trigo e joio, são tão parecidas, que quando os empregados dizem ao patrão: “Queres que vamos e arranquemos o joio?” O patrão diz: “Não! Deixai-os crescer juntos até à colheita” (v. 28-30). Significa que devemos deixar que o trigo e o joio cresçam juntos, porque se começarmos a arrancar o joio agora corremos o perigo de, tentando tirar a erva má, acabarmos tirando um trigo bom. Devemos deixar que as plantas amadureçam. Um dia, quando a colheita chegar, aí sim, o trigo e o joio terão destinos diferentes. Não haverá, na colheita do mundo, semelhança entre os bons e os maus. Então, serão manifestos aqueles que se ligaram à igreja, mas não a Cristo.

É permitido ao joio crescer entre o trigo, desfrutar os mesmos privilégios de sol e chuva; mas no tempo da ceifa será vista “a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus e o que não O serve” (Ml 3:18). Essa é uma lição básica que precisamos aprender. Por mais doloroso que pareça, entre nós há trigo bom, plantado pelo Senhor Jesus. E também há joio plantado pelo inimigo de Jesus. Quem é trigo bom e quem é joio? Isso ninguém pode saber agora. Uma coisa é verdade: em toda igreja há trigo e joio.

Destino Final

O Senhor Jesus não aponta a um tempo em que todo o joio se tornará trigo. O trigo e o joio crescem juntos até à ceifa, o fim do mundo. Então o joio será atado em molhos para ser queimado, e o trigo será recolhido no celeiro de Deus (v. 41-43).

Nesta parábola encontramos dois senhores: o proprietário, dono da terra, e o inimigo do proprietário. O proprietário, que simboliza Deus, semeia de dia. Deus sempre apresenta as coisas às claras. Com Deus não existe penumbra, nem sombras, nem trevas. O que Ele faz, faz na luz do dia. Com Deus não existe mentira, nem falsidade, nem coisas dúbias. Com Deus, tudo é claro como a luz do dia. O outro personagem da parábola é o inimigo do proprietário. Este simboliza o diabo. De acordo com a parábola, ele semeia à noite. Oculto nas trevas, escondido. Ele é o pai da mentira e o pai da falsidade. Ele anda com rodeios e meias-verdades. Nunca apresenta uma mensagem clara. Esconde-se e é astuto. Dois senhores: Deus trabalhando na luz do dia; e o diabo trabalhando nas trevas da noite. Deus semeando trigo bom; o diabo semeando joio mau. Deus semeando para colher; o diabo semeando para confundir. O fim também é completamente diferente: o trigo bom é colhido para o celeiro e o joio é jogado ao fogo.

Decisão

O Senhor Jesus diz: “O campo é o mundo” (v. 38). Ocorre que todos nós habitamos neste mundo. Isso quer dizer que ninguém aqui pode ficar no terreno neutro ou dizer: “Hoje eu não vou me comprometer.” Isso porque naquele campo, que representa o mundo, só existe trigo e joio. Apenas dois grupos; não existe um terceiro grupo, daqueles que estão pensando se serão bons ou maus. Somente dois grupos. O que Deus está tentando nos dizer é que nós só temos dois caminhos, dois destinos: ou seguimos a Deus, ou seguimos o Seu inimigo. Ao decidir ficar no terreno neutro, naturalmente toma-se a posição de seguir o inimigo. Você se compromete ou não. Você segue ou foge. Você aceita ou rejeita. Essa é uma das lições que a parábola do trigo nos ensina.

Missão de Cristo

Jesus não veio a este mundo somente para trazer pessoas para uma determinada Igreja. Jesus veio a este mundo para transformar o coração do ser humano. Não tente julgar o outro por maior mal que lhe tenha feito. Deixe que ele acerte as contas com Deus. Um dia, Jesus vai voltar e lhe perguntar: “Filho, porque você fugiu de Mim?” Se você disser: “Senhor Jesus, na Tua igreja havia muitos hipócritas”, essa desculpa não será aceita. Ele lhe dirá: “Filho, trigo e joio tinham que crescer juntos. Você nunca leu isso na Minha Palavra?”

(Texto da jornalista Graciela Érika Rodrigues, inspirado na palestra do advogado Mauro Braga.)

Parábolas de Jesus: o bom samaritano


“Quem é o meu próximo?” Essa questão suscitava discussão entre os judeus. Na parábola do bom samaritano (Lc 10:25-37), Cristo respondeu. Mostrou que nosso próximo não é apenas alguém da mesma religião a que pertencemos ou alguém de nossa família, amigos ou alguém que admiramos. Não tem a ver com nacionalidade, cor, credo ou distinção de classe. Nosso próximo é toda pessoa que precisa da nossa ajuda. Nosso próximo é todo aquele que é propriedade de Deus.

Na história do bom samaritano, Jesus ensina a natureza da verdadeira religião. Mostra que a verdadeira religião consiste não em sistemas, credos ou cerimônias, mas no cumprimento de atos de amor para com os outros.

Lucas 10:25: “E eis que certo homem, intérprete da Lei, se levantou com o intuito de pôr Jesus à prova e disse-lhe: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?”

Lucas 10:26: “Então, Jesus lhe perguntou: Que está escrito na Lei? Como interpretas?”

A pergunta feita a Jesus por um “doutor da lei” deixa claro nas entrelinhas que havia segundas intenções. O judeu tinha consciência de que ele próprio não tratava igualmente todas as pessoas com amor. E essa era uma realidade entre os israelitas. Então, pergunta: “Que farei?”

Essa pergunta revela um conceito de salvação totalmente equivocado. Para ele, como para a maioria dos judeus do seu tempo, a salvação era obtida por meio de obras. Não havia entendimento da graça divina. Ocorre que, sendo um especialista em leis, o doutor conhecia bem a resposta à sua pergunta. Mas como sustentava a crença de que os pagãos e os samaritanos não deviam ser considerados como “próximos”, na realidade sua pergunta era: “Qual dos israelitas é o meu próximo?”

Jesus aproveitou a pergunta capciosa para abordar essa questão fundamental. Os fariseus tinham sugerido essa pergunta ao doutor da lei “com o intuito de pôr Jesus à prova”. Mas Jesus não entrou em discussão, como pretendiam. Respondeu à pergunta com outra pergunta: “Que está escrito na lei?”, fazendo com que o próprio doutor respondesse.

Lucas 10:27: “A isto ele respondeu: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.”

Lucas 10:28: “Então, Jesus lhe disse: Respondeste corretamente; faze isto e viverás.”

Em sua resposta, o doutor não citou as cerimônias e rituais israelitas. A estes não deu importância. Preferiu dar maior relevância aos dois grandes princípios de que dependem toda a lei e os profetas. Ao concordar com a resposta do doutor da lei, Jesus ficou em posição vantajosa diante dos rabinos. Não podiam condená-Lo por confirmar aquilo que fora dito por um expositor da lei.

Em seus ensinos, Jesus sempre apresentava a unidade da lei divina, mostrando que é impossível guardar um preceito e violar outro; porque é o mesmo princípio que sustenta toda a lei. O amor a Deus e o amor ao próximo são os dois princípios em que se resumem os Dez Mandamentos. É impossível guardar os quatro primeiros mandamentos sem amar a Deus, assim como é impossível guardar os outros seis sem amar ao próximo. E o amor é o princípio em que se baseia toda a lei.

Cristo sabia que ninguém poderia cumprir a lei por sua própria força. Por isso, pretendia induzir o doutor da lei a um estudo mais esclarecido e minucioso para que achasse a verdade. Somente aceitando a graça de Cristo podemos observar a lei. A fé na propiciação pelo pecado habilita o homem caído a amar a Deus de todo o coração e ao próximo como a si mesmo.

O doutor sabia que não conseguia guardar completamente os dez mandamentos. Foi conscientizado disso pelas palavras de Jesus. Mas em vez de confessar o seu pecado, procurou justificar-se. Em vez de reconhecer a verdade, tentou mostrar como é difícil cumprir os mandamentos. Desse modo esperava justificar-se aos olhos do povo. As palavras de Jesus lhe mostraram que ele mesmo sabia a resposta para a pergunta que havia feito.

Lucas 10:29: “Ele, porém, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: Quem é o meu próximo?”

Fugindo da controvérsia para a qual os fariseus pretendiam arrastá-Lo, Jesus respondeu a essa importante pergunta com uma parábola. Não denunciou a hipocrisia dos que O estavam espreitando para O condenar. Mas, mediante uma singela história, apresentou aos ouvintes a natureza do verdadeiro amor, de tal forma que tocou o coração de todos e arrancou do doutor da lei a confissão da verdade. O meio de dissipar as trevas é admitir a luz. O melhor meio de tratar com o erro é apresentar a verdade. É a manifestação do amor de Deus que torna evidente o pecado do coração concentrado em si mesmo.

Lucas 10:30: “Jesus prosseguiu, dizendo: Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e veio a cair em mãos de salteadores, os quais, depois de tudo lhe roubarem e lhe causarem muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o semimorto.”

Lucas 10:31: “Casualmente, descia um sacerdote por aquele mesmo caminho e, vendo-o, passou de largo.”

Lucas 10:32: “Semelhantemente, um levita descia por aquele lugar e, vendo-o, também passou de largo.”

O que Jesus descreveu não era uma cena imaginária, mas uma ocorrência verídica que ocorria com muita freqüência naqueles dias. O sacerdote e o levita, que estavam passando pelo local e não pararam para socorrer o ferido, encontravam-se entre o grupo que estava escutando atentamente as palavras de Cristo.

Como Jerusalém está a 800 metros acima do nível do mar e Jericó a 400 abaixo, a estrada é bem acidentada. Em menos de 30 quilômetros, ela desce 1.200 metros. Além disso, os muitos despenhadeiros e passagens estreitas facilitavam o ataque de bandidos que ficavam espreitando suas vítimas. Por isso, segundo a parábola, naquele lugar o viajante foi atacado, roubado, ferido e machucado, sendo deixado meio-morto à beira do caminho.

Estando nessas condições, um sacerdote passou por aquele caminho, viu o homem ferido, mas não lhe prestou socorro. Apareceu em seguida um levita. Curioso de saber o que acontecera, observou a vítima quase morta. Sentiu a convicção do que devia fazer, mas não era uma tarefa fácil. Desejou não ter ido por aquele caminho, de modo que não visse o ferido. Convenceu-se de que nada tinha com o caso e também seguiu o seu caminho. Ambos, tanto o sacerdote como o levita, ocupavam postos sagrados e professavam expor as Escrituras. Pertenciam à classe especialmente escolhida para servir de representantes de Deus perante o povo.

Na conduta dos dois, não viu o doutor da lei coisa alguma contrária ao que lhe fora ensinado sobre as reivindicações da lei. Aliás, para ele, esses homens tinham razões legítimas para recusar-se a ajudar o ferido. Eles podiam estar a caminho de algum serviço religioso, ou talvez estivessem preocupados com o perigo de ficar impuros (Lv 21:1-3; Nm 19:11-22) e ter que passar por rituais de purificação (o que, algumas vezes, tomava vários dias). E havia também a questão da segurança pessoal. Então, Jesus introduz na história uma nova cena.

Lucas 10:33: “Certo samaritano, que seguia o seu caminho, passou-lhe perto e, vendo-o, compadeceu-se dele.”

Lucas 10:34: “E, chegando-se, pensou-lhe os ferimentos, aplicando-lhes óleo e vinho; e, colocando-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele.”

Lucas 10:35: “No dia seguinte, tirou dois denários e os entregou ao hospedeiro, dizendo: Cuida deste homem, e, se alguma coisa gastares a mais, eu to indenizarei quando voltar.”

Os judeus eram inimigos dos samaritanos. Desde os dias de Esdras, os samaritanos foram misturados com os pagãos, durante as conquistas da Assíria e Babilônia (2 Reis 17:24-41). Os samaritanos ergueram um templo rival no Monte Gerizim e passaram a aceitar apenas os primeiros livros da Bíblia. Por tudo isso, os hebreus encaravam a religião dos samaritanos como impura.

Entretanto, um samaritano que viajava pela mesma estrada viu a vítima e fez o que os outros não fizeram: com carinho e amabilidade tratou do ferido. Não indagou se o estranho era judeu ou gentio. Fosse ele judeu, bem sabia o samaritano que, invertidas as posições, o homem lhe cuspiria no rosto e passaria desdenhosamente. Mas nem por isso hesitou. Não considerou que ele próprio se achava em perigo de assalto, se demorasse naquele local. Bastou-lhe o fato de estar ali uma criatura humana em necessidade e sofrimento.

Tirou o próprio vestuário para cobri-lo. O óleo e o vinho, provisão para sua viagem, empregou-os para curar e refrigerar o ferido. Colocou-o em sua cavalgadura e pôs-se a caminho devagar, a passo brando, de modo que o estranho não fosse sacudido. Conduziu-o a uma hospedaria, cuidou dele durante a noite. Pela manhã, como o doente houvesse melhorado, o samaritano decidiu seguir viagem, não sem antes se certificar de que o ferido receberia os cuidados e a atenção do hospedeiro. Pagou as despesas e ainda deixou uma reserva para qualquer necessidade eventual. O fato de o samaritano estar viajando por um território estrangeiro torna seu ato de misericórdia mais notável ainda.

Dando essa lição, Jesus apresentou os princípios da lei de maneira direta e incisiva, mostrando aos ouvintes que o sacerdote e o levita tinham negligenciado a prática desses princípios. Suas palavras eram tão definidas e acertadas que os ouvintes não podiam contestá-las. O doutor da lei não encontrou na lição nada que pudesse criticar. O samaritano cumprira o mandamento: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”, mostrando assim ser mais justo do que os que o condenavam.

Muitos olham com indiferença e desdém para aqueles que arruinaram seu corpo. Outros desprezam os pobres por diferentes motivos. Ainda assim, pensam estar trabalhando na causa de Cristo em empreendimentos de maior valor. Sentem que estão fazendo grande obra e não podem por isso se deter em cuidar das dificuldades do necessitado e do infeliz. Apesar disso, imaginam estar se dedicando a uma suposta grande obra. Acham que sua negligência é justificável, porque estão promovendo a causa de Cristo de outra forma.

Muitos se denominam cristãos, mas isso quase nada vale. Podemos professar ser seguidores de Cristo; podemos professar crer em todas as verdades da Palavra de Deus; mas isto não fará bem ao nosso próximo, a não ser que essa crença possa ser vista em nossa vida diária. Um exemplo correto fará mais benefício ao mundo que qualquer profissão de fé. A religião do evangelho é Cristo na vida. É o amor de Cristo revelado no caráter e expresso em boas obras.

Onde quer que haja um impulso de amor e simpatia, onde quer que o coração se comova para abençoar e amparar os outros, é revelada a operação do Santo Espírito de Deus.

Se um doente espiritual necessita de amparo, como nós mesmos certamente também, em algum momento, já necessitamos, muito pode contribuir a experiência de alguém que fora tão fraco quanto ele, de alguém capaz de entendê-lo e ajudá-lo. O conhecimento da nossa própria debilidade contribui para que possamos ajudar a outros que estejam em necessidade.

Deus permite que tenhamos contato com o sofrimento para nos tirar do egoísmo e desenvolver em nós o atributo do Seu caráter: o amor. Através dessa abençoada experiência diária, aprenderemos tudo que está encerrado na pergunta: “Quem é o meu próximo?”

Lucas 10:36: “Qual destes três te parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos salteadores?”

Lucas 10:37: “Respondeu-lhe o intérprete da Lei: O que usou de misericórdia para com ele. Então, lhe disse: Vai e procede tu de igual modo.”

Concluída a história, Jesus fixou o doutor da lei com um olhar que lhe parecia ler a alma, e disse: “Qual dos três foi o próximo do homem ferido?” O doutor mesmo assim evitou mencionar o nome samaritano, e respondeu: “O que usou de misericórdia para com ele.” Jesus disse: “Vai, e procede da mesma maneira.”

A parábola do bom samaritano tem nos ajudado a entender que temos de ajudar as pessoas que são vítimas de circunstâncias que estão além do seu controle, tanto quanto as que entram em problemas por causa de si mesmas, e que nossa ajuda têm de ser prática, não apenas a demonstração de um sentimento. A verdadeira compaixão se traduz em atos de bondade. Só quem ama a Deus, ama ao próximo (Lv 19:18; Dt 6:5).

Afinal, quem é o meu próximo? A resposta correta é: “Qualquer pessoa que precise de minha ajuda.”

OS ATOS DO BOM SAMARITANO:

1. O odiado samaritano logo reparou que o ferido era judeu; alguém que odiava sua raça; alguém de outra religião; alguém que certamente jamais o ajudaria, se as posições estivessem invertidas.

2. Mas isso não importava, quem estava ali precisando desesperadamente de ajuda era um ser humano.

3. Arriscou sua vida por ele.

4. Vendo-o, sentiu compaixão por ele. Tudo o mais foi apenas o resultado da misericórdia.

5. Tratou do ferido disponibilizando, para tanto, os seus próprios recursos.

6. Usou parte do alimento que trazia consigo para a viagem: o vinho para limpar as feridas e o azeite para suavizar a dor.

7. Depois, colocou-o (esforço) sobre o animal (patrimônio) e ele próprio foi a pé (sacrifício).

8. Chegando a uma hospedaria, cuidou dele durante a noite (tempo).

9. Deu dois denários (oferta à causa de Deus) ao hospedeiro.

CRISTO, O BOM SAMARITANO

1. O judeu ferido, caído, despojado e incapaz de ajudar a si mesmo, ilustra nossa condição como pecadores.

2. Nós também fomos atacados pelas forças do mal.

3. Quando nos viu à beira da morte, Cristo não passou direto; arriscou Sua vida para nos salvar, mesmo embora fôssemos Seus inimigos.

4. Deus não tinha obrigação de resgatar o homem caído. Ele podia ter passado pelos pecadores assim como o sacerdote e o levita fizeram em relação ao homem ferido.

5. O samaritano deu o seu vinho para que as feridas fossem limpas e o Senhor Jesus nos concedeu Seu precioso sangue para nos lavar de todo o pecado.

6. O samaritano deu o seu azeite para aliviar a dor e o Senhor Jesus nos ofereceu o Santo Espírito para nos consolar e capacitar a viver uma vida justa num mundo injusto.

7. Em Sua missão de salvar o ferido, o samaritano deu o seu tempo e o Senhor Jesus nos concedeu 33 anos de uma vida perfeita.

8. O samaritano fez tudo quanto estava ao seu alcance, dispondo de seu dinheiro e o Senhor Jesus deu tudo quanto possuía; deu todo o Céu para restaurar no homem a imagem de Deus.

Esta parábola descreve a bondade e o amor que nosso Salvador tem para com o homem caído e infeliz. Nós éramos como esse pobre, aflito viajante. Satanás, nosso inimigo, havia nos assaltado, despojado, ferido. Estávamos por natureza mais que semimortos em nossos delitos e pecados; completamente incapazes de nos salvar, pois não tínhamos forças. A lei de Moisés, como o sacerdote e o levita, não tem compaixão de nós, não nos oferece alívio, passa ao largo, não tendo piedade nem poder para nos ajudar. Mas eis que veio o abençoado Jesus, o Bom Samaritano. Ele teve compaixão de nós; Ele cuidou das nossas feridas; Ele derramou sobre elas não azeite e vinho, mas o Seu próprio sangue.

As pessoas que se relacionaram com o homem ferido podem ser classificadas em três grupos, de acordo com a sua filosofia de vida:

COBIÇA (os assaltantes) – “O que é meu, é meu; e o que é seu, será meu, se eu conseguir tomar de você.” Essa é a filosofia de muita gente. Milhões vivem uma vida de egoísmo e ganância.

INDIFERENÇA (o sacerdote e o levita) – “O que é meu, é meu; e o que é seu continuará a ser seu, se você puder defendê-lo.” Essa é a filosofia de alguns religiosos que são indiferentes à dor e ao sofrimento alheios.

AMOR (o bom samaritano) – “O que é seu, é seu; e o que é meu será seu, se você precisar.” O meu vinho, o meu azeite, o meu animal, o meu dinheiro, a minha energia e o meu tempo serão seus, se você precisar. As oportunidades de ajudar aos outros geralmente são inesperadas e inconvenientes.

Qual tem sido a nossa filosofia de vida? A dos assaltantes, a do sacerdote e do levita, ou a do bom samaritano? O que caracteriza o nosso relacionamento com o próximo? A cobiça, a indiferença ou o amor?

(Texto da jornalista Graciela Érika Rodrigues, inspirado na palestra do advogado Mauro Braga.)

Parábolas de Jesus: o semeador

A missão de Cristo, enquanto esteve na Terra, não foi devidamente compreendida pelas pessoas de Seu tempo. A maneira de Sua vinda não estava em harmonia com a expectativa deles. As cerimônias judaicas foram ordenadas por Deus para ensinar ao povo que, no tempo determinado, viria Aquele para o qual aquelas cerimônias apontavam. Mas os judeus tinham exaltado as formalidades e cerimônias, perdendo de vista o seu objetivo.

Essas tradições tornaram-se um obstáculo para a compreensão da verdadeira religião. E ao vir a realidade, na pessoa de Cristo, não reconheceram nEle o cumprimento de todos os símbolos que aquelas cerimônias representavam. Em vez de um Salvador, pediam um sinal. Esperavam que o Messias viesse impor o Seu império sobre os reinos terrestres.

Como resposta a essa expectativa equivocada, Cristo revelou a parábola do semeador. O reino de Deus não devia prevalecer pela força de armas nem por intervenções violentas, mas pela implantação de um princípio novo no coração dos homens.

Mateus 13:1: “Naquele mesmo dia, saindo Jesus de casa, assentou-Se à beira-mar;”

Mateus 13:2: “e grandes multidões se reuniram perto dEle, de modo que entrou num barco e Se assentou; e toda a multidão estava em pé na praia.”

Mateus 13:3: “E de muitas coisas lhes falou por parábolas e dizia: Eis que o semeador saiu a semear.”

“O que semeia a boa semente é o Filho do homem” (Mt 13:37) – Cristo viera, não como rei, mas como semeador; não para subverter reinos, mas para espalhar a semente; não para levar Seus seguidores a triunfos terrenos, mas para estabelecer novos princípios.

Jesus explicou essa parábola do mesmo modo que torna clara a Sua palavra para todos os que O procuram com sinceridade de coração. Os que estudam a Palavra de Deus com o coração aberto não ficam sem entendê-la. “Se alguém quiser fazer a vontade dEle”, disse Cristo, “pela mesma doutrina, conhecerá se ela é de Deus ou se Eu falo de Mim mesmo” (Jo 7:17).

Quando saiu a semear, Cristo deixou o Seu lar seguro e cheio de paz, deixou a glória que possuía junto ao Pai antes de o mundo existir, deixou Sua posição no trono do Universo. Do mesmo modo, Seus servos precisam sair para semear. Todos os que são chamados precisam deixar tudo para seguir a Jesus. Velhas relações precisam ser cortadas. Planos de vida devem ser abandonados, esperanças terrenas renunciadas. Com muito trabalho, deve a semente ser lançada.

A semente é a Palavra de Deus (Mc 4:14). Cristo veio para lançar as sementes da verdade. Toda semente tem em si um princípio germinativo. Nela está contida a vida da planta. Do mesmo modo, há vida na Palavra de Deus. “As palavras que Eu vos disse são espírito e vida” (Jo 6:63). “Quem ouve a Minha palavra e crê naquele que Me enviou tem a vida eterna” (Jo 5:24). Aquele que pela fé aceita a Palavra de Deus, recebe a própria vida. Porém, quando a Palavra de Deus é posta de lado, o poder de refrear as paixões pecaminosas do coração natural é rejeitado e o espírito acaba cedendo às tentações.

O semeador deve comunicar aquilo que ele conhece por experiência própria. “Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas, mas nós mesmos vimos a Sua majestade” (2Pd 1:16).

Lucas 13:4: “E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e, vindo as aves, a comeram.”

Lucas 13:5: “Outra parte caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto não ser profunda a terra.”

Lucas 13:6: “Saindo, porém, o sol, a queimou; e, porque não tinha raiz, secou-se.”

Lucas 13:7: “Outra caiu entre os espinhos, e os espinhos cresceram e a sufocaram.”

Lucas 13:8: “Outra, enfim, caiu em boa terra e deu fruto: a cem, a sessenta e a trinta por um.”

Lucas 13:9: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.”

Lucas 13:10: “Acercando-se dEle os discípulos, disseram-Lhe: Por que lhes falas por meio de parábolas?”

Lucas 13:11: “Respondeu-lhes Jesus: Porque a vós é dado conhecer os mistérios [segredos] do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado.”

O segredo de Deus é a revelação de Si mesmo (AP 1:1). “O segredo do Senhor é para os que O temem” (Sl 25:14). “Nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão” (Dn 12:10).

A explicação da parábola

Lucas 13:18: “Atendei vós, pois, à parábola do semeador.”

Lucas 13:19: “A todos os que ouvem a palavra do reino e não a compreendem, vem o maligno e arrebata o que lhes foi semeado no coração. Este é o que foi semeado à beira do caminho.”

Lucas 13:20: “O que foi semeado em solo rochoso, esse é o que ouve a palavra e a recebe logo, com alegria;”

Lucas 13:21: “mas não tem raiz em si mesmo, sendo, antes, de pouca duração; em lhe chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza.”

Lucas 13:22: “O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera.”

Lucas 13:23: “Mas o que foi semeado em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende; este frutifica e produz a cem, a sessenta e a trinta por um.”

Jesus Cristo é o semeador. Sua palavra é a semente e cada tipo de solo representa o coração humano.

A semente lançada à beira do caminho

Esta semente representa a Palavra de Deus quando chega ao coração de alguém que ouve, mas não obedece. Não percebe que o recado de Deus se aplica a si mesmo. Ouve a mensagem como alguma coisa que não lhe diz respeito. As mensagens entram por um ouvido e saem pelo outro. Não faz a mínima diferença na vida do ouvinte. Este coração simplesmente rejeita a palavra, por acreditar que não tem nada a ver com sua vida.

As coisas de Deus “se discernem espiritualmente” (1Co 2:14), pois “não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?” (1Co 1:20). “Pois tendo conhecido a Deus, não O glorificaram como Deus, nem Lhe deram graças, antes seus raciocínios se tornaram fúteis e seus corações insensatos se obscureceram. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos” (Rm 1:21, 22). Jamais poderíamos compreender os mistérios de Deus unicamente pelo raciocínio humano.

“O cálice mais difícil de conduzir, não é o que se acha vazio, mas o que está cheio até às bordas. É este que de mais cuidadoso equilíbrio necessita. A aflição e diversidade trazem decepção e dor; mas é a prosperidade que mais perigo oferece à vida espiritual”, escreveu Ellen G. White.

Satanás e seus anjos estão nas reuniões onde o evangelho é pregado. Enquanto anjos do Céu se esforçam para impressionar os corações com a Palavra de Deus, o inimigo está alerta para torná-la sem efeito. Com fervor só comparável à sua maldade, procura frustrar a obra do Espírito Santo. Enquanto Cristo, pelo Seu amor, atrai o coração do ouvinte, Satanás procura desviar a atenção daquele que é movido a buscar o Salvador. Preocupa a mente com projetos mundanos. Instiga a crítica ou insinua dúvida e incredulidade.

A semente lançada no solo rochoso

Representa a pessoa que aceita a mensagem com alegria, mas logo desiste dela. O momento de fervor foi só uma empolgação. A planta brota rapidamente, mas as raízes não podem penetrar no rochedo a fim de obter nutrição para sustentar seu crescimento, e logo perece. Esta classe pode ser convencida com facilidade, mas possui uma religião superficial.

Deus deseja que aceitemos Sua Palavra tão logo ela penetre em nosso coração e mente. Mas aqueles de quem a parábola está falando, os que aceitam a mensagem por impulso ou emoção, não calculam o custo. Não ponderam o que deles exige a Palavra de Deus. Não a confrontam com os seus hábitos de vida e não se submetem a ela. Em decorrência, desistem quando descobrem o preço do discipulado.

A vida espiritual é alimentada diariamente pelo relacionamento com Cristo. Mas os ouvintes de pedregais confiam em si mesmos em vez de confiar em Cristo. Depositam sua confiança nas boas obras e bons motivos e estão convictos em sua própria justiça.

Muitos aceitam o evangelho para escapar do sofrimento e não para serem libertos do pecado. Tornar-se cristão não é ter uma apólice de seguro. As provações virão. Enquanto a vida decorre suavemente, podem parecer firmes. Porém, sucumbem diante da primeira angústia. Afastam-se quando Deus lhes aponta algum pecado acariciado ou exige renúncia e sacrifício. Não querem “nascer de novo”. Não desejam se regenerar.

Não há disposição de fazer uma mudança radical de vida. São esses os que fixam os olhos nas desvantagens e provações presentes e se esquecem das realidades eternas. Como os discípulos que deixaram Jesus, estão também prontos para dizer: “Duro é este discurso; quem o pode ouvir?” (Jo 6:60). A verdade é mal recebida.

A semente lançada entre os espinhos

Representa aquele que ouve, mas não desiste da velha vida. É apenas envolvimento, sem compromisso. A semente do evangelho cai muitas vezes entre espinhos e ervas daninhas. Se não ocorrer uma transformação moral no coração humano e não forem abandonados velhos hábitos e práticas da vida anterior pecaminosa, a colheita será sufocada.

Se o coração não for guardado sob a direção de Deus, os velhos costumes vão reaparecer na vida. Os seres humanos podem afirmar sua crença no evangelho, mas a não ser que sejam por ele santificados, nada vale sua religião. Se não obtiverem vitória sobre o pecado, este estará obtendo vitória sobre eles. Os espinhos cortados, mas não arrancados, brotam novamente até sufocar a alma.

Cristo especificou as coisas que são perigosas para a alma: “os cuidados deste mundo, a fascinação das riquezas” (v. 22) e “os deleites da vida” (Lc 8:14).

“Os cuidados deste mundo” – Nenhuma classe está livre da tentação dos cuidados deste mundo. Aos pobres o medo da pobreza traz preocupações; aos ricos vêm o temor de perda e uma multidão de ansiedades. Muitos dos seguidores de Cristo esquecem as lições que Ele ensinou sobre as flores do campo e as aves do Céu (Mt 6:25-34). Não confiam em Sua constante providência. Toda a sua energia é absorvida em negócios comerciais. É verdade que os cristãos precisam trabalhar, precisam ocupar-se em atividades e podem fazê-lo sem cometer pecado. Mas muitos se tornam tão absortos em negócios que não têm tempo para orar, para estudar a Bíblia, para procurar e servir a Deus. As coisas da eternidade são tidas como secundárias, e as do mundo, supremas.

“A fascinação das riquezas” – O amor às riquezas tem poder apaixonante e ilusório. Em vez de despertar gratidão para com Deus, as riquezas conduzem à exaltação própria. O homem materialista perde o senso de sua dependência de Deus e de sua obrigação para com o próximo. “Porque o amor do dinheiro é a raiz de todos os males” (1Tm 6:10).

“Deleites da vida” – Há perigo em determinadas diversões. Todos os hábitos de condescendência que debilitam a mente ou que entorpecem as percepções espirituais “combatem contra a alma” (1Pd 2:11).

Por meio da parábola do semeador, Cristo demonstra que os resultados da colheita dependem do solo. O semeador e as sementes são em cada caso os mesmos. Mas temos o poder de escolha, e depende de nós o que queremos ser. Os ouvintes comparados com o caminho, ou com o solo pedregoso, ou com o chão cheio de espinhos não precisam permanecer assim. Em Cristo, há novidade de vida. O que ele oferece é transformação a qualquer momento. Todos esses solos (corações) podem dar bons frutos, se permitirem que o Semeador semeie a palavra. Assim, o solo que antes era infértil, passa a ser bom para o plantio.

A semente lançada em boa terra

O “coração honesto e bom” (Lc 8:15) do qual fala a parábola não é um coração sem pecado, pois o evangelho é para os perdidos. Cristo disse: “Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores” (Mc 2:17). Quem se rende à convicção do Espírito Santo é o que tem coração honesto. Reconhece sua culpa e sente-se necessitado da misericórdia e do amor de Deus. Tem desejo sincero de conhecer a verdade para obedecer-lhe. Este “é o que ouve a Palavra e a compreende”. O ouvinte da boa terra recebe a Palavra, “não como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade) como Palavra de Deus” (1Ts 2:13). O conhecimento da verdade depende não tanto da capacidade intelectual e muito mais da pureza de propósito, da simplicidade de uma fé sincera e confiante.

Que tipo de solo você representa?

(Texto da Jornalista Graciela Érika Rodrigues, inspirado na palestra do advogado Mauro Braga.)