Onde estava Daniel no momento da fornalha ardente? A fornalha foi realmente aquecida ‘sete vezes mais’?

Pergunta 1: Por que Daniel não é mencionado na história da fornalha ardente? Seria de se esperar que o rei considerasse a presença de Daniel indispensável, pois ele era um dos principais do reino. Existem três razões prováveis: (1) Daniel estava doente e por isso foi dispensado pelo rei. (2) Ele foi enviado pelo rei numa missão especial e estava viajando. (3) Ele foi dispensado pelo rei, seu amigo, a fim de evitar o constrangimento mútuo que a situação criaria. 
Embora a Bíblia não dê detalhes sobre o assunto, uma coisa é certa: Daniel continuou absolutamente fiel a Deus. Até mesmo em idade avançada, como no episódio da cova dos leões, ele continuou fiel. Isto é o mais importante.

Daniel na fornalha e o quarto homem

Pergunta 2: Foi a fornalha ardente realmente aquecida ‘sete vezes mais’? Alguns críticos dizem ter sido impossível Nabucodonosor aquecer sete vezes mais, e que essa história e o resto da Bíblia não merecem confiança. Mas o que diz o texto? Não diz que a fornalha foi realmente aquecida sete vezes mais, apenas fala que o rei, num acesso de raiva, exigiu que o fogo fosse mais elevado. Isto não significava elevar sete vezes a temperatura segundo a escala Celsius. Por exemplo, uma manhã ‘fria’ pode se transformar numa tarde ‘quente’, elevando a temperatura apenas alguns graus. 
Quando o rei descobriu que não era capaz de queimar os jovens que se haviam recusado a adorar a estátua, exclamou: “Não há outro Deus que possa livrar como este” Dn 3:29. O rei ficou pasmado. Deus havia livrado os seus fiéis servos da fornalha mais aquecida que o rei havia conhecido. Deus mesmo enviara o Seu anjo para passear no meio do fogo com os jovens hebreus. 
Fica aqui fica uma lição: Deus pode nos livrar de qualquer situação e de qualquer problema. Todavia, com bastante freqüência, Ele prefere que testemunhemos a Seu favor em meio as aparentes derrotas, mais do que em meio as grandes vitórias.

Deus espera que tenhamos a mesma atitude de Sadraque, Mesaque e Abedenego: “Se o nosso Deus quer livrar-nos, Ele nos livrará… Se não fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses e nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste” Dn 3:17 e 18. Permanecer fiel a Deus é o que importa!

fonte://IASD-BOTAFOGO

Firme como Daniel

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Porque o Senhor Jeová me ajuda, pelo que me não confundo; por isso, pus o rosto como um seixo e sei que não serei confundido. Isaías 50:7.

Os jovens têm um exemplo em Daniel, e se forem fiéis ao princípio e ao dever, serão instruídos como foi Daniel. Segundo a sabedoria do mundo considerava a questão, ele e seus três companheiros tiveram a seu favor todas as vantagens. Mas aqui devia apresentar-se sua primeira prova. Seus princípios colidiam com os regulamentos e disposições do rei. Deviam comer o alimento que se punha na mesa do rei, e beber do seu vinho. … Depois de cuidadosa consideração de causa e efeito, “Daniel assentou no seu coração não se contaminar com a porção do manjar do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto, pediu ao chefe dos eunucos que lhe concedesse não se contaminar”. Daniel 1:8.

Esse pedido, não o fez Daniel num espírito de desafio, mas solicitou-o como grande favor. … Daniel e seus companheiros eram corteses, bondosos, respeitosos, possuindo a graça da mansidão e modéstia. E agora que foram levados a prova, colocaram-se completamente do lado da justiça e da verdade. Não agiram caprichosamente, mas com inteligência. Resolveram que, como os alimentos cárneos não haviam feito parte de seu regime antes, tampouco deveriam introduzir-se no futuro. E como o uso de vinho fora proibido a todos os que devessem empenhar-se no serviço de Deus, resolveram não participar dele.

Daniel e seus companheiros não sabiam quais seriam os resultados de sua decisão. Não sabiam se esta não lhes custaria a vida, mas resolveram manter-se no reto caminho da estrita temperança, mesmo na corte da licenciosa Babilônia. … O bom comportamento desses jovens alcançou-lhes o favor. Depuseram seu caso nas mãos de Deus, seguindo uma disciplina de abnegação e temperança em todas as coisas. E o Senhor cooperou com Daniel e seus companheiros.

Esses pormenores foram registrados na história dos filhos de Israel como advertência a todos os jovens, para que evitassem toda a aproximação aos costumes e práticas e condescendências que de qualquer modo desonrassem a Deus.

Ellen G. White, Nos Lugares Celestiais, pág. 267.

(fonte:Setimo Dia)

Desvendando Daniel: a promessa final

O livro de Daniel tem um ponto de partida e suas profecias, reveladas pelo anjo Gabriel, começam em Babilônia, depois Medo-Pérsia, Grécia, Roma, destruição do Império Romano, passando pela igreja apóstata romana, o julgamento de Deus no Céu, o fim de todas as coisas, culminando com a volta de Cristo. Cada profecia de Daniel, não importa onde comece, acaba com a volta de Cristo, finda com o retorno de nosso Senhor. Assim, o livro de Daniel nos enche de esperança.

Daniel 12:1: “Nesse tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, o defensor dos filhos do teu povo, e haverá tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele tempo, será salvo o teu povo, todo aquele que for achado inscrito no livro.”

É importante notar que os capítulos 10, 11 e 12 constituem uma visão, não três. Todas as profecias de Daniel revelam o fato de que o falso sistema religioso romano será o ator principal na cena de encerramento do conflito dos séculos. O último verso de Daniel 11 termina com as palavras: “Mas chegará ao seu fim, e não haverá quem o socorra.” É nessa hora que Miguel assume o comando.

A identidade de Miguel já foi revelada: Cristo (Miguel é o nome usado por Jesus em momentos de guerra direta contra Satanás).

Daniel 7 mostra que o Filho do homem entra onde se acha o trono de Deus, e Miguel Se assenta para o início do julgamento. Miguel Se levanta no fim do julgamento. O que isso significa? Na profecia de Daniel 11:2 e 3, “levantar-se” significa tomar o poder ou governar. Quando terminar o julgamento, Miguel tomará o reino que a Ele pertence.

Quando Miguel Se levantar, haverá um tempo de angústia sem precedentes. Em Mateus 24:1, lemos acerca de uma tribulação sem comparação antes e depois. Esse foi o tempo de angústia experimentado pelo povo de Deus durante o período da dominação papal. Por 1.260 anos, o povo de Deus foi perseguido e oprimido. Mas essa não é a tribulação sobre a qual Daniel falou.

A tribulação mencionada em Mateus cai sobre a igreja. O povo de Deus passa por essa tribulação, e por causa deles mesmos ela é abreviada (Mt 24:22). O tempo de angústia descrito por Daniel não é um tempo de perseguição religiosa, mas de calamidade internacional. A expressão “qual nunca houve, desde que houve nação” mostra que esse é um tempo de angústia sobre as nações, e não sobre a igreja. Esse é o tempo de angústia que inclui as últimas pragas de Apocalipse 16 e dá desfecho à história deste mundo com a vinda de Jesus para destruir os Seus inimigos. No fim dessa tribulação, serão libertos todos aqueles cujos nomes estiverem no livro da vida.

Daniel 12:2: “Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno.”

Essa não pode ser a descrição da ressurreição que ocorre na segunda vinda de Cristo (1Ts 4:16), quando todos os justos mortos, de todas as épocas, são ressuscitados. Nessa ressurreição, “muitos” são despertados do pó da Terra. Entre eles, estão pessoas perversas que são despertadas para “vergonha e horror eterno”. Isso não pode se referir à primeira ressurreição, da qual diz a Bíblia: “Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com Ele os mil anos” (Ap 20:6).

Também não pode se referir à segunda ressurreição, descrita em Apocalipse 20:5, em que é dito que “os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos”. A segunda ressurreição exclui os justos que ressuscitaram na primeira, e nenhum daqueles que dela participarem gozarão a vida eterna.

Duas ressurreições – Há um intervalo de mil anos entre a ressurreição dos justos e a ressurreição dos ímpios. Todos eles vivem no mesmo mundo, são sepultados na mesma terra; mas, quanto ao tempo da ressurreição, haverá enorme separação. A ressurreição aqui mencionada não se encaixa com a descrição de nenhuma das duas ressurreições.

Quando Jesus estava diante de Caifás, o sumo sacerdote, Ele declarou: “Vereis o Filho do homem assentado à direita do Todo-poderoso e vindo sobre as nuvens do céu” (Mt 26:64). Como poderia Caifás, que logo viria a morrer, ser testemunha ocular da segunda vinda de Cristo? No livro de Apocalipse é dito: “Eis que vem com as nuvens, e todo o olho O verá, até quantos O traspassaram” (Ap 1:7).

É evidente que para Caifás e outros verem o Cristo crucificado vindo nas nuvens com poder e glória, deverá ocorrer uma ressurreição preliminar, especial, no momento em que Cristo estiver voltando. Alguns que se esforçaram e sofreram por causa da esperança da vinda do Salvador, mas que morreram sem vê-Lo, serão ressuscitados para testemunhar as cenas desse glorioso evento que tanto esperaram (cf. Ap 14:13).

Porém, os que zombaram dEle e O ridicularizam em Sua agonia de morte serão ressuscitados como parte do seu castigo. Caifás estará entre os que não poderão suportar a majestade e o esplendor de Jesus, e clamarão para que as rochas e as montanhas caiam sobre eles (Ap 6:16, 17). Mas existem outros, como diz Isaías, que olharão para cima e dirão: “Este é o nosso Senhor, o qual aguardávamos. Ele nos salvará.”

Daniel 12:3: “Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos conduzirem à justiça, como as estrelas, sempre e eternamente.”

Paulo diz: “Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; porquanto está escrito: Ele apanha os sábios na própria astúcia deles” (1Co 3:19). Quando Cristo voltar, muitos que se consideram sábios e cultos estarão entre os que clamarão para as rochas e as montanhas caírem sobre eles. A recompensa final não será dada com base na sabedoria ou no conhecimento mundanos. O Céu não julga de acordo com os padrões mundanos. Quem refulgirá como as estrelas, sempre e eternamente? Não serão aqueles a quem o mundo engrandece, exalta e aplaude. O louvor do mundo passa como a brisa da manhã. As promessas de Deus duram para sempre.

Deus chama de sábios “os que a muitos conduzirem à justiça”. “O fruto do justo é árvore da vida, e o que ganha almas é sábio” (Pv 11:30). “Sabei que aquele que converte o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma dele e cobrirá multidão de pecados” (Tg 5:20).

Daniel 12:4: “Tu, porém, Daniel, encerra as palavras e sela o livro, até ao tempo do fim; muitos o esquadrinharão, e o saber se multiplicará.”

Em Daniel 8:26, é dito ao profeta: “Preserva a visão, porque se refere a dias ainda muito distantes.” Essas visões não foram compreendidas adequadamente pela igreja primitiva. Não que Deus tenha ocultado arbitrariamente essas verdades dos cristãos das eras passadas. Algumas profecias são mais bem compreendidas depois que muitos dos seus detalhes são cumpridos. Vivendo depois dos eventos os estudiosos da Bíblia podem olhar a História passada e ver como essas coisas aconteceram de acordo com o predito, vantagem que só os que vivem “no tempo do fim” poderiam ter.

O verso sugere que o conhecimento das profecias aumentaria. “Muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará” (texto conforme versão Almeida Revista e Corrigida) se refere mais especificamente à pesquisa das profecias para conhecer o seu verdadeiro significado. Ele aponta para os que, de maneira persistente, dedicada e meticulosa, estudam as visões. Somente esses que “correm de uma parte para outra”, ou “pesquisam” no livro de Daniel – e outros livros da Bíblia -, entenderão suas verdades. Essa profecia está sendo cumprida agora, por todos os que estudam a Palavra.

A grande contribuição de Apocalipse 10 é apresentar a implicação de que, antes de os sábios chegarem a compreender completamente, eles enfrentariam compreensões errôneas. Eles haveriam de “comer” as profecias abertas de Daniel com grande satisfação, apenas para descobrir que a sua alegria inicial se converteria em tristeza; seu regozijo em desapontamento.

Daniel 12:5: “Então, eu, Daniel, olhei, e eis que estavam em pé outros dois, um, de um lado do rio, o outro, do outro lado.”

Aqui Daniel vê dois visitantes celestiais, além daquele que fala com ele. Acontece um diálogo que o ajuda a entender coisas que não podiam ser apresentadas por meio de símbolos.

Daniel 12:6: “Um deles disse ao homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio: Quando se cumprirão estas maravilhas?”

Daniel 12:7: “Ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio, quando levantou a mão direita e a esquerda ao céu e jurou, por aquele que vive eternamente, que isso seria depois de um tempo, dois tempos e metade de um tempo. E, quando se acabar a destruição do poder do povo santo, estas coisas todas se cumprirão.”

Em Daniel 8:13 e 14, é usado um método semelhante de revelar uma profecia – o de perguntas e respostas. Essas perguntas e respostas aqui parecem ser um resumo dos importantes elementos fornecidos em visões anteriores.

Miguel ergueu as mãos e pronunciou um juramento solene. Quando o Filho de Deus jura pelo Deus vivo, a mensagem que segue é importante. Nesse caso, a mensagem era que ao fim dos 1.260 anos de Daniel 7:25 a luz iria brilhar sobre as profecias do tempo do fim.

O período de tempo mencionado aqui é repetido várias vezes em Daniel e Apocalipse. Ele se refere aos 1.260 anos da supremacia do paganismo romano em sua forma religiosa e à perseguição ao povo de Deus.

A expressão “estas maravilhas” se refere às coisas que Daniel vira no capítulo 11, que, por sua vez, eram simplesmente uma explicação dos assuntos do capítulo 8. A resposta da pergunta sobre quando aconteceriam as maravilhas é dada em duas partes. O tempo da destruição do poder do povo santo, que é um período de tempo definido de 1.260 anos, e o tempo quando “se cumprirão essas maravilhas”, que é um período cuja época não está determinada. O período definido de 1.260 anos terminou em 1798, e agora vivemos em um período que não foi medido.

Daniel 12:8: “Eu ouvi, porém não entendi; então, eu disse: meu senhor, qual será o fim destas coisas?”

Daniel 12:9: “Ele respondeu: Vai, Daniel, porque estas palavras estão encerradas e seladas até ao tempo do fim.”

Era como se Deus afirmasse: “Não se preocupe Daniel, tudo está em Minhas mãos.” O propósito da visão era revelar o que aconteceria com o povo de Deus nos últimos dias. Somente esse povo poderia entender o seu significado. Qualquer um que não passasse pelas perseguições dos últimos dias não poderia compreender inteiramente as visões do livro de Daniel.

Assim, Miguel (o homem vestido de linho) declinou completamente de responder a segunda pergunta, e esse fato é sem dúvida muito significativo. Respondeu apenas: “Vai, Daniel.” Daniel não estava vivendo no tempo do fim; portanto, não necessitava compreender os detalhes daquilo que ocorreria apenas no tempo do fim. A resposta de Miguel nos ensina que a profecia é concedida para fins práticos. Ela não é provida para satisfazer a curiosidade desnecessária, não importa quão espiritual possa ser.

Daniel 12:10: “Muitos serão purificados, embranquecidos e provados; mas os perversos procederão perversamente, e nenhum deles entenderá, mas os sábios entenderão.”

Temos aqui o segredo do verdadeiro conhecimento. As Escrituras podem ser compreendidas somente por um povo puro e santificado. As escamas da descrença e da ignorância são removidas milagrosamente dos olhos e coisas que antes não eram entendidas são desvendadas em todo o seu significado.

Daniel 12:11: “Depois do tempo em que o sacrifício diário for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá ainda mil duzentos e noventa dias.”

Aqui, um novo período profético é introduzido. O começo desse período não é claramente definido. É simplesmente dito que é um “tempo em que o sacrifício diário for tirado, e posta a abominação desoladora”. A maior parte dos comentaristas sugere que, embora a “abominação desoladora” fosse estabelecida plenamente em 538 d.C. – o início dos 1.260 anos – um importante evento ocorrido antes preparou o caminho para o que aconteceu em 538. A conversão de Clóvis, rei dos Francos, ao catolicismo e a sua aliança com o bispo de Roma em 508 d.C., como primeiro poder civil a unir-se à igreja de Roma, lançando a união da Igreja com o Estado, foi um acontecimento vital para a instalação da abominação desoladora da grande apostasia – a farsa do homem. Nesse caso, ambas as profecias – a dos 1.260 anos e a dos 1.290 anos – terminaram em 1798.

Daniel 12:12: “Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias.”

Outro período profético, 45 dias/anos mais longo do que o anterior. Quando começa esse período? Embora não haja uma indicação direta, deve haver alguma conexão entre esse período e o de 1.290 dias/anos do verso anterior. Se os dois períodos começam ao mesmo tempo – em 508 d.C. –, esse período termina em 1843. O que aconteceu nesse ano? O início do grande movimento religioso profético de restauração da verdade de Deus. Por isso é prometida uma bênção (“bem-aventurado”) aos que esperam e chegam a esse tempo. Agora estamos em condições de explicar a imagem de Nabucodonosor e seus metais, a seqüência das quatro bestas, o surgimento e progresso do chifre pequeno, os eventos das setenta semanas, o começo e o fim dos 2.300 dias/anos.

Daniel 12:13: “Tu, porém, segue o teu caminho até ao fim; pois descansarás e, ao fim dos dias, te levantarás para receber a tua herança.”

A obra de Daniel estava completa. Daniel estava com 90 anos de idade quando Deus disse: “Chegou a hora de descansar.”

Deus prometeu a esse fiel servo que não falharia em dar-lhe sua recompensa por uma vida inteira de absoluta fidelidade. Daniel sabia, sem dúvida, que estaria com Deus na eternidade. Essa mesma promessa também nos pertence. Tomar parte dela depende exclusivamente de nossas escolhas.

(Texto da jornalista Graciela Érika Rodrigues, baseado na palestra do advogado Mauro Braga. O textos anteriores podem ser obtidos no marcador “Daniel”)

Desvendando Daniel: rei do sul e rei do norte

O capítulo 11 de Daniel cobre com detalhes o longo período da história da Pérsia, da Grécia e de Roma, primeiro a imperial, depois a eclesiástica. Mas essa última visão tem mais a ver com o tempo do fim do que as anteriores. Os livros de Apocalipse e Daniel possuem duas características semelhantes: repetição e progressão. A seguir, uma pequena síntese das visões de Daniel:

Daniel 2 nos conduz à divisão e queda do Império Romano do Ocidente, em 476 d.C.

Daniel 7 se estende até o ano 1798, o início do tempo do fim.

Daniel 8 e 9 juntos desvendam o maior período profético da Bíblia, os 2.300 anos (457 a.C – 1844 d.C.), indicando o período da primeira vinda de Cristo, Seu batismo (27 d.C.), o ano da Sua morte (31 d.C.), o início do tempo dos gentios (34 d.C.), e o ano em que começaria o Julgamento no Céu (1844), a purificação do Santuário Celestial.

A pergunta feita em Daniel 8:13 é dupla: “até quando o santuário de Deus e o Seu exército [Sua igreja], seriam pisados”, isto é, quando ocorreria a restauração do santuário e do povo de Deus? A resposta de Deus também é dupla. Em Daniel 8:14, Deus responde a primeira parte da pergunta, que diz respeito à restauração do santuário em 1844. A segunda parte da pergunta diz respeito à restauração do povo de Deus e é respondida na visão de Daniel 10 a 12.

I – Os quatro reis da Pérsia

Daniel 11:1: “Mas eu [Gabriel], no primeiro ano de Dario, o medo, me levantei para o fortalecer e animar.”

Daniel 11:2: “Agora, eu te declararei a verdade: eis que ainda três reis se levantarão na Pérsia, e o quarto será cumulado de grandes riquezas mais do que todos; e, tornado forte por suas riquezas, empregará tudo contra o reino da Grécia.”

Quatro outros reis surgiriam na Pérsia depois de Ciro, foram eles: Cambises (530-522 a.C.) filho de Ciro; Falso Smérdis (522 a.C.), um impostor que governou por sete meses; Dario I (522-486 a.C., Ciro e Dario I fizeram decretos para reconstruir o templo de Jerusalém); Xerxes (486-465 a.C., o Assuero do livro de Ester. O filho de Xerxes, Artaxerxes, foi quem emitiu o terceiro e último decreto para “restaurar e reconstruir Jerusalém” [Esdras 7]).

II – A Grécia e Alexandre, o grande

Daniel 11:3: “Depois, se levantará um rei poderoso, que reinará com grande domínio e fará o que lhe aprouver.”

Daniel 11:4: “Mas, no auge, o seu reino será quebrado e repartido para os quatro ventos do céu; mas não para a sua posteridade, nem tampouco segundo o poder com que reinou, porque o seu reino será arrancado e passará a outros fora de seus descendentes.”

A Grécia de Alexandre foi o reino que predominou após a Medo-Pérsia.

No capítulo 7, existem quatro cabeças no leopardo, representando as quatro divisões do reino de Alexandre. Em Daniel 8, havia quatro chifres para representar essa divisão. Aqui, no capítulo 11, são quatro ventos, ou quatro pontos cardeais.

Sabemos que o império de Alexandre foi dividido entre os seus quatro generais: Lisímaco, Cassandro, Ptolomeu e Seleuco. Um deles, Ptolomeu, instalou-se ao sul. Exatamente no Egito, que bem simboliza o ateísmo, ou um poder antagônico a Deus. “Mas o Faraó respondeu: Quem é o Senhor para que eu ouça a Sua voz, e deixe ir a Israel?” (Êx 5:2).

III – As lutas entre o Rei do Norte e o Rei do Sul

Daniel 11:5: “O rei do Sul será forte, como também um de seus príncipes; este será mais forte do que ele, e reinará, e será grande o seu domínio.”

Daniel 11:6: “Mas, ao cabo de anos, eles se aliarão um com o outro; a filha do rei do Sul casará com o rei do Norte, para estabelecer a concórdia; ela, porém, não conservará a força do seu braço, e ele não permanecerá, nem o seu braço, porque ela será entregue, e bem assim os que a trouxeram, e seu pai, e o que a tomou por sua naqueles tempos.”

Daniel 11:7: “Mas, de um renovo da linhagem dela, um se levantará em seu lugar, e avançará contra o exército do rei do Norte, e entrará na sua fortaleza, e agirá contra eles, e prevalecerá.”

Daniel 11:8: “Também aos seus deuses com a multidão das suas imagens fundidas, com os seus objetos preciosos de prata e ouro levará como despojo para o Egito; por alguns anos, ele deixará em paz o rei do Norte.”

Daniel 11:9: “Mas, depois, este avançará contra o reino do rei do Sul e tornará para a sua terra.”

Daniel 11:10: “Os seus filhos farão guerra e reunirão numerosas forças; um deles virá apressadamente, arrasará tudo e passará adiante; e, voltando à guerra, a levará até à fortaleza do rei do Sul.”

Daniel 11:11: “Então, este se exasperará, sairá e pelejará contra ele, contra o rei do Norte; este porá em campo grande multidão, mas a sua multidão será entregue nas mãos daquele.”

Daniel 11:12: “A multidão será levada, e o coração dele se exaltará; ele derribará miríades, porém não prevalecerá.”

Daniel 11:13: “Porque o rei do Norte tornará, e porá em campo multidão maior do que a primeira, e, ao cabo de tempos, isto é, de anos, virá à pressa com grande exército e abundantes provisões.”

Os versos 5 a 13 relatam as lutas entre o rei do Norte, representado pela antiga Babilônia, e o rei do Sul, representado pelo Egito. A Babilônia era governada pelos Seleucidas e o Egito pelos Ptolomeus. Em Daniel 11:5-13, os Ptolomeus possuíram a Palestina na primeira parte do período (Dn 11:5), contra os Seleucidas.

Os reis do Norte e do Sul são mencionados em razão de suas respectivas posições geográficas em relação à cidade de Jerusalém, território de Israel. Babilônia era o poder do norte e o Egito, o poder do Sul. Mas o Egito significa muito mais do que rei do Sul. Está ligado a uma rebelião desafiadora e ateísta, assim como Babilônia é mais do que uma invasão procedente do norte. É um falso poder espiritual situado ao norte. Isso ficará mais claro adiante.

IV – Roma pagã [imperial] entra em cena

Daniel 11:14: “Naqueles tempos se levantarão muitos contra o rei do Sul; também os dados à violência dentre o teu povo [os prevaricadores do teu povo] se levantarão para cumprirem a profecia, mas cairão.”

Daniel 11:15: “O rei do Norte virá, levantará baluartes e tomará cidades fortificadas; os braços do Sul não poderão resistir, nem o seu povo escolhido, pois não haverá força para resistir.”

Daniel 11:16: “O que, pois, vier contra ele fará o que bem quiser, e ninguém poderá resistir a ele; estará na terra gloriosa, e tudo estará em suas mãos.”

Daniel 11:17: “Resolverá vir com a força de todo o seu reino, e entrará em acordo com ele, e lhe dará uma jovem em casamento, para destruir o seu reino; isto, porém, não vingará, nem será para a sua vantagem.”

Daniel 11:18: “Depois, se voltará para as terras do mar e tomará muitas; mas um príncipe fará cessar-lhe o opróbrio e ainda fará recair este opróbrio sobre aquele.”

Daniel 11:19: “Então, voltará para as fortalezas da sua própria terra; mas tropeçará, e cairá, e não será achado.”

Daniel 11:20: “Levantar-se-á, depois, em lugar dele, um que fará passar um exator [arrecadador de tributos] pela terra mais gloriosa do seu reino; mas, em poucos dias, será destruído, e isto sem ira nem batalha.”

Alguns comentaristas vêem Roma aparecendo pela primeira vez no verso 16, mas o Comentário Bíblico Adventista, volume 4, pág.869, parece favorecer o conceito de que Roma é mencionada a partir do verso 14 como “os prevaricadores do teu povo”.

Nos versos 15 e 16 Roma se torna o rei do Norte após dominar os Seleucidas e penetrar na Palestina, “a terra gloriosa”. Em 63 a.C., Roma tomou Jerusalém e permaneceu na terra gloriosa.

“E [o rei do Sul] lhe dará uma jovem em casamento” – Os comentaristas geralmente têm aplicado esse verso a Cleópatra, rainha do Egito. Roma invade o Egito com Júlio César e Cleópatra foi colocada sob a proteção romana, tornando-se amante de Júlio César.

As características do verso 20 são as que mais claramente identificam Roma na seqüência histórica. Nesse verso é dito que na glória desse grande reino que derrotou a Medo-Pérsia e a Grécia surgiria um arrecadador de tributos.

Lucas 2:1 diz: “Naqueles dias saiu um decreto da parte de César Augusto para que todo o mundo fosse recenseado.” Que nação governava o mundo nos dias de Jesus? Roma. Quem baixou o decreto ordenando o recenseamento? César Augusto. De onde ele era? Era romano. Jesus nasceu nos dias de César Augusto, que era conhecido como o “arrecadador de impostos”. Além do mais, César Augusto morreu assim como predito: “sem ira nem batalha”.

V – A morte de Jesus

Daniel 11:21: “Depois, se levantará em seu lugar um homem vil, ao qual não tinham dado a dignidade real; mas ele virá caladamente e tomará o reino, com intrigas.”

Daniel 11:22: “As forças inundantes serão arrasadas de diante dele; serão quebrantadas, como também o príncipe da aliança.”

O “homem vil” que sucedeu a César Augusto foi Tibério César (14 d.C – 37 d.C.). Reconhecido por sua crueldade atacou Jerusalém e participou, ao lado dos judeus, da morte do Príncipe da aliança eterna, Jesus Cristo.

Foi sob o reinado de Tibério que o profeta declarou que o Príncipe da aliança seria quebrantado [crucificado]. Também em Daniel 9:25-27 nos é dito que o Príncipe Ungido firmaria aliança com muitos por uma semana. A morte de Jesus em 31 d.C. selou a aliança.

VI – Constantino – o concerto de engano

Daniel 11:23: “Apesar da aliança com ele, usará de engano; subirá e se tornará forte com pouca gente.”

Depois de identificar os três primeiros césares – Júlio, Augusto e Tibério – e de indicar o tempo do nascimento e morte de Jesus, a narrativa profética segue o curso da história dando destaque ao concerto de engano entre a igreja cristã e o governo romano, no tempo do imperador Constantino. O casamento da Igreja com o Estado, do cristianismo com o paganismo, esse foi o maior de todos os enganos.

A suposta conversão de Constantino foi oficialmente anunciada em 323 d.C., quando exaltou o cristianismo, elevando-o à posição de religião do Estado. Constantino sempre foi um fiel devoto do deus Sol. A primeira Lei Dominical exigindo a observância do primeiro dia da semana, Sunday (venerabili die solis), foi instituída por Constantino, no ano 321 d.C. A História mostra como os ídolos pagãos foram simplesmente transformados em imagens de santos cristãos e os feriados do paganismo foram introduzidos na Igreja como dias santos.

Daniel 11:24: “Virá também caladamente aos lugares mais férteis da província e fará o que nunca fizeram seus pais, nem os pais de seus pais: repartirá entre eles a presa, os despojos e os bens; e maquinará os seus projetos contra as fortalezas, mas por certo tempo.”

Daniel 11:25: “Suscitará a sua força e o seu ânimo contra o rei do Sul, à frente de grande exército; o rei do Sul sairá à batalha com grande e mui poderoso exército, mas não prevalecerá, porque maquinarão projetos contra ele.”

Daniel 11:26: “Os que comerem os seus manjares o destruirão, e o exército dele será arrasado, e muitos cairão traspassados.”

Daniel 11:27: “Também estes dois reis se empenharão em fazer o mal e a uma só mesa falarão mentiras; porém isso não prosperará, porque o fim virá no tempo determinado.”

Daniel 11:28: “Então, o homem vil tornará para a sua terra com grande riqueza, e o seu coração será contra a santa aliança; ele fará o que lhe aprouver e tornará para a sua terra.”

Daniel 11:29: “No tempo determinado tornará a avançar contra o Sul; mas não será nesta última vez como foi na primeira,”

Daniel 11:30: “porque virão contra ele navios de Quitim, que lhe causarão tristeza; voltará, e se indignará contra a santa aliança, e fará o que lhe aprouver; e, tendo voltado, atenderá aos que tiverem desamparado a santa aliança.”

No verso 30 a expressão “se indignará contra a santa aliança” revela o início da transição de Roma pagã, Roma dos césares, para o poder eclesiástico que domina o restante da profecia. Pela introdução de doutrinas, esse poder eclesiástico romano começou a “desprezar a santa aliança”.

Uma nova Roma surge das cinzas da antiga Roma pagã. Depois que o imperador Constantino mudou a capital do Império de Roma para Constantinopla, o bispo de Roma [o papa] reclamou o trono dos césares e a própria cidade de Roma como a capital de um império eclesiástico que deveria suplantar o antigo.

O papado continuou conquistando força e poder até que a nova Roma se tornou muito mais poderosa do que o Império Romano pagão em seu esplendor. A nova Roma reclamou domínio sobre as mentes humanas, controlando reis, impondo leis e aprisionando milhões, com uma opressão mais radical do que qualquer imperador promoveu.

Foi durante esse tempo que a profecia de Paulo sobre a “apostasia” foi cumprida, e o “homem do pecado” entrou no templo, ou igreja de Deus, e destronou o Espírito Santo, “querendo parecer Deus” (2Ts 2:4). Capelas foram dedicadas a anjos, os dias santos foram multiplicados, as cerimônias supersticiosas foram introduzidas. Encantamentos e amuletos dos mais variados foram usados em nome de Jesus, vigílias e banquetes para mortos foram celebrados, os relicários dos santos foram adorados.

A profecia de Daniel 11 tem uma característica marcante que é a notável transição de um poder para outro, usando o mesmo símbolo. Por exemplo:

No início do capítulo (versos 5-13), o rei do Norte é a Babilônia (Seleuco) e o rei do Sul, o Egito (Ptolomeu). E a história desse período é em grande parte uma luta pela posse da Palestina. Os Ptolomeus possuíram a Palestina na primeira parte do período, e depois os Selêucidas a possuíram. Mais tarde a Palestina caiu nas mãos de Roma.

Nos versos 15 e 16, Roma se torna o rei do Norte após dominar os Selêucidas e penetrar na Palestina, a terra gloriosa (verso 16). O rei do Sul continuou sendo o Egito.

E depois de Constantino, Roma eclesiástica, ou papal, se torna o rei do Norte, enquanto o Egito continua sendo o rei do Sul, simbolizado pelo ateísmo.

Em Daniel 7, logo após o animal terrível de dez chifres [Roma], vemos o surgimento do chifre pequeno. Esse poder político-religioso surgiu para desvirtuar a verdade de Deus; obscurecer a devida observância dos Dez Mandamentos e perseguir o povo de Deus.

VII – O domínio de Roma papal

Os versos 31 a 39 falam sobre as atividades do rei do Norte, agora representado por Roma papal. Apresentam a extensão da apostasia, perseguições ao “povo santo”, intervenção na política, guerra contra Deus, etc. Por outro lado, em meio a apostasia e rebelião, o povo de Deus se manteve fiel (v. 32-35). Por causa da sua fidelidade a Deus, os cristãos foram cruelmente perseguidos. A Inquisição quase exterminou o povo santo. Jesus fez referência ao estabelecimento da “abominação assoladora” como sendo algo terrível que aconteceria (Mt 24:15), a ponto tal que “se os dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria”.

Daniel 11:31: “Dele sairão forças que profanarão o santuário, a fortaleza nossa, e tirarão o sacrifício diário, estabelecendo a abominação desoladora.”

Somente lugares e coisas sagradas podem ser profanados. O santuário é profanado quando o ministério sacerdotal de Cristo é substituído por uma falsificação humana. Ao estabelecer um sacerdote humano como intercessor entre Deus e os homens, quando se sabe que Cristo é o único que pode fazer essa sagrada intercessão (1Tm 2:5).

Dessa forma, o “sacrifício diário [contínuo]” é tirado. O santuário é profanado ainda quando um sistema de indulgências e penitências é estabelecido para se alcançar a salvação. Em Daniel 8:11 é o poder religioso simbolizado pelo chifre pequeno quem “deita abaixo” (profana) o lugar do santuário de Deus e “tira os sacrifícios diários”.

A Bíblia retrata Roma eclesiástica como um poder que maravilharia o mundo (Ap 13:3). Em Daniel 8:13, esse poder é chamado de “transgressão assoladora”. Aquilo que profana lugares e coisas santas é chamado de abominação (Ez 8). Em Mateus 24:15 e Marcos 13:14, Jesus faz menção à “abominação assoladora” mencionada pelo profeta Daniel como sendo um sistema falso de adoração. Mas Jesus deixa claro que esse fato ocorreria em um tempo futuro.

Daniel 11:32: “Aos violadores da aliança, ele, com lisonjas, perverterá, mas o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e ativo.”

Isso implica em que se escondiam atrás de uma falsa aparência, disfarce e ocultação de fatos reais, motivos, intenções e sentimentos fingidos. Os que abandonaram as Escrituras pensaram mais nos decretos da igreja e nas decisões dos concílios do que nas Escrituras. Foram pervertidos pelas “lisonjas” do chefe da igreja, que os confirmava com posições, homenagens e honras trazidas pelas riquezas.

A apostasia nunca foi universal. Sempre há os que mantêm a tocha da verdade acesa com heroísmo e fidelidade. A igreja os rotulou de hereges.

Daniel 11:33: “Os sábios entre o povo ensinarão a muitos; todavia, cairão pela espada e pelo fogo, pelo cativeiro e pelo roubo, por algum tempo.”

Esse tempo de crueldades aponta para os 1.260 dias [anos] profetizados em Daniel 7:25, em que o poder eclesiástico do chifre pequeno perseguiria os santos do Altíssimo.

Daniel 11:34: “Ao caírem eles, serão ajudados com pequeno socorro; mas muitos se ajuntarão a eles com lisonjas.”

Daniel 11:35: “Alguns dos sábios cairão para serem provados, purificados e embranquecidos, até ao tempo do fim, porque se dará ainda no tempo determinado.”

Daniel 11:36: “Este rei fará segundo a sua vontade, e se levantará, e se engrandecerá sobre todo deus; contra o Deus dos deuses falará coisas incríveis e será próspero, até que se cumpra a indignação; porque aquilo que está determinado será feito.”

O verso 36 estabelece uma clara relação com os capítulos 7 e 8 de Daniel e Apocalipse 13, quando utiliza expressões como:

Este rei – O uso do pronome demonstrativo “este” mostra que a profecia está se referindo ao mesmo poder eclesiástico, e não a um novo poder.

Fará segundo a sua vontade – Isso indica um domínio universal, sem qualquer oposição. Em Apocalipse 13:4, nos é dito sobre esse mesmo poder religioso chamado de “a besta”, que “ninguém poderá batalhar contra ela”. Essa profecia indica que no fim dos tempos uma falsa religião irá crescer em popularidade e predominância.

Se engrandecerá sobre todo deus – Essa linguagem soa familiar para qualquer um que tenha estudado a descrição de Paulo sobre o “mistério da iniqüidade” (2Ts2:4). Em Daniel 8:11, é o poder religioso simbolizado pelo chifre pequeno quem se engrandece até o “Príncipe do exército”, porque tem a pretensão de mudar Sua lei eterna.

Falará coisas incríveis contra Deus – Em Daniel 7:25, o chifre pequeno é quem profere blasfêmias contra o Altíssimo.

Até que se cumpra a indignação – Quando é que isso ocorrerá? Será imediatamente antes da ressurreição dos justos. A ira de Deus será derramada sobre a Terra, “porque aquilo que está determinado será feito”. Daniel 9:27 usa linguagem semelhante: “Até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele.” Um dos propósitos principais da visão de Daniel é revelar o destino final do poder eclesiástico romano.

Daniel 11:37: “Não terá respeito aos deuses de seus pais, nem ao desejo de mulheres, nem a qualquer deus, porque sobre tudo se engrandecerá.”

Daniel 11:38: “Mas, em lugar dos deuses, honrará o deus das fortalezas; a um deus que seus pais não conheceram, honrará com ouro, com prata, com pedras preciosas e coisas agradáveis.”

Todos os governos civis dependem de força. Temos aqui um retrato de um sistema religioso fazendo algo que os pais da igreja nunca fizeram. Ele depende de força, munição e armas para perseguir seus objetivos e manter o seu poder. O papado se uniria ao Estado e dependeria da espada e das fortalezas de César, em vez da poderosa espada do Espírito, a Palavra de Deus.

Uma vez Napoleão Bonaparte disse: “Alexandre, César, Carlos Magno e eu fundamos grandes impérios; mas de que dependia a nossa genialidade? Do uso da força. Jesus fundou Seu império fundamentado apenas no amor e, até hoje, milhões se dispõem a morrer por Ele” (Bertrand’s Memoirs, Paris, 1844).

Suntuosos templos foram construídos; doações para esses novos deuses estranhos viriam a ser a maior fonte de renda da igreja. Esses deuses eram – e ainda são – honrados “com ouro, com prata, com pedras preciosas e coisas agradáveis”.

Daniel 11:39: “Com o auxílio de um deus estranho agirá contra as poderosas fortalezas, e aos que o reconhecerem, multiplicar-lhes-á a honra, e fá-los-á reinar sobre muitos, e lhes repartirá a terra por prêmio.”

VIII – O conflito final entre o papado [o falso sistema religioso] e o ateísmo

Daniel 11:40: “No tempo do fim, o rei do Sul [o ateísmo] lutará com ele, e o rei do Norte [o papado, o falso sistema religioso] arremeterá contra ele com carros, cavaleiros e com muitos navios, e entrará nas suas terras, e as inundará, e passará.”

Jerusalém, no Oriente Médio, sempre representou o povo de Deus. Jerusalém era onde o templo de Deus ficava. No Antigo Testamento, o Egito, rei do Sul, freqüentemente atacava Jerusalém. O Egito disse: “Quem é Deus?”, revelando sua postura ideológica ateísta.

O rei do Sul aqui é símbolo do ateísmo em suas diferentes formas, e o maior sistema ateu dos últimos dias é o comunismo. A queda do comunismo num período de tempo tão curto seria algo inacreditável, mais isso aconteceu. A profecia prevê a predominância da religião sobre o ateísmo, nos últimos dias. Babilônia, por sua vez, era o falso poder religioso, mas passou sua bandeira para Roma. Então, Roma passou a simbolizar a religião falsificada.

A profecia diz que, pouco antes do fim, o rei do Norte [o papado, o falso sistema religioso] e o rei do Sul [o ateísmo] iriam entrar em conflito, e o primeiro iria dominar.

Daniel 11:41: “Entrará também na terra gloriosa, e muitos sucumbirão, mas do seu poder escaparão estes: Edom, e Moabe, e as primícias dos filhos de Amom.”

No tempo do fim, a “terra gloriosa” não é mais uma referência à Palestina, mas sim à igreja remanescente de Deus.

Ao ser feito o último convite divino para aceitar o plano da salvação (Ap 18:1-4), muitos dentre os considerados ímpios (Edom, Moabe) escaparão do poder da apostasia, isto é, sinceros que estão em outras igrejas e que aceitarão o plano da salvação na derradeira hora. Contudo, a fúria das perseguições será outra vez de tal maneira que muitos “sucumbirão”.

Daniel 11:42: “Estenderá a mão também contra as terras, e a terra do Egito não escapará.”

Daniel 11:43: “Apoderar-se-á dos tesouros de ouro e de prata e de todas as coisas preciosas do Egito; os líbios e os etíopes o seguirão.”

Daniel 11:44: “Mas, pelos rumores do Oriente e do Norte, será perturbado e sairá com grande furor, para destruir e exterminar a muitos.”

Nos últimos dias da nossa história, o sinal da besta será imposto. Nos últimos dias a falsa religião se expandirá, mas Deus terá homens e mulheres fiéis a Seu lado. Eles sentem os rumores do Oriente e vêem a glória da vinda do Filho de Deus. Seus olhos não estão voltados para a perseguição, o decreto de morte, as sanções econômicas, mas ao santuário celestial onde Jesus Cristo se encontra intercedendo, e contemplam a glória da vinda de Deus. Mas os rumores do Oriente e do Norte, do trono de Deus, vão atrapalhar o poder da besta. E ela “sairá com grande furor, para destruir e exterminar a muitos”.

Ela ouve rumores do Oriente, percebe o Espírito de Deus sendo derramado e constata um grande reavivamento da fé, por isso precisa fazer alguma coisa. No exercício de seu poder emite um decreto de morte. Quer destruir a muitos.

IX – A destruição final do falso sistema religioso

Daniel 11:45: “Armará as suas tendas palacianas entre os mares contra o glorioso monte santo; mas chegará ao seu fim, e não haverá quem o socorra.”

O chifre pequeno e o rei do Norte aparentemente representam o mesmo poder terrestre. Em Daniel 7, o destino atribuído ao chifre pequeno é o de ser “morto, e o seu corpo desfeito e entregue para ser queimado pelo fogo”, uma vez “que se assentará o tribunal para lhe tirar o domínio, para o destruir e o consumir até ao fim” (Dn 7:11 e 26).

Em Daniel 11:45, o rei do Norte dos últimos dias irá armar “as suas tendas palacianas entre os mares contra o glorioso monte santo; mas chegará ao seu fim, e não haverá quem o socorra”. O “glorioso monte santo” parece ser uma metáfora para o templo de Jerusalém que, por sua vez, simboliza o santuário celestial. Como conseqüência dessa usurpação, o rei do Norte será punido – à semelhança do chifre pequeno de Daniel 7, que é figura paralela do rei – de tal modo que “chegará ao seu fim, e não haverá quem o socorra”. E assim termina a abominação papal – em perpétua desolação.

Quanto aos eventos precisos que acompanharão o cumprimento desta profecia, a sabedoria parece sugerir que não os conheceremos até que eles ocorram efetivamente. Nem sempre o propósito da profecia é prover conhecimento prévio de eventos futuros específicos. Muitas profecias bíblicas têm sido concedidas com a intenção de que elas venham a ser compreendidas – e assim contribuam para o fortalecimento da fé – apenas depois de seu cumprimento. Foi por isso que Jesus falou o seguinte a respeito de uma predição que envolvia Sua própria Pessoa: “Disse-vos agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós creiais” (Jo 14:29). Compare com João 13:19 e 16:4.

Nos últimos dias, Jesus, o rei do Oriente – assim como Ciro, o rei do Oriente veio e subjugou Babilônia antiga, libertando Israel e levando-o de volta e Jerusalém – virá como Rei dos reis, Senhor dos senhores, e o Céu será iluminado com a Sua glória. Em Sua vinda, os fiéis seguidores deixam o planeta Terra e sobem para os céus para viver com Ele para sempre. Nenhum poder terreno pode lutar contra o poderoso Rei dos reis.

fonte:criacionsmo.com.br

Desvendando Daniel: nos bastidores

O capítulo 10 é uma espécie de introdução à quarta grande profecia do livro de Daniel relatada nos capítulos 11 e 12. Esses três capítulos formam uma unidade. Setenta anos se passaram desde que Daniel e seus amigos foram forçados a deixar Jerusalém. Daniel tinha a idade avançada, mas ainda cumpria seus deveres nas cortes daquele governo estrangeiro. Ciro havia emitido um decreto permitindo que os filhos de Israel voltassem e reconstruíssem os muros e o templo de Jerusalém. Daniel não voltou com eles, possivelmente por causa da idade, ou porque sentiu que podia ajudar mais o seu povo usando sua influência na corte suprema do rei da Pérsia.

Os samaritanos haviam oferecido seus serviços para a reconstrução de Jerusalém. Por causa da sua idolatria, a oferta foi recusada. Como vingança, começaram a fazer oposição à obra de reconstrução, de acordo com a descrição encontrada nos livros de Esdras e Neemias.

Como resultado da oposição, a obra de reconstrução teve que parar. Era tempo de Páscoa, mas o templo ainda estava em ruínas. Os judeus continuavam como prisioneiros após os 70 anos, por isso Daniel orou por três semanas e jejuou.

Daniel 10:1: “No terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia, foi revelada uma palavra a Daniel, cujo nome é Beltessazar; a palavra era verdadeira e envolvia grande conflito; ele entendeu a palavra e teve a inteligência da visão.”

A nova visão mencionada ocorreu “no terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia”. Foi cerca do ano 535 a.C. e “envolvia grande conflito”. A crise devia ser muito grande, pois Daniel sentiu profunda tristeza durante três semanas.

Daniel 10:2: “Naqueles dias, eu, Daniel, pranteei durante três semanas.”

Daniel 10:3: “Manjar desejável não comi, nem carne, nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com óleo algum, até que passaram as três semanas inteiras.”

Daniel está outra vez de joelhos! Todos os seus problemas eram resolvidos com oração. Como um jovem na corte de Nabucodonosor, ele encontrou a solução para uma situação aparentemente sem esperança por meio da oração. Deus respondeu aquela oração, dando-lhe uma visão do que fora o sonho do rei.

Quando ameaçado de ir parar na cova dos leões, ele orou três vezes ao dia com as janelas abertas. Deus respondeu sua oração fechando a boca dos leões. Quando preocupado com a profecia de Jeremias sobre a restauração de Jerusalém, ele orou, confessando seus pecados e os do povo. Deus enviou o Seu maior anjo, Gabriel, para responder aquela oração.

Em todos os momentos Daniel buscava ao Senhor. Um exemplo de fé.

Daniel 10:4: “No dia vinte e quatro do primeiro mês, estando eu à borda do grande rio Tigre,”

Daniel 10:5: “levantei os olhos e olhei, e eis um homem vestido de linho, cujos ombros estavam cingidos de ouro puro de Ufaz;”

Daniel 10:6: “o seu corpo era como o berilo, o seu rosto, como um relâmpago, os seus olhos, como tochas de fogo, os seus braços e os seus pés brilhavam como bronze polido; e a voz das suas palavras era como o estrondo de muita gente.”

Comparando a visão que Daniel teve com a de João na ilha de Patmos (Ap 1:13-16), é evidente que o Ser glorioso que ele viu às margens do rio Tigre não era outro senão Jesus Cristo, o Filho de Deus.

Daniel 10:7: “Só eu, Daniel, tive aquela visão; os homens que estavam comigo nada viram; não obstante, caiu sobre eles grande temor, e fugiram e se esconderam.”

A mesma experiência de Paulo no caminho de Damasco (At 9:7). A visão que Daniel teve foi sobremaneira grandiosa e sobrenatural que os seus companheiros, presentes na ocasião, ficaram tão aterrorizados que fugiram para se esconder.

Daniel 10:8: “Fiquei, pois, eu só e contemplei esta grande visão, e não restou força em mim; o meu rosto mudou de cor e se desfigurou, e não retive força alguma.”

Daniel 10:9: “Contudo, ouvi a voz das suas palavras; e, ouvindo-a, caí sem sentidos, rosto em terra.”

O efeito da visão em Daniel foi o mesmo que nos outros mortais a quem fora dado um vislumbre da Divindade. Na ilha de Patmos, João “caiu a seus pés como morto” (Ap 1:17). No Monte da Transfiguração, Pedro, Tiago e João “caíram sobre o seu rosto e tiveram grande medo” (Mt 17:6).

Daniel 10:10: “Eis que certa mão me tocou, sacudiu-me e me pôs sobre os meus joelhos e as palmas das minhas mãos.”

Daniel 10:11: “Ele me disse: Daniel, homem muito amado, está atento às palavras que te vou dizer; levanta-te sobre os pés, porque eis que te sou enviado. Ao falar ele comigo esta palavra, eu me pus em pé, tremendo.”

O mesmo privilégio de Daniel, ao ser reconhecido como homem muito amado é estendido a cada um de nós, que temos em Jesus o Salvador e Senhor de nossas vidas.

Daniel 10:12: “Então, me disse: Não temas, Daniel, porque, desde o primeiro dia em que aplicaste o coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, foram ouvidas as tuas palavras; e, por causa das tuas palavras, é que eu vim.”

Quando Pedro, Tiago e João caíram com temor sobre seus rostos no Monte da Transfiguração, a Bíblia diz: “Aproximando-se deles, tocou-lhes Jesus, dizendo: Erguei-vos e não temais!” (Mt 17:7). Na ilha de Patmos, quando João viu Jesus e caiu a Seus pés como morto, também ouviu dEle: “Não temas” (Ap 1:17).

A oração de Daniel foi ouvida desde o momento em que se pôs de joelhos e a pronunciou. Ele não tinha qualquer evidência de que suas orações estavam sendo ouvidas. Mas seguia em súplica em todos os momentos, mantendo, assim, sua fé inabalável.

Que notícia! Assim também acontece com as nossas orações. Elas são ouvidas imediatamente no Céu. E a partir daí tem início um processo que os próximos versículos nos revelam.

Nos bastidores

Temos, agora, uma visão privilegiada do que acontece nos bastidores. Toda oração sincera é ouvida no Céu, muito embora a resposta pareça demorar mais do que podemos compreender. Daniel orou três semanas antes que a resposta viesse, ainda que o anjo lhe tivesse garantido que suas palavras foram ouvidas desde o primeiro dia.

Deus ergueu o véu e mostrou a Daniel as realidades do mundo invisível – o conflito entre as forças do bem e do mal. Na Bíblia, somente em Daniel 10 encontramos uma explicação tão completa quanto ao processo da oração. Esse processo não aconteceu só com Daniel, mas acontece até hoje, toda vez que elevamos nossas orações ao Senhor.

Daniel 10:13: “Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; porém Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia.”

Daniel 10:14: “Agora, vim para fazer-te entender o que há de suceder ao teu povo nos últimos dias; porque a visão se refere a dias ainda distantes.”

Satanás: o príncipe deste mundo

É fundamental para a compreensão dessa passagem que não percamos de vista o contexto em que essa visão foi dada. Deus queria restabelecer Seu povo em Jerusalém e moveu o coração de Ciro para que emitisse um decreto ordenando a reconstrução do templo.

É Deus quem “remove os reis e estabelece os reis” (Dn 2:21). Através de Isaias, cerca de 150 anos antes, Deus já havia profetizado que Ciro favoreceria Israel (Is 44:28; 45:1), a quem Deus escolhera para cumprir o Seu propósito. Enquanto isso, Satanás procurava frustrar o plano divino junto aos reis da Medo-Pérsia. Os vizinhos de Judá estavam tentando influenciar o rei da Pérsia a retirar a sua ajuda e a revogar sua ordem para reconstruir Jerusalém.

Quando Satanás tentou Jesus, o Salvador disse: “Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo” (Jo 12:31). Satanás é o príncipe deste mundo, assim como, naquele contexto, era o príncipe do reino da Pérsia.

A batalha entre o bem e o mal

Pelo fato de ele haver se oposto a um anjo de Deus durante três semanas, devemos concluir que se tratava de um anjo mau. 2 Pedro 2:4 fala dos anjos que pecaram e foram expulsos do Céu. Paulo disse que os deuses adorados pelas nações de seu tempo, na realidade, eram demônios (1Co 10:20). Paulo também revelou que nossos verdadeiros inimigos não são pessoas comuns, feitas de “carne e sangue”, mas que, em verdade, são “principados” e “potestades”, as “forças espirituais do mal” e os “dominadores deste mundo tenebroso” (Ef 6:12). Por três vezes Jesus identificou Satanás como “príncipe” (Jo 12:31; 14:30; 16:11). Algumas versões bíblicas apresentam o texto de Daniel 10:13 fazendo referência ao “anjo príncipe do reino da Pérsia”.

Portanto, Satanás estava impedindo que as orações de Daniel fossem respondidas, porque estava influenciando a mente do rei Ciro para não deixar os israelitas voltarem para sua terra. Por isso, Daniel orou e, enquanto ele orava, suas orações subiram a Deus, e no mesmo instante Deus mandou o anjo Gabriel para influenciar a mente de Ciro.

“Mas o príncipe do reino da Pérsia [Satanás] me resistiu por vinte e um dias.” O que aconteceu foi que Satanás entrou em luta com o anjo Gabriel, para impedir que ele dissipasse a escuridão e a mente de Ciro pudesse ser aberta e o rei da Pérsia tivesse a oportunidade de tomar sua decisão livremente. Gabriel iria afastar todas as influências más que possuíram a mente de Ciro. Mas quando ele começou a fazer isso, Satanás apresentou-se pessoalmente, porque não queria que o povo de Israel voltasse para Jerusalém para adorar o verdadeiro Deus. Neste ponto, travou-se um terrível combate na mente de Ciro. As forças do bem contra as forças do mal; as forças de Cristo enfrentando as forças de Satanás. Essa batalha aconteceu na mente de Ciro, exatamente como acontece em nossa mente. Porém, as orações de Daniel trouxeram ajuda celestial para resolver o problema.

Satanás continua exercendo grande influência sobre este mundo e sobre a mente de todas as pessoas que permitem serem comandadas por ele. Ele continua fazendo de tudo para atrapalhar os planos de Deus e, muitas vezes, influencia a mente de pessoas que são usadas para atrapalhar a resposta às orações.

Livre-arbítrio

Deus respeita nossa liberdade de escolha. Ele nunca manipula a vontade. Nunca coage. Daniel orou e suas preces subiram até ao Céu. O Senhor Jesus disse a Gabriel: “Eu respeito a oração de Daniel e sua liberdade de escolha, mas também respeito o livre arbítrio de Ciro.” Por essa razão, nosso Senhor enviou o Espírito Santo para trabalhar na mente de Ciro. Deus pode olhar para Satanás e dizer: “Eu preciso respeitar a liberdade de escolha de Daniel e ele está orando por Ciro. Então irei dobrar Meus anjos e enviarei grandes fontes de força espiritual para abrir a mente do rei.”

Não há contradição entre a atividade de Deus na História e a liberdade humana. Sua vontade pré-ordenada não anula a liberdade humana. A pessoa é livre para tomar decisões (Js 24:15; 1Rs 18:21). Mas qualquer decisão traz consigo os seus resultados inevitáveis. A pessoa pode escolher servir à vontade divina dentro do curso de eventos determinados por Deus.

As profecias descrevem o plano universal de Deus para a humanidade e para o Seu povo e, portanto, são incondicionais. Como Senhor soberano da História, Ele a dirige, sem violar a escolha ou o livre-arbítrio humano, em direção a um objetivo em particular, isto é, o estabelecimento do Seu reino eterno na Terra. Em conseqüência, a profecia tem um elemento de determinismo a partir do fato de que o plano de Deus triunfará, apesar de qualquer oposição.

Os versículos relatam que, embora Satanás e Cristo estivessem trabalhando pela mente do rei persa, nenhum deles podia forçá-lo. O livre-arbítrio humano, embora seja um dos maiores dons que recebemos, custou um preço terrível: a morte de Jesus na cruz. Se não tivéssemos livre-arbítrio, não poderíamos ter pecado; e se não tivéssemos pecado, não teria havido cruz, porque não haveria necessidade dela. Assim, de muitas formas, a cruz é o maior exemplo não só da realidade do livre-arbítrio humano, mas das conseqüências de abusarmos dele.

O conhecimento divino a respeito daquilo que os homens irão fazer não interfere em suas decisões efetivas, assim como o conhecimento que um historiador possui sobre os atos passados das pessoas não interfere naquilo que elas fizeram. O conhecimento antecipado de Deus penetra no futuro sem alterá-lo. A presciência de Deus jamais viola a liberdade humana.

A oração abre um novo caminho

Em cada mente existe uma guerra, em cada coração existe uma luta e anjos bons e maus combatem a fim de conquistar a vida espiritual dos filhos de Deus. Mas, quando oramos, abre-se uma avenida para que os anjos bons desçam em maior número para trazer a luz e a verdade. Percebeu? Se Daniel tivesse interrompido suas orações já nos primeiros dias, a batalha estaria perdida. Por isso é importante – vital – nos mantermos sempre em oração, esperando no Senhor as respostas. Elas certamente virão.

Em Daniel 2, Deus respondeu à oração de Daniel concedendo a interpretação do sonho de Nabucodonosor. Em Daniel 6, Deus enviou um anjo para livrá-lo dos leões. Em Daniel 9, Ele enviou a mais exaltada de Suas criaturas, o anjo Gabriel. Agora, em Daniel 10, Deus enviou o Seu próprio Filho.

Deus sempre irá além. Sempre nos dará mais do que aquilo que pedimos. Quando oramos a Deus por nós mesmos ou por terceiros, um processo é desencadeado no céu. O anjo confirmou que todas as orações são ouvidas na hora em que as pronunciamos, e a partir daí são comissionados anjos e meios para que as respostas venham de acordo com o plano de Deus. Mas Satanás, que é o príncipe deste mundo, nos conhece muito bem, sabe exatamente nossas condições, o que nos faz cair, nossas fraquezas, e sempre tentará atrapalhar, juntamente com seus outros anjos caídos, os propósitos de Deus em nossas vidas.

A boa-nova é que assim como Satanás influencia nossas mentes com seus anjos, Deus, Miguel e os santos anjos também têm essa missão. Ao lado de Miguel, a vitória é certa.

Quem é Miguel?

Miguel desceu em auxílio ao anjo Gabriel, liderando todas as tropas celestes, e derrotou Satanás. Quem quer que seja Miguel, conclui-se que ele é mais poderoso do que Satanás. Vamos ver algumas passagens bíblicas para identificá-lo. O nome “Miguel” é mencionado em apenas cinco lugares (Dn 10:13, 21; 12:1; Jd 9; Ap 12:7). Antes de lermos esses textos é bom lembrar um detalhe importante: todas as vezes que o nome Miguel é mencionado, o contexto é de um confronto pessoal com Satanás. O nome Miguel é um nome de guerra. Em Apocalipse 12:7-9, verifica-se que Miguel é suficientemente poderoso, tinha anjos a Seu lado e autoridade para expulsar a Satanás do Céu. Em Judas 9, constatamos que Miguel tinha poder para derrotar Satanás e ressuscitar Moisés.

No idioma hebraico, o nome Miguel significa uma pergunta: “Quem é igual a Deus?” E quem é o único que é igual a Deus? Claro, só pode ser Jesus Cristo. Devemos ficar felizes ao saber que Aquele que é como Deus pode expulsar Satanás do Céu e da nossa vida.

O Arcanjo

A palavra arcanjo significa “comandante e chefe dos anjos”. Uma das funções de Cristo é comandar os anjos, como se pode ver em 1 Tessalonicenses 4:16 e 17. Nessa passagem, é-nos dito que Ele virá com voz de arcanjo. Ele virá comandando os anjos, como alguém superior. O termo grego arch significa superioridade, primazia, proeminência e também o que comanda, que chefia. O fato de que o Arcanjo é o chefe dos anjos não faz dele um ser criado. A Bíblia apresenta apenas um arcanjo, e este é Miguel.

Por ocasião da segunda vinda, é a voz do Arcanjo que assinala a ressurreição dos mortos, de acordo com 1 Tessalonicenses 4:16. E de acordo com João 5:28 e 29, é a “voz do Filho de Deus” que provoca a ressurreição dos mortos. Daniel 12:1-4 diz que, quando Miguel Se erguer no tempo do fim, “muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão”. Miguel, o Arcanjo cuja voz irá despertar os mortos, é Jesus, o Filho de Deus e nosso Salvador. Pelo fato de ser tanto Deus quanto um Anjo (o Mensageiro muito especial enviado à Terra pelo Pai), Ele é inevitavelmente o Chefe dos anjos – o Arcanjo.

Uma dimensão maior do grande conflito

O capítulo 10 não se limita ao conflito existente durante o Império Medo-Persa. Possui uma dimensão muito maior, pois o anjo explicou ao profeta que “a visão se refere a dias ainda distantes” e o capítulo 11 continua a mencionar a seqüência do “conflito” no Império Medo-Persa e o seu desenvolvimento até a vinda de Cristo. O assunto em jogo é, na verdade, todo o futuro da humanidade.

Daniel 10:15: “Ao falar ele comigo estas palavras, dirigi o olhar para a terra e calei.”

Outra vez Daniel ficou abismado, não somente com o poder dos seres celestiais com quem ele estava se comunicando, mas com o impressionante conceito de um conflito cósmico envolvendo longo período de sofrimento para aqueles a quem ele amava. A profecia de 2.300 anos o havia deixado abalado, e agora lhe era dito: “A visão é ainda para muitos dias.”

Daniel 10:16: “E eis que uma como semelhança dos filhos dos homens me tocou os lábios; então, passei a falar e disse àquele que estava diante de mim: meu senhor, por causa da visão me sobrevieram dores, e não me ficou força alguma.”

Daniel 10:17: “Como, pois, pode o servo do meu senhor falar com o meu senhor? Porque, quanto a mim, não me resta já força alguma, nem fôlego ficou em mim.”

Daniel sentiu outra vez o toque celestial, e recuperou a fala. A magnitude da profecia deixou-o sem fôlego. Ele disse: “Por causa da visão me sobrevieram dores.” A que visão ele estava se referindo?

Daniel 10:18: “Então, me tornou a tocar aquele semelhante a um homem e me fortaleceu;”

Daniel 10:19: “e disse: Não temas, homem muito amado! Paz seja contigo! Sê forte, sê forte. Ao falar ele comigo, fiquei fortalecido e disse: fala, meu senhor, pois me fortaleceste.”

Pela terceira vez, Daniel foi chamado de “muito amado”. Em três ocasiões Daniel quase sucumbiu ante a glória divina. Três vezes foi encorajado. Por alguns momentos até deixou de respirar. Por fim, foi “fortalecido” pela palavra de Deus.

Daniel 10:20: “E ele disse: Sabes por que eu vim a ti? Eu tornarei a pelejar contra o príncipe dos persas; e, saindo eu, eis que virá o príncipe da Grécia.”

Daniel 10:21: “Mas eu te declararei o que está expresso na escritura da verdade; e ninguém há que esteja ao meu lado contra aqueles, a não ser Miguel, vosso príncipe.”

Aqui, o anjo está falando sobre outro conflito entre ele e o “príncipe da Pérsia”. Vemos em Esdras 4:4-24 que essa luta continuou por muito tempo, depois da visão.

Nos capítulos 2, 7 e 8 de Daniel foi predito que o domínio do mundo pelos gregos seria o próximo grande marco profético. Isso agora é reiterado.

“Ninguém há que esteja ao meu lado contra aqueles”

O anjo que está falando com Daniel anuncia que ele e Miguel assumem toda a responsabilidade sobre as coisas deste mundo. Assim, se pudermos dizer como o anjo que somente Miguel está ao nosso lado nesta batalha, que apenas olhos espirituais podem ver, é como dizer que estamos do lado mais poderoso e certamente vitorioso.

O fato de sabermos que Miguel é Jesus nos faz relembrar que o foco principal das profecias de Daniel não é Antíoco Epifânio e nem o anticristo. O foco repousa sempre sobre Jesus Cristo. Jesus é a pedra fundamental de Daniel 2. Ele é o Filho do homem que vem sobre as nuvens em Daniel 7. Ele é o Messias e Príncipe que foi cortado na profecia das setenta semanas, e que não obstante faz com que Seu concerto prevaleça.

Satanás também dirige o seu exército de anjos caídos (Ap 12:7) e “anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1Pd 5:8). Cada cristão deveria ser um Daniel e orar regular e sistematicamente para que Jesus (Miguel) envie os Seus anjos para lutar com os demônios que diariamente tentam manter o controle da nossa mente e do lar em que vivemos.

Uma vez que as “hostes espirituais da maldade” tentam nos controlar, Paulo insiste em que todos os cristãos se revistam da “armadura de Deus” (Ef 6:12-18). Ele acrescenta, no verso 18: “vigiando com toda perseverança.” Os anjos de Satanás são decididos e teimosos. Um deles resistiu a Gabriel durante três semanas. Não fosse a constante oração de Daniel e teria sido derrotado. Em meio a provações e lutas, devemos elevar nossas orações a Miguel que, estando ao nosso lado, vencerá qualquer batalha.

(Texto da jornalista Graciela Érika Rodrigues, baseado na palestra do advogado Mauro Braga. O textos anteriores podem ser obtidos no marcador “Daniel”)

Desvendando Daniel: súplica e entendimento

 

Ao terminar a visão de Daniel 8, o profeta estava deprimido e angustiado; abalado com aquilo que lhe fora revelado e completamente desorientado. Treze anos se passaram e parte da interpretação do sonho de Nabucodonosor estava se cumprindo diante de seus olhos. Babilônia fora finalmente derrotada. O império medo-persa já estava governando o mundo.

Daniel foi apontado como conselheiro dos presidentes, sentenciado a passar uma noite na cova dos leões e salvo pela poderosa mão de Deus. Naquele mesmo ano, o anjo Gabriel veio até ele com a explicação da visão que o deixara tão perplexo.

Daniel 9:1: “No primeiro ano de Dario, filho de Assuero, da linhagem dos medos, o qual foi constituído rei sobre o reino dos caldeus,”

Daniel 9:2: “no primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi, pelos livros, que o número de anos, de que falara o Senhor ao profeta Jeremias, que haviam de durar as assolações de Jerusalém, era de setenta anos.”

Os medo-persas derrotaram Babilônia em 539 a.C. Daniel era prisioneiro desde 605 a.C, quando tinha 17 anos. Então, no tempo do capítulo 9, Daniel deveria ter 83 ou 84 anos de idade.

Nem o dom de profecia fez com que Daniel negligenciasse o estudo das Escrituras. Como primeiro-ministro da mais preeminente nação da Terra, ele nunca estava ocupado demais para deixar de passar tempo com a Palavra de Deus.

Na adolescência, Daniel tinha ouvido Jeremias pregar e sabia que esse profeta era inspirado por Deus. As promessas de Deus, por meio de Jeremias, eram muito importantes para ele. A firme crença de Daniel era de que o Senhor cumpriria a promessa para o Seu povo, quando disse: “Assim diz o Senhor: Logo que se cumprirem para a Babilônia setenta anos, atentarei para vós outros e cumprirei para convosco a Minha boa palavra, tornando a trazer-vos para este lugar” (Jeremias 29:10).

Daniel já estava no cativeiro por quase setenta anos e, de acordo com os escritos de Jeremias, esse cativeiro devia estar chegando ao fim. Mas Daniel estava confuso por causa de uma discrepância entre sua visão e os escritos de Jeremias. Em sua visão, ele tinha visto um longo período de 2.300 anos antes de o santuário ser purificado. Isso é o que lhe tirava o sono enquanto cuidava dos negócios do rei. Esse assunto sempre estava presente em suas orações.

Daniel 9:3: “Voltei o rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, pano de saco e cinza.”

Daniel 9:4: “Orei ao Senhor, meu Deus, confessei e disse: ah! Senhor! Deus grande e temível, que guardas a aliança e a misericórdia para com os que Te amam e guardam os Teus mandamentos;”

Daniel reconhecia a majestade de Deus. Os exemplos mostram que os homens mais próximos de Deus, de todos os tempos, foram os que demonstraram maior respeito ao mencionarem o Seu nome sagrado.

Daniel 9:5: “temos pecado e cometido iniqüidades, procedemos perversamente e fomos rebeldes, apartando-nos dos Teus mandamentos e dos Teus juízos;”

Daniel 9:6: “e não demos ouvidos aos Teus servos, os profetas, que em Teu nome falaram aos nossos reis, nossos príncipes e nossos pais, como também a todo o povo da terra.”

Daniel não culpou os perversos reis de Israel, ou o povo idólatra. Ele disse “pecamos”. Quis identificar-se com o povo, a quem amava profundamente. Ele compartilhava as conseqüências da idolatria, mesmo sem ter participado dela. Era como Moisés, que não somente estava disposto a interceder pelo seu povo – a despeito da maneira como eles o haviam tratado –, mas também estava pronto a morrer com eles. “Tornou Moisés ao Senhor e disse: Ora, o povo cometeu grandes pecados, fazendo para si deuses de ouro. Agora, pois, perdoa-lhe o pecado; ou, se não, risca-me, peço-Te, do livro que escreveste” (Êxodo 32:31, 32).

Daniel entendeu a importância da confissão como uma parte da oração. “Se eu atender à iniqüidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá” (Salmo 66:18).

Daniel 9:7: “A ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós, o corar de vergonha, como hoje se vê; aos homens de Judá, os moradores de Jerusalém, todo o Israel, quer os de perto, quer os de longe, em todas as terras por onde os tens lançado, por causa das suas transgressões que cometeram contra Ti.”

Daniel 9:8: “Ó Senhor, a nós pertence o corar de vergonha, aos nossos reis, aos nossos príncipes e aos nossos pais, porque temos pecado contra Ti.”

Daniel 9:9: “Ao Senhor, nosso Deus, pertence a misericórdia e o perdão, pois nos temos rebelado contra Ele”

Daniel 9:10: “e não obedecemos à voz do Senhor, nosso Deus, para andarmos nas Suas leis, que nos deu por intermédio de Seus servos, os profetas.”

Daniel 9:11: “Sim, todo o Israel transgrediu a Tua lei, desviando-se, para não obedecer à Tua voz; por isso, a maldição e as imprecações que estão escritas na Lei de Moisés, servo de Deus, se derramaram sobre nós, porque temos pecado contra Ti.”

Daniel 9:12: “Ele confirmou a Sua palavra, que falou contra nós e contra os nossos juízes que nos julgavam, e fez vir sobre nós grande mal, porquanto nunca, debaixo de todo o céu, aconteceu o que se deu em Jerusalém.”

Daniel 9:13: “Como está escrito na Lei de Moisés, todo este mal nos sobreveio; apesar disso, não temos implorado o favor do Senhor, nosso Deus, para nos convertermos das nossas iniqüidades e nos aplicarmos à Tua verdade.”

Daniel 9:14: “Por isso, o Senhor cuidou em trazer sobre nós o mal e o fez vir sobre nós; pois justo é o Senhor, nosso Deus, em todas as Suas obras que faz, pois não obedecemos à Sua voz.”

A lei da causa e efeito – Quando qualquer pessoa, qualquer família, qualquer nação, consciente e voluntariamente deixa os caminhos do Senhor, perde as bênçãos e a proteção divina. Em conseqüência, a vida se enche de problemas, sofrimentos e destruição, que não existiriam caso não tivessem escolhido ignorar as determinações de Deus. Assim, é a rebeldia humana que retém a mão de Deus e dá ao diabo permissão para nos causar problemas e sofrimentos que, em outra situação, ele não poderia infligir.

Algumas vezes Deus nos ensina por meio do sofrimento o que não aprenderíamos em momentos de alegria. Alguém já disse que só olhamos para cima quando estamos lá embaixo. É muito melhor aprender na alegria do que na dor.

Daniel 9:15: “Na verdade, ó Senhor, nosso Deus, que tiraste o Teu povo da terra do Egito com mão poderosa, e a Ti mesmo adquiriste renome, como hoje se vê, temos pecado e procedido perversamente.”

Daniel 9:16: “Ó Senhor, segundo todas as Tuas justiças, aparte-se a Tua ira e o Teu furor da Tua cidade de Jerusalém, do Teu santo monte, porquanto, por causa dos nossos pecados e por causa das iniqüidades de nossos pais, se tornaram Jerusalém e o Teu povo opróbrio para todos os que estão em redor de nós.”

Daniel 9:17: “Agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do Teu servo e as suas súplicas e sobre o Teu santuário assolado faze resplandecer o rosto, por amor do Senhor.”

Daniel 9:18: “Inclina, ó Deus meu, os ouvidos e ouve; abre os olhos e olha para a nossa desolação e para a cidade que é chamada pelo Teu nome, porque não lançamos as nossas súplicas perante a Tua face fiados em nossas justiças, mas em Tuas muitas misericórdias.”

Daniel 9:19: “Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e age; não Te retardes, por amor de Ti mesmo, ó Deus meu; porque a Tua cidade e o Teu povo são chamados pelo Teu nome.”

Daniel 9:20: “Falava eu ainda, e orava, e confessava o meu pecado e o pecado do meu povo de Israel, e lançava a minha súplica perante a face do Senhor, meu Deus, pelo monte santo do meu Deus.”

Daniel 9:21: “Falava eu, digo, falava ainda na oração, quando o homem Gabriel, que eu tinha observado na minha visão ao princípio, veio rapidamente, voando, e me tocou à hora do sacrifício da tarde.”

Indiscutivelmente, Daniel está se referindo à visão do capítulo anterior. As duas únicas visões anteriores foram a interpretação do sonho de Nabucodonosor e a visão de Daniel 7. Mas não há menção ao anjo Gabriel em nenhuma dessas visões.

Daniel 9:22: “Ele queria instruir-me, falou comigo e disse: Daniel, agora, saí para fazer-te entender o sentido.”

O anjo estava prestes a explicar sobre o tempo da purificação do santuário, no fim do capítulo 8, quando aconteceu algo com Daniel (Dn 8:27). Daniel desmaiou e adoeceu. Por amor a nós, muitas vezes Deus aguarda que tenhamos suficiente condição e entendimento para receber Suas respostas e revelações. O anjo já havia explicado para Daniel a parte do significado da visão que ele era capaz de compreender. Agora, ele volta para complementar sua explicação, esclarecendo o assunto que estava causando tanta preocupação a Daniel.

Daniel 9:23: “No princípio das tuas súplicas saiu a ordem, e eu vim, para to declarar, porque és mui amado; considera, pois, a coisa e entende a visão.”

Gabriel veio ajudar Daniel a entender qual era “o sentido”. A que sentido, ou assunto, estava ele se referindo? Era aquilo que, na visão anterior, Daniel não tinha entendido. Sobre o carneiro, o bode e o chifre pequeno Daniel compreendeu, o que não entendeu foi a parte acerca dos 2.300 dias.

Daniel 9:24: “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniqüidade, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos Santos.”

Quando a Bíblia fala de um dia comum, quer dizer um período literal. Está escrito em Gênesis sobre manhã e tarde como compondo um dia completo de 24 horas. Jonas passou três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim Jesus estaria “no ventre da terra” durante o mesmo período. Jesus morreu na sexta-feira e no terceiro dia ressuscitou. Em Daniel e Apocalipse, quando se trata de profecias, fica claro que um dia representa um ano.

O povo de Daniel eram os judeus. Quantos dias tem uma semana? Sete. Setenta vezes sete são 490 dias-proféticos, ou anos. Assim, os 490 anos da primeira parte da profecia deveriam aplicar-se ao povo judeu. A primeira parte dos 2.300 anos se refere aos judeus.

A expressão “para fazer cessar a transgressão” descreve de maneira apropriada a persistente rejeição de Israel aos mandamentos de Deus, culminando com a rejeição e crucifixão do Messias esperado.

O cumprimento de tudo o que foi profetizado ao fim das 70 semanas atestaria a autenticidade da visão, colocando um selo de confirmação na profecia. Selo é um documento de autenticidade.

Daniel 9:25: “Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos.”

O anjo Gabriel dividiu o período de 70 semanas em três partes:

7 semanas (49 anos)

62 semanas (434 anos)

1 semana (7 anos)

O ponto de partida é identificado como “a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém”. Daniel estava prisioneiro em Babilônia havia 70 anos e estava preocupado em saber quando o povo seria libertado para voltar a Jerusalém e reconstruir a cidade, os muros, o templo e adorar a Deus em paz.

Então Gabriel começou com um evento que era muito importante para Daniel. O tempo deveria ser contado a partir da ordem para restaurar Jerusalém até o Ungido, o Príncipe. Quem é o Ungido? Jesus, sem sombra de dúvida.

A explicação de Gabriel é clara: a partir do decreto para reedificar Jerusalém transcorreriam 7 e mais 62 semanas (de anos) até o Cristo, o Messias. Ainda restaria mais 1 semana profética para completar as 70 semanas anunciadas. Assim, desde o decreto para restaurar Jerusalém até o Messias, Jesus, transcorreriam 483 anos (7 + 62 semanas).

Na realidade, foram baixados três decretos; o terceiro deles foi expedido por Artaxerxes e era muito importante porque permitia aos judeus não só partir, como também restabelecer a adoração a Deus. Isso ocorreu em 457 a.C.

A partir daí, deveriam ser contadas as 69 semanas até o Messias e mais uma, para completar os 490 anos. Assim, partindo de 457 a.C., se somarmos mais 483 anos chegaremos ao ano 27 d.C., porque não existe o ano zero. Precisamente nesse ano Jesus Cristo, o Messias, foi batizado, ou ungido pelo Espírito Santo (Lc 3:1, 21).

Daniel 9:26: “Depois das sessenta e duas semanas será morto o Ungido e já não estará; e o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas.”

No ano 70 d.C., a cidade de Jerusalém foi destruída por Tito Vespasiano. A Bíblia previra de forma milimétrica que o santuário terrestre seria destruído.

Daniel 9:27: “Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele.”

Sessenta e nove das setenta semanas determinadas para o povo judeu haviam passado. Faltava a última semana. Uma semana profética, ou sete anos, que teriam início em 27 d.C. Se somarmos 27 com 7 chegaremos ao ano 34 d.C. No meio desse período, a Bíblia diz: “e na metade da semana”, o Messias seria crucificado. A metade da semana são três anos e meio. Se somarmos três anos e meio a partir do outono de 27 d.C. chegaremos à primavera de 31 d.C, data em que Jesus foi crucificado.

No fim desses 490 anos, em 34 d.C., os judeus selariam seu destino como povo de Deus. Logicamente que como indivíduos poderiam fazer parte do povo de Deus que viria depois. Qualquer pessoa, muçulmano, indiano, judeu, cristão, só é salvo através do sangue de Cristo. Mas os judeus não seriam mais a nação escolhida após 34 d.C.

Em 34 d.C., Estevão, o primeiro mártir cristão, foi apedrejado. Os líderes judeus rejeitaram o evangelho que passou a ser disseminado entre os gentios. Podemos ler essa história no livro de Atos, quando o sumo sacerdote fez um discurso no apedrejamento de Estevão, renunciando à fé cristã, rejeitando a Jesus como o Messias. Em 34 d.C., o evangelho passou a ser pregado aos gentios e a primeira parte dessa profecia se cumpriu.

Os primeiros 490 dos 2.300 anos findaram em 34 d.C. Essa fração do grande período de 2.300 anos se referia ao povo de Daniel e à primeira vinda de Cristo. A última parte diz respeito ao moderno povo de Deus e à segunda vinda de Cristo. Deus usou um acontecimento que pudemos constatar – a primeira vinda de Cristo – para que compreendêssemos aquilo que não podemos ver – a segunda vinda de Cristo. Ora, se os acontecimentos da primeira parte da profecia se cumpriram pontualmente, obviamente os eventos da segunda parte também hão de se cumprir.

“Até duas mil e trezentas tardes e manhãs e o santuário será purificado” (Dn 8:14) – Conforme vimos, as 70 semanas são apenas a primeira parte de um período mais longo, do qual elas foram tiradas. Quatrocentos e noventa anos foram amputados dos 2.300 anos. Isso nos deixa com 1.810 anos para cumprir a segunda parte da profecia. Como os 490 anos terminaram em 34 d.C., se somarmos mais 1.810 anos, chegaremos ao ano de 1844.

Mas, alguém poderá dizer: “Nada aconteceu em 1844 que se encaixe na descrição da profecia!” A profecia disse que, em 1844, o santuário seria purificado. Isso não pode ser uma referência ao santuário de Jerusalém, o qual foi destruído em 70 d.C. Só pode ser uma referência ao santuário “o qual o Senhor fundou, e não o homem” (Hb 8:2). Esse é o santuário que está no Céu (Hb 9:11; Ap 4:5; 8:3; 11:19).

A purificação do santuário no Antigo Testamento fazia referência ao Dia da Expiação, que prefigurava o dia do julgamento. Como poderia o julgamento começar em 1844? A Bíblia não ensina que ele ocorrerá no tempo da segunda vinda de Cristo? Somente olhando para o conjunto, o contexto das profecias de Daniel, é que podemos encontrar uma resposta para essa pergunta.

Tivemos uma prévia do julgamento no capítulo 7 de Daniel. Note as seguintes expressões: “Continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e o Ancião de Dias Se assentou” (Dn 7:9). “Assentou-se o tribunal, e se abriram os livros” (Dn 7:10). “E eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do homem, e dirigiu-Se ao Ancião de Dias” (Dn 7:13).

Temos aqui um retrato do Ancião de Dias (Deus, o Pai) tomando assento e abrindo os livros. O Filho do homem (Jesus) vem com as nuvens dos céus (não nas nuvens, como em Sua segunda vinda) e aparece diante do Ancião de Dias. O capítulo 8 de Daniel continua o tema. A purificação do santuário, portanto, é o mesmo evento do julgamento de Daniel 7.

Mais luz é lançada sobre o assunto quando lemos o capítulo 14 de Apocalipse. Temos ali a proclamação do evangelho eterno, e a mensagem pregada é: “Temei a Deus e dai-Lhe glória, pois é chegada a hora do Seu juízo” (Ap 14:7). Essa mensagem não diz que a hora do Seu julgamento será no futuro, mas que ela está no presente. O evangelho está sendo pregado depois de haver chegado o tempo do julgamento. É dito que o dia da volta de Cristo não é conhecido nem pelos anjos do Céu (Mt 24:36). Mas sobre a hora do julgamento é dito: “Porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um Varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-O dentre os mortos” (At 17:31).

Segundo a mesma profecia (Dn 8:9-14), desde 1844, Deus tem restaurado para o mundo a verdade sobre as Escrituras. A verdade que foi perdida durante os séculos; que foi obscurecida por tradições e doutrinas humanas. A verdade de que somos salvos somente por Cristo e que nossas boas obras não nos podem salvar. A verdade de que em qualquer preocupação ou dificuldade que enfrentarmos, precisamos não de um sacerdote terreno, mas de Jesus, nosso Sumo Sacerdote celestial. A verdade de que se nós O amarmos, permitiremos que Ele mude nosso coração e escreva Sua lei em nosso interior.

Se estivermos vivendo no tempo do fim desde 1844, então isso é mais do que 150 anos! Mas devemos nos lembrar de que Noé pregou a destruição pelo dilúvio durante 120 anos. A Terra está sendo julgada por 150 anos, porque o “dilúvio” final está chegando. Nos últimos 150 anos, a mensagem de Deus tem sido anunciada ao mundo enquanto o tempo se escoa. Estamos nos aproximando da grande crise, do fim do mundo, da volta de Cristo, dos últimos momentos que precedem a eternidade.

As fases do julgamento final:

O julgamento antes da volta de Cristo – Esse é o tempo em que o Filho do homem vem ao Ancião de Dias, purifica o santuário e investiga os livros (Dn 7:9-14, 27, 27; Dn 8:14).
O julgamento na segunda vinda – O Filho do homem separa as ovelhas dos bodes (Mt 25:31-46).
O julgamento durante o milênio – Os santos sentarão nos tronos e o julgamento será entregue a eles, ao examinarem os registros (Ap 20:4; 1Co 6:2, 3).
A sentença final para os ímpios – No fim do milênio, os ímpios serão sentenciados ao castigo final (Ap 20:4, 12).
A execução – Após a sentença final, os perdidos serão lançados no lago de fogo (Ap 20:12).

Que encorajamento para os cristãos de hoje é saber que nosso Representante está diante do trono da graça intercedendo em nosso favor! “Por isso, também pode salvar totalmente os que por Ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb 7:25).

(Texto da jornalista Graciela Érika Rodrigues, baseado na palestra do advogado Mauro Braga. O textos anteriores podem ser obtidos no marcador “Daniel”)

Desvendando Daniel: a restauração da verdade

 

A visão de Daniel 8 é o clímax das apresentações simbólicas do livro. O contexto histórico mostra que o capítulo está falando do santuário no Céu, onde Cristo agora é o nosso Sumo Sacerdote (Hb 8:1, 2). As questões-chave reveladas aqui não giram ao redor de alguma batalha militar na qual exércitos pagãos profanam o santuário terrestre. O alcance do capítulo vai muito além de qualquer batalha localizada, terrestre, política ou militar. Ao contrário, as questões são espirituais. Este capítulo é uma visão diferente do grande conflito, envolvendo um vasto sistema religioso que se ergueu em oposição à verdade de Cristo.

O interesse principal nesta visão é mostrar – na Terra – a época da restauração da verdade deitada por terra (vs. 10-12), e – no Céu – o início do juízo investigativo (purificação do santuário celestial). As três mensagens angélicas em Apocalipse 14:6 focalizam a restauração da verdade no tempo determinado.

Daniel 8:1: “No ano terceiro do reinado do rei Belsazar, eu, Daniel, tive uma visão depois daquela que eu tivera a princípio.”

Essa visão ocorreu dois anos depois da visão de Daniel 7. Babilônia ainda teria alguns anos de vida antes da sua queda, mas não foi difícil para um homem como Daniel ver que os seus dias estavam contados. Daniel estava idoso e no cativeiro por aproximadamente 55 anos. Sabia que os 70 anos do cativeiro profetizados por Jeremias acabariam em breve, e ele desejava ver a restauração prometida.

A visão que tivera dois anos antes ainda era bem presente em sua mente. Estava bastante ansioso por ver como a nova visão complementava a antiga e que outras impressões receberia.

Daniel 8:2: “Quando a visão me veio, pareceu-me estar eu na cidadela de Susã, que é província de Elão, e vi que estava junto ao rio Ulai.”

A passagem não diz se ele estava realmente em Susã ou se foi transportado para lá em visão. Seria o povo desse país que, em pouco tempo, capturaria Babilônia. Ele estava profeticamente sendo levado para o futuro, para a época do Império Medo-Persa.

Daniel 8:3: “Então, levantei os olhos e vi, e eis que, diante do rio, estava um carneiro, o qual tinha dois chifres, e os dois chifres eram altos, mas um, mais alto do que o outro; e o mais alto subiu por último.”

Daniel 8:4: “Vi que o carneiro dava marradas para o ocidente, e para o norte, e para o sul; e nenhum dos animais lhe podia resistir, nem havia quem pudesse livrar-se do seu poder; ele, porém, fazia segundo a sua vontade e, assim, se engrandecia.”

Daniel 8:5: “Estando eu observando, eis que um bode vinha do ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão; este bode tinha um chifre notável entre os olhos;”

Daniel 8:6: “dirigiu-se ao carneiro que tinha os dois chifres, o qual eu tinha visto diante do rio; e correu contra ele com todo o seu furioso poder.”

Nesta profecia, o carneiro e o bode são usados como símbolos. Dois animais que eram usados no ritual do santuário. No santuário hebreu, uma vez ao ano, era realizada uma festa especial, a festa da purificação do santuário. O cordeiro e o bode eram animais usados para um sacrifício especial feito no último dia da festa da purificação do templo, no dia do julgamento.

Quando utiliza o cordeiro e o bode, Deus quer chamar nossa atenção para o fim dos tempos, o juízo final e a purificação do santuário.

A descrição identifica claramente o carneiro como representando o Império Medo-Persa (v. 20). Como Babilônia está em seus últimos dias, já agonizante, ela nem sequer é mencionada nessa profecia. Os dois chifres do carneiro representam os medos e persas. Os medos vieram primeiro, mas os persas tornaram-se os membros dominadores dessa união.

O bode é identificado no verso 21 como sendo o rei da Grécia. Com séculos de antecedência, a profecia identifica a Grécia como o império que subjugaria a Medo-Pérsia. O bode andava sem tocar no chão (ou seja, ele voava), demonstrando a velocidade das conquistas de Alexandre, o Grande.

Daniel 8:7: “Vi-o chegar perto do carneiro, e, enfurecido contra ele, o feriu e lhe quebrou os dois chifres, pois não havia força no carneiro para lhe resistir; e o bode o lançou por terra e o pisou aos pés, e não houve quem pudesse livrar o carneiro do poder dele.”

Daniel 8:8: “O bode se engrandeceu sobremaneira; e, na sua força, quebrou-se-lhe o grande chifre, e em seu lugar saíram quatro chifres notáveis, para os quatro ventos do céu.”

Essa descrição não deixa dúvida acerca da completa vitória de Alexandre sobre os medo-persas. A Pérsia foi totalmente esmagada.

Daniel 8:9: “De um dos chifres [deles] saiu um chifre pequeno e se tornou muito forte para o sul, para o oriente e para a terra gloriosa.”

“De um deles” – O texto original hebraico não diz “de um dos chifres”, como acontece em nossa versão em português. O original diz “de um deles”. Portanto, o chifre pequeno de Daniel 8 deveria surgir de um dos quatro ventos. Ou seja, deveria aparecer em um dos quatro pontos cardeais.

Num estudo superficial das Escrituras Sagradas alguns leitores cometem o equívoco de afirmar que o chifre pequeno de Daniel 8 seria o rei Antíoco Epifânio. Porém, Antíoco Epifânio não atende às especificações proféticas:

1) Chifres se referem a reinos, não a indivíduos.

2) Ele não “cresceu muito”, em comparação com o Império Medo-Persa e a Grécia.

3) Ele não destruiu o templo de Jerusalém.

4) Jesus Se referiu à abominação da desolação como algo futuro (Mt 24:15). Antíoco Epifânio morreu quase 200 anos antes de Cristo fazer essa declaração.

Roma pagã atende a todas as especificações:

1) Roma sucede a Grécia em Daniel 2 e 7. É lógico que Roma também devesse seguir à Grécia em Daniel 8.

2) Roma se levantou do oeste, encaixando-se assim na descrição de um poder vindo dos quatro ventos.

3) O Império Romano dominou o Oriente Médio, “para a terra gloriosa” (Dn 8:9).

4) Roma “engrandeceu-se até ao príncipe do exército” (Dn 8:11).

5) Roma tornou em ruínas o lugar do santuário, em 70 d.C., e encerrou permanentemente os sacrifícios que ali eram feitos.

Daniel 8:10: “Cresceu até atingir o exército dos céus; a alguns do exército e das estrelas lançou por terra e os pisou.”

O exército e as estrelas, quando usados num sentido simbólico concernente aos eventos que ocorrem na Terra, são referências ao povo de Deus e seus líderes. No verso 13, veremos como Roma esmagou tanto o santuário como o exército debaixo de seus pés. Muitos cristãos foram sacrificados sob o poder de Roma.

Daniel 8:11: “Sim, engrandeceu-se até ao príncipe do exército; dele tirou o sacrifício diário e o lugar do seu santuário foi deitado abaixo.”

Daniel 8:12: “O exército lhe foi entregue, com o sacrifício diário, por causa das transgressões; e deitou por terra a verdade; e o que fez prosperou.”

De acordo com a profecia, o sacrifício diário (contínuo) seria tirado. Satanás não conseguiu desfazer o plano da salvação através de Roma pagã pelo meio político (morte de Jesus, destruição do templo, perseguição, etc.). Procurou então outro meio: a religião. Introduzindo um sistema falso de adoração, procurou desviar a atenção do ser humano do verdadeiro e único Mediador (1Tm 2:5).

Esse contínuo Mediador é Jesus. A contínua intercessão de Jesus foi substituída pela intercessão sacerdotal do clero romano. Todas as qualificações e atribuições inerentes a Cristo, o papado passou a atribuir a si mesmo. O sistema de adoração e culto ao verdadeiro Deus através do “contínuo” (Jesus), o intercessor no santuário celestial, foi substituído por um sistema falso de adoração chamado “abominação assoladora” ou “transgressão assoladora”.

Roma pagã literalmente destruiu o templo, no ano 70 d.C., acabando para sempre com seus serviços religiosos. A profecia de Jesus de que não ficaria pedra sobre pedra (Mt 24:2) foi cumprida.

Daniel 8:13: “Depois, ouvi um santo que falava; e disse outro santo àquele que falava: Até quando durará a visão do sacrifício diário e da transgressão assoladora, visão na qual é entregue o santuário e o exército, a fim de serem pisados?”

Daniel 8:14: “Ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado.”

Daniel ouve dois anjos conversando. Um faz uma pergunta e o outro dá a resposta. A conversa foi registrada em benefício de toda a humanidade.

Até quando a verdade será lançada por terra? Até quando vai durar esse estado de abandono da verdade e imposição de um sistema falso de culto ao verdadeiro Deus?

A resposta do anjo estabelece uma data profética depois da qual esse estado de sacrilégio teria o seu fim. No fim de “duas mil e trezentas tardes e manhãs”, a verdade do evangelho jogada “por terra” por Roma eclesiástica, como enfatiza o versículo 12, seria restaurada e proclamada com toda força, como nos dias dos apóstolos. Sabendo que em linguagem profética um dia equivale a um ano (Ez 4:6; Nm14:34), temos então que após dois mil e trezentos anos o santuário seria purificado.

Naturalmente, Daniel entendia que o termo santuário se referia ao templo de Jerusalém, que havia estado em desolação desde a invasão de Nabucodonosor.

Santuário Terrestre

No santuário hebreu, as ovelhas eram sacrificadas no pátio, sobre o altar dos holocaustos. Cada dia os pecadores iam ao pátio para sacrificar animais. O sangue das vítimas era levado para o Lugar Santo, que é o primeiro compartimento do Santuário. Mas apenas uma vez ao ano o sumo sacerdote entrava no Lugar Santíssimo do Santuário, para realizar um cerimonial muito solene. Ele fazia isso no último dia do ano judaico, chamado Yom Kippur. Esse era um dia muito especial, o Dia da Expiação. O que acontecia no dia da purificação do santuário terrestre está relatado em Levítico 16:29-33. Esse era um dia de julgamento para o povo hebreu, o dia do juízo.

Como antigamente os pecados do povo eram transferidos simbolicamente para o santuário terrestre, mediante o sangue da oferta pelo pecado, assim nossos pecados foram, de fato, transferidos para o santuário celestial, mediante o sangue de Cristo. E como a purificação típica do santuário terrestre se efetuava mediante a remoção dos pecados pelos quais se poluíra, conseqüentemente a purificação do santuário celeste deve ser efetuada pela remoção (ou apagamento) dos pecados que ali estão registrados. Isso necessita um exame dos livros de registro para determinar quem, pelo arrependimento dos pecados e fé em Cristo, tem direito aos benefícios de Sua expiação.

Assim, assistido por anjos, nosso Sumo Sacerdote entra no Lugar Santíssimo e ali comparece à presença do Ancião de Dias, conforme descrito em Daniel 7:9-14, para realizar a obra do juízo investigativo, que deve ocorrer antes de Sua vinda para resgatar Seu povo.

Quando se encerrar a obra do juízo investigativo, o destino de todos terá sido decidido, ou para a vida ou para a morte eterna. O tempo de graça finaliza pouco antes do aparecimento do Senhor nas nuvens do Céu.

Santuário Celestial

O santuário terrestre não era um fim em si mesmo, mas um símbolo de algo muito maior. Ele foi construído de acordo com um tabernáculo maior (Hb 9:11, 12; Êx 25:8, 9; Hb 8:5; At 7:44). O tabernáculo terrestre foi construído de acordo com um modelo, sendo sombra do celestial. Os sacrifícios do Antigo Testamento eram tipos do sacrifício maior do novo concerto. Seus sacerdotes eram tipos do nosso Senhor, em Seu mais perfeito sacerdócio. Seu ministério era desempenhado para ser um exemplar e sombra do ministério do nosso Sumo Sacerdote no Céu. O santuário onde eles ministravam era uma imagem do verdadeiro santuário no Céu, onde o nosso Senhor desempenha Seu ministério.

Na ilha de Patmos, João recebeu uma visão por meio da qual lhe foi permitido olhar através dos portões do Céu. Ele viu sete lâmpadas de fogo ardendo diante do trono (Ap 4:5), um altar de incenso e o incensário de ouro (Ap 8:3), e a arca do concerto de Deus (Ap 11:19). Viu não apenas os móveis do santuário; viu o próprio templo.

O Céu pode ser purificado? Hebreus afirma: “Com efeito, quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento de sangue, não há remissão. Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que se acham nos céus se purificassem com tais sacrifícios, mas as próprias coisas celestiais, com sacrifícios a eles superiores” (Hb 9:22, 23).

Em conexão com as ações do “chifre pequeno”, temos o período de 2.300 anos que estipula o prazo para o início da restauração da verdade lançada por terra e a purificação do santuário celestial. Na visão do capítulo 7, Daniel presenciou o juízo a ser realizado lá no Céu, após o período de supremacia de Roma papal. No capítulo 8, é descrito o tempo exato em que esse juízo deveria ocorrer (após os 2.300 anos).

Daniel 8:15: “Havendo eu, Daniel, tido a visão, procurei entendê-la, e eis que se me apresentou diante uma como aparência de homem.”

Daniel 8:16: “E ouvi uma voz de homem de entre as margens do Ulai, a qual gritou e disse: Gabriel, dá a entender a este a visão.”

Daniel queria muito entender o real significado da visão e Deus respondeu sua oração ordenando ao anjo Gabriel que a explicasse para ele.

Daniel 8:17: “Veio, pois, para perto donde eu estava; ao chegar ele, fiquei amedrontado e prostrei-me com o rosto em terra; mas ele me disse: Entende, filho do homem, pois esta visão se refere ao tempo do fim.”

Daniel 8:18: “Falava ele comigo quando caí sem sentidos, rosto em terra; ele, porém, me tocou e me pôs em pé no lugar onde eu me achava;”

Daniel 8:19: “e disse: Eis que te farei saber o que há de acontecer no último tempo da ira, porque esta visão se refere ao tempo determinado do fim.”

Foi assegurado a Daniel que a visão era para o tempo do fim. As grandiosas verdades proféticas reveladas ao profeta apontavam para os últimos dias da Terra.

Daniel 8:20: “Aquele carneiro com dois chifres, que viste, são os reis da Média e da Pérsia;”

Daniel 8:21: “mas o bode peludo é o rei da Grécia; o chifre grande entre os olhos é o primeiro rei;”

Daniel 8:22: “o ter sido quebrado, levantando-se quatro em lugar dele, significa que quatro reinos se levantarão deste povo, mas não com força igual à que ele tinha.”

O cumprimento detalhado dessa profecia, escrita enquanto Babilônia ainda era um império florescente, sustenta a afirmação de que a Bíblia foi inspirada por Deus. O Império Medo-Persa e a Grécia constituem apenas a parte preliminar da profecia. Em sua parte principal, essa profecia nos guiará para entender a atuação nociva do poder político-religioso que sucedeu àqueles impérios. E foi exatamente o que aconteceu ao povo de Deus quando foi perseguido pela Roma eclesiástica, o poder que iria “destruir os santos do Altíssimo” (Dn 7:25).

Daniel 8:23: “Mas, no fim do seu reinado, quando os prevaricadores acabarem, levantar-se-á um rei de feroz catadura e especialista em intrigas.”

Daniel 8:24: “Grande é o seu poder, mas não por sua própria força; causará estupendas destruições, prosperará e fará o que lhe aprouver; destruirá os poderosos e o povo santo.”

Grande é o seu poder – “E deu-lhe o dragão o seu poder, o seu trono e grande autoridade” (Ap 13:2).

Daniel 8:25: “Por sua astúcia nos seus empreendimentos fará prosperar o engano, no seu coração se engrandecerá e destruirá a muitos que vivem despreocupadamente; levantar-se-á contra o Príncipe dos príncipes, mas será quebrado sem esforço de mãos humanas.”

Por sua “astúcia” em promover ardilosos “empreendimentos”, faria “prosperar o engano”. Esse poder religioso assim se caracteriza por ter lançado a “verdade por terra” (2Ts 2:9-12). A essência da sua doutrina é, pois, o engano. Cristo seria igualmente atingido pelo sacrilégio de Roma papal manifestado na pretensão de ser o Seu representante na Terra. A melhor tradução de anticristo significa “no lugar de Cristo”.

“Levantar-se-á contra o Príncipe dos príncipes” – Isso se cumpriu de duas maneiras distintas:

1) Sob o poder romano que o Príncipe dos príncipes foi condenado à morte e crucificado.

2) Por séculos, Roma eclesiástica suprimiu a verdade bíblica, substituiu o plano divino da salvação por um plano falso, e perseguiu os que recusaram submeter-se à sua autoridade.

“Será quebrado sem esforço de mãos humanas” – Essa referência indica que o poder do “chifre pequeno” será destruído pela volta de Jesus. A estátua de Daniel 2 foi destruída por uma pedra cortada “sem mão” (Dn 2:34). Essa Pedra “esmiuçará e consumirá” todos os poderes terrestres.

Falando do futuro do chifre pequeno, Daniel diz: “Mas, depois, se assentará o tribunal para lhe tirar o domínio, para o destruir e o consumir até ao fim” (Dn 7:26). Isso ocorrerá ao se encerrar o Dia da Expiação celestial, quando a Terra será tomada dos inimigos de Deus, e os mansos a herdarão (Mt 5:5).

Daniel 8:26: “A visão da tarde e da manhã, que foi dita, é verdadeira; tu, porém, preserva a visão, porque se refere a dias ainda mui distantes.”

Essa é mais uma referência à visão das 2.300 tardes e manhãs (Dn 8:14). O anjo explicou os símbolos da visão para Daniel, mas não disse nada acerca desse período de tempo. Tudo o que ele disse foi que ela apontava para um tempo no futuro distante.

Daniel 8:27: “Eu, Daniel, enfraqueci e estive enfermo alguns dias; então, me levantei e tratei dos negócios do rei. Espantava-me com a visão, e não havia quem a entendesse.”

Daniel teria que esperar por futuras instruções para entender a visão. No próximo capítulo, a data exata do início do julgamento no céu é revelada, assim como a restauração das verdades bíblicas por um povo descrito nas profecias.

2300 tardes e manhãs ou 1150 sacrifícios?

 

O objetivo deste estudo é mostrar a correta interpretação para os 2300 dias e não 1150. “A frase traduzida por ‘dias’ significa um período de 24 horas. A frase em hebraico é ereb boqer, que significa literalmente: ‘tarde-manhã’. Esse mesmo conjunto de palavras é usado 22 vezes no Antigo Testamento hebraico. Quando a intenção é indicar um período de 24 horas, sempre aparece ‘tarde-manhã’ e nunca ‘manhã-tarde’… A relação entre Daniel 8 e 9 revela que os 2300 dias são anos e indica o ponto de início do período. A visão de Daniel 9 foi dada em 538 a.C., 13 anos depois da visão de Daniel 8 (551 a.C.). Gabriel disse a Daniel que ‘setenta semanas’ (‘setenta setes’, em hebraico), seriam cortadas dos 2.300 dias. Esses ‘setenta setes’ devem se referir a 490 anos, porque eles devem chegar até o tempo do Messias. Como 490 anos não podem ser tirados de 2.300 dias literais, esses dias devem ser símbolos proféticos de 2.300 anos.” Lição nº 4 Esc. Sab., 3º trim/96 p. 5, 24/7/96 “A teoria de Antíoco não teve origem cristã. Foi um pagão e inimigo do cristianismo chamado Porfírio, conhecido pela alcunha de ‘Sofista’ (que morreu no ano 304 d.C.) o inventor da teoria. Ele a forjou com o intuito de desacreditar o livro de Daniel, e tentar provar que aquele livro foi escrito depois de terem ocorrido os fatos apontados pela profecia.” Lourenço Gonzales A grande profecia de Daniel 8:14, a maior da Bíblia, tem sido especulada da maneira mais psicodélica possível. Vamos conhecer a verdade bíblica. TARDE E MANHÃ 7 dias não são 14 tardes manhãs, como dizem uns de outra linha interpretativa, quando afirmam ser 1150 dias, levando o leitor, não atento, à aceitar a teoria epifanista. Bem, que a criação de todas as coisas se deu em seis dias, nenhum de nós, cristãos, duvidamos. Que Deus descansou no Sábado e que o dia é composto de uma tarde e uma manhã, também é irrecusável, mas… entender que sete tardes e sete manhãs, são quatorze tardes e manhãs é descuido matemático. Se uma tarde e uma manhã perfazem um dia de 24 horas, como ensina a Bíblia, sete tardes e sete manhãs são claríssimamente 7 dias. Como quatorze tardes e quatorze manhãs são 14 dias. Da mesma forma vinte e oito tardes e vinte e oito manhãs são 28 dias. E assim sucessivamente. Um exemplo simples pode ser encontrado no dilúvio, “Quarenta Dias e Quarenta noites” (Gn 7:4, 12; Ex 24:18; 1Rs 19:8; Mt 4:2). Levando em consideração que falamos em mesmos termos ou equivalências, quanto tempo refere-se 40 dias e noites? Acaso foram 20 os dias do dilúvio? Foram 40 dias ou 80 tardes e manhãs? Ora, é evidente que são 40 dias completos (ciclos de 24 horas), compostos de 40 tardes e 40 manhãs. Uma tarde e uma manhã não podem ser duas tardes e duas manhãs. Será sempre um dia. Assim sendo, 2300 tardes e manhãs são 2300 dias literais, completos ciclos de 24 horas. Como se tratam de tempo profético, são então 2300 anos, porque no estudo da profecia um dia equivale a um ano. A Bíblia estabelece o dia-ano como “padrão para tempo profético”. Ex: “Cada dia representa um ano… Quarenta dias te dei, cada dia por um ano.” Nm 14: 34. Ez 4: 6. Diante da contundência do argumento bíblico, buscam-se uma saída dizendo que “tarde e manhã” siginifica holocaustos. O Pastor Adventista Arnaldo Christianini, de grata memória, nos dá, a respeito a seguinte luz: “Nas ocorrências de ‘tarde e manhã’ no 1º capítulo de Gênesis ainda não havia sequer a idéia de holocaustos, os quais só aparecem posteriormente no código levítico, e nenhuma relação se pode estabelecer entre tarde e manhã e holocausto, e muito menos tentar designar ‘tarde e manhã’ como unidade separada de um todo. É contra a verdade, a exegese, a lógica, o bom senso e a razão. “Sempre que a Bíblia se refere a holocaustos de um dia, ela os indica em ordem inversa, isto é, em vez de ‘tarde e manhã’, diz ‘holocausto da manhã e da tarde’, sempre incluindo nescessariamente a palavra ‘holocausto’. Vem sempre em primeiro lugar o holocausto da manhã, que era o mais importante, contínuo, e em segundo lugar o holocausto da tarde. Ex 29:39; Lv 6:20; Nm 28:4; 2Cr 2:4; 31:3. Ed 3:3; 2Cr 13:11. “O holocausto da manhã, como se disse, era o principal, contínuo e sua regularidade era absoluta (Nm 28:23; Lv 9:17; Am 4:4). Portanto é precaríssimo o argumento de que ‘tardes e manhãs’ signifiquem holocaustos. Não tem a menor base, mesmo porque os holocaustos também se realizavam em horas intermediárias.” – Revista Adventista, 4/73, pág. 7. Tais argumentos por si só bastariam para os que sinceramente buscam a perfeição em Cristo, porém daremos a palavra ao poderoso Jeová: Dn 8:26 – “A visão da tarde e da manhã… se refere a dias ainda muito distantes.” Se o criador diz “dias”, quem terá a coragem de dizer “holocaustos”? Quem contestará o Senhor? Que não sejamos nós, amados. A última etapa deste estudo é o cumprimento desta profecia. Graças a Deus já sabemos que se trata de dias, e não holocaustos. Que são 2300 dias e não 1150. Agora, quando isto se cumprirá? Daniel 8:17 – “…porque a visão se realizará no Fim do Tempo.” Daniel 8: 19 – “…porque ela (a visão) se exercerá no determinado Tempo do Fim.” O livro de Daniel, como é sabido, estava “selado” desde o sexto século a.C. (Dn 12:9). E se está selado, está mesmo. Somente seria aberto no Tempo do Fim (Dn 12:4,9), e não pode haver dois tempos do fim, o dos selêucidas (Antíoco Epifânio) e o nosso (século XX). Na época de Antíoco, o livro de Daniel estava no pergaminho, e “selado”, pois que, nesta ocasião não lhe deram especial atenção nem a ciência havia sido multiplicada, como são as características exigidas em Dn 12:4 e que ocorreriam matematicamente no Tempo do Fim. Querido irmão, se a Bíblia afirma que o período profético dos 2300 anos teria cumprimento no Tempo do Fim, como pois se pode ensinar tenha-se cumprido no tempo dos selêucidas (168/165 a.C.), não é? (Deste período seriam tirados 490 anos, lembra-se? Como se pode tirar 490 anos de 2.300 dias?). Pior será tirar de 1150 dias! Se se tomar o ano judaico de 360 dias, sem admitir que tivesse havido a inserção do 13º mês (o Ve-Adar) que destinava a acertar o tempo das estações e aproximar-se do ano solar, então teremos, de fato, apenas 1105 dias. Mas nunca 1150 que ‘seriam’ exigidos pela profecia dos epifanistas. Por outro lado, se se admite a inserção do 13º mês (como se fazia, de quando em quando, obrigatoriamente, nos calendários lunares, e o judaico o era), então teremos, quem sabe, 1120 ou 1130 dias. Se se tomam os meses lunares que somam o ano de 354 dias, então dará menos ainda… nunca dará 1150 dias. Sempre ficarão faltando dias. Sempre. – Revista Adventista 3/73, A.B. Christianini.

Estas, pois, são apenas algumas razões bíblicas, claras e evidentes. Com sinceridade não duvido que o “Tempo do Fim”, ou o “Determinado Tempo do Fim”, começou no século passado, quando se deram o cumprimento dos grandes sinais precursores da volta de Jesus (Jl 2:30, 31; Is 13:10; Am 8:9; Mt 24:6-8, 11, 24, 29; Lc 21:9-11, 25, 26), corroborado com o grande avanço tecnológico e científico. Dn 12:4. Não é por conseguinte, mais razoável, lógico e correto, aceitar que o cumprimento dos 2300 anos tenha sido em 1844, quando de fato, tal data está dentro do contexto do final de todas as coisas? A ciência, os meios de comunicação e os próprios povos, indicam-nos que estamos vivendo os “Tempos do Fim”.